CAPÍTULO II, E O PRÊMIO VAI...

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Minha melhor amiga tinha encontrado Pedro e estava surtando.

Ela gritava freneticamente, mas a música abafava qualquer som que saia de sua boca.

Pedro estava atordoado escutando tudo e tentando se livrar do abraço de quem o agarrava quando Cat me avistou, no topo da escada, segurando o choro. Ela então parou de gritar e apenas levantou a mão para começar a estapear meu namorado que se fazia de desentendido. Eu tinha chegado a tempo de ver absolutamente tudo.

Meu namorado estava agarrado em outra mulher e estava também aparentemente muito alterado, enquanto Catarina tentava separar ambos na esperança de honrar, mesmo que minimamente, a minha dignidade. Mas sem muita força, acabo fazendo a primeira coisa que se passa pela minha cabeça e decido dar meia volta. Desci as escadas de dois em dois degraus para que pudesse chegar o mais rápido possível a porta de casa, mas o mar de pessoas na sala dificultava o processo de ir embora.

Todos estavam se divertindo, comendo, bebendo, dançando ou conversando alto, alheios a minha dor que agora era mais perceptível do que nunca, já que meus olhos ousaram me trair e soltavam solitárias gotas de um choro reprimido.

Eu fui traída.

Meu namoro de 9 meses, 27 dias e 23 horas havia chegado ao fim sem ao menos de fato ter um fim. Mas uma traição mudara o rumo completo dos meus sentimentos. Eu sentia raiva e angústia de uma forma tão forte que qualquer pessoa que me parasse naquele momento se arrependeria. Era uma dor sufocante e exclusivamente nova. Nunca tinha provado o gosto de uma quebra de confiança, amor e lealdade —um sentimento devastador.

Quando a pessoa puxou meu braço afim de me conter nas largas passadas da porta de casa até o jardim, minha raiva enfim aflorou. Qualquer um que me conhecesse minimamente saberia que eu não desejo conversar no momento.

— Lauren, para, por favor! Precisamos conversar.

O céu iluminava, junto com os postes de rua, as bonitas casas do condomínio. O ar faltava em meus pulmões mesmo que por mais ventilada a noite estivesse.

— Não quero conversar, por favor, me deixe sozinha.

O choro então veio. Eu soluçava na medida em que meus olhos ficavam inchados e tremia freneticamente, relembrando a cena de segundos antes. A pessoa então colocou-se a minha frente na intenção de me olhar e conter meus movimentos ligeiros e duros.

— Você sabe que estou aqui pra qualquer coisa. Por favor, você precisa falar o que está sentindo nesse momento.

Minha melhor amiga segurava meus ombros enquanto olhava nos meus olhos e buscava entender a reação que teríamos com o acontecimento. Seria raiva, tristeza ou apenas solidão?

— Cat, ele me traiu. Ele me traiu! Ele me traiu, Cat.— as frases saiam cortadas e mal pronunciadas, o choro era compulsivo e cada vez mais constante.

Catarina então não mediu esforços para me abraçar e posicionar minha cabeça em seu ombro esquerdo, afim de demonstrar sua total compreensão com a situação.

— Eu sei, eu vi tudo. Eu sinto muito, amiga. Você irá ficar bem, sério. tudo bem!— ela segurava minha cabeça de forma afetuosa e fazia carinho.

— Ele não podia fazer isso, Cat. Ele... ele não podia!

Do lado de fora da casa tudo parecia tão tranquilo. As paredes abafavam o som que saia de lá de dentro e por isso só dava pra perceber que estava acontecendo uma festa por conta das luzes coloridas que saiam das frestas das enormes janelas.
Eu não podia mais ficar aqui e ver tudo isso acontecendo, e também não conseguia mais imaginar a festa dando continuidade de forma tão natural.

Como Premiar o AmorWhere stories live. Discover now