03

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Sophie Laurent.

Minha primeira aula tinha apenas acabado. É tão gratificante poder ensinar todas essas adoráveis garotinhas, eu poderia fazer isso pelo resto da minha vida e nunca me cansar, poder ensinar balé é uma dádiva para mim. Alguns pais já tinham vindo buscar suas filhas, mas a garotinha que mais me chamou atenção ainda estava esperando pelo pai. Kitty é uma criança extremamente adorável, puxou pelo Jonah. 

― Seus olhinhos são fofos. ― Kitty chama a minha atenção. ― Igual você.

― Você que é fofa, Kitty. ― Sorrio para a garotinha. ― Seus olhos claros são muito lindos também.

― São iguais ao do meu papai. ― A garotinha sorri. ― Você e ele são amigos?

― Já fomos, mas acabamos nos distanciando. ― Respondo. Já fomos quase namorados. ― Mas agora que eu voltei para Los Angeles, quem sabe eu e ele podemos nos aproximamos novamente, o tempo dirá.

― Por que se distanciaram? ― Ela pergunta novamente. Pelo que percebi, Kitty é muito curiosa.

― Você ainda é muito nova para entender, mas seu pai começou a namorar com a sua mãe, e bom, eu me mudei para outro estado. ― Respondo com um semblante triste. Se você soubesse o quanto eu amei seu pai...

― Minha mãe? Eu não tenho mamãe. ― Ela murmura e eu sinto meu coração partir. Um pontada de culpa me atinge, se eu soubesse, não teria tocado no assunto. ― Eu só tenho o papai, que é minha mãe também.

― Me... ― Quando eu ia me desculpar, vejo Jonah entrando na porta. ― Olha, seu pai chegou, princesa.

― Papai! ― Kitty dá um gritinho e vai até ele.

― Oi, meu amor. ― Jonah beija a testa dela. Ele parece ser um ótimo pai. ― Me conta como foi sua primeira aula, você gostou?

― Gostei, a professora é um amor. ― Kitty fala e eu solto uma risada nasalada. ― E é muito bonita, não acha, papai?

― Ela é extremamente linda. ― Jonah fala me encarando e eu sorrio envergonhada. ― Kitty deu muito trabalho?

― De todas as meninas, Kitty é a mais quietinha. ― Respondo encarando a menina. ― E também muito inteligente, aprendeu os primeiros passos rapidinho.

― Olha só, papai. ― A menina faz um dos passos que ensinei, mas acaba se desequilibrando. ― Ops, eu juro que aprendi.

― Em casa você me mostra tudo o que aprendeu. ― Ele fala para a filha. ― Agora acho melhor irmos, estamos tomando tempo demais da Sophie.

― Claro que não. ― Murmuro. ― Eu ainda tenho que arrumar a sala que está uma bagunça, não vou embora agora.

― Você quer ajuda? ― A garotinha pergunta e eu sorrio. Tão doce.

― Não precisa meu amor, pode aproveitar seu pai. ― Sorrio para ela. ― Você tem uma filha incrível, Jonah.

― Ela é o meu orgulho. ― Jonah sorri orgulhoso para a menina. ― Nós realmente precisamos ir, mas quinta ela está de volta.

― Vou estar esperando. ― Falo e me abaixo na altura da menina. ― Foi um prazer conhecer você, Kitty.

― Eu gostei de você. ― Ela beija minha bochecha. ― Até quinta.

― Até. ― Sorrio e encaro o homem próximo a mim. ― Tchau, Jonah.

― Até quinta, Sophie. ― Ele sorri e some na porta com Kitty.

Suspiro e volto a respirar direito. Não acredito que eu reencontrei Jonah depois de 5 anos, ainda com uma filha e aparentemente pai solteiro, esses anos realmente foram uma loucura. Saio dos meus pensamentos e organizo a sala, minhas alunas são muito adoráveis, mas também muito bagunceiras. Assim que termino tudo, tranco a sala e espero minhas melhores amigas, Maya e Elise. Elas também são professoras e dão aula na sala 02, enquanto eu fico na sala 01.

― Eu adoro tanto crianças.― Ouço a voz de Elise. ― Quero um bebê.

― Seria um bebê cuidando de outro bebê. ― Maya fala dessa vez e abre um sorriso assim que me vê. ― Hey, como foi sua primeira aula? A nossa foi perfeita, as crianças são muito fofas.

― O mesmo. ― Respondo e vamos em direção ao carro de Maya. ― Tenho uma novidade.

― Pois fale. ― Elise diz entrando no carro e eu faço o mesmo. ― Aconteceu alguma coisa?

― Vocês nem imaginam quem é pai de uma das minhas alunas. ― Falo e elas me olham curiosa. ― Jonah Marais, também conhecido como a pessoa que mais fui apaixonada em toda a minha vida.

― Meu deus, não acredito. ― Maya diz surpresa e dá partida para a nossa casa. ― Como assim pai?

― Pois é, fiquei tão surpresa quanto você. ― Falo pegando meu celular. ― E pelo que entendi, é pai solteiro.

― Ele não namorava com uma tal de Scarlett? Lembro que você tinha falado algo assim a um tempo atrás. ― Elise me olha.

― Sendo bem sincera, eu nem sei o que realmente aconteceu entre os dois depois que fui embora, mas creio que namoraram. ― Suspiro. ― Enfim, quando a filha dele me perguntou o porquê eu e Jonah nos distanciamos e eu citei a mãe dela, ela disse que não tinha mãe. Eu pude ver que ela ficou com o olhar bem triste ao dizer isso, senti meu coração despedaçar.

― Imagino como deve ser triste, ela é só uma criança. ― Maya me olha pelo retrovisor. ― Será que Scarlett abandonou a menina? Um monstro, meu deus.

― Eu realmente não faço ideia. ― Falo e desbloqueio meu celular. Vejo algumas notificações do instagram e paraliso ao ver uma em específico.

Jonah Marais começou a seguir você.

Jonah me seguiu no instagram. ― Falo abrindo o perfil dele. ― Meu deus...

― O que foi? ― Elise ergue o pescoço tentando ver também.

― Ele é famoso. ― Mumuro sem tirar os olhos da tela. ― Espera, a banda que ele tinha na escola está famosa.

― Não creio. ― Maya fala boquiaberta. ― Wow, eles realmente conseguiram fazer o sucesso que tanto queriam. Tem foto daquele Daniel aí? Eu tinha uma paixão secreta por ele.

― Deve ter. ― Falo e clico em uma das suas fotos. Como Jonah está lindo. ― Vou seguir de volta.

― Já era pra ter seguido, Laurent. ― Elise fala como se fosse óbvio e eu reviro os olhos. ― Chama ele.

― Não vou chamar... ― Digo e vejo uma mensagem dele aparecer na tela. ― Porque ele me chamou.

― Sophie, pelo visto o Jonah não te esqueceu também. ― Maya fala e eu solto uma risada.

― Até parece. ― Digo por fim e volto meu olhar para a tela.

A verdade é que todos esses anos, eu também não esqueci Jonah. Até hoje eu me arrependo profundamente de ter ido embora sem olhar na cara dele. Se eu pudesse voltar no tempo, garanto que as coisas seriam completamente diferentes, mas eu tinha 17 anos, eu era só uma adolescente imatura.

ballet teacher ⎯ Jonah Marais Donde viven las historias. Descúbrelo ahora