Dramatic

144 12 23
                                    

Quase não peguei no sono durante a noite, estava inquieta. Acordei antes do despertador tocar, mas continuei deitada, tentando matar o pouco de tempo que me restava, olhando para o teto. Entretanto, era difícil conseguir ficar imóvel em uma única posição quando se estava desperta. Resolvi levantar e procurar pelo controle remoto da televisão, que ultimamente tinha se transformado no brinquedo preferido de Catcher, e acabei encontrando o danadinho embaixo da cama. Desci, peguei, e puxei as cobertas para subir na cama novamente e vi uma mancha escura no lençol.

- SOFIAAAAAAA! - gritei em desespero, rezando para que ela ainda estivesse em casa.

- O que aconteceu? - perguntaram Ari e Wendii juntas, trombando-se na minha porta. Minha irmã passou na frente e chegou mais perto, seguida pela amiga.

- Vai chamar a Sofia - pedi à Ari, agarrando seu braço para ter firmeza. Eu me sentia fraca e a sensação era de que a qualquer momento eu desmaiaria.

- Ela já foi trabalhar - disse minha irmã, preocupada, e então agarrou meus braços e me chacoalhou. - Fala, o que foi?

Apontei para a cama e esperei que ela entendesse sozinha, mas seus olhos não se fixaram nem um segundo na mancha de sangue fresco.

- Lau, isso é normal - disse rindo. - A mamãe nunca te explicou que quando uma garota vira mocinha...

- Não é hora para gozação - repreendeu Wendii, cortando minha irmã. Ela me enrolou no cobertor que estava ao pé da cama e me pegou no colo logo em seguida. - Pega a bolsa dela e um casaco - ordenou enquanto me carregava para fora do apartamento. Minha irmã não entendeu nada, mas fez o que Wendii lhe pediu e nos seguiu de perto. Eu me sentia tão fraca, que não conseguia nem erguer minha cabeça. O elevador estava demorando muito, então Wendii optou por descer os sete lances de escada comigo nos braços. Quando finalmente chegamos à garagem, ela me passou para minha irmã e pegou a bolsa e o casaco das mãos dela.

- Vá atrás com ela, eu dirijo - disse, dando a volta no carro e entrando no lado do motorista. Ari teve dificuldade para entrar comigo no carro, então me depositou no banco e entrou em seguida, me puxando para junto de seu peito. Encostei a cabeça em seu ombro e esperei que a tontura passasse.

Isso não podia estar acontecendo, eu não deixaria, eu tinha que ser forte. Chorei silenciosamente pelo meu filho. Eu não podia, eu não queria perdê-lo.

- Sofia - disse Wendii ao telefone -, prepara uma equipe de obstetrícia, estou levando Laura para a emergência. - Não consegui entender a resposta, mesmo que sua voz estivesse tão alta a ponto de eu podê-la ouvi-la. - Ela teve um sangramento - disse e esperou pela resposta. - Laura, você está sentindo alguma dor? - perguntou para mim, ainda com o telefone no ouvido, olhando pelo retrovisor. Neguei. - Estou indo o mais rápido que posso - voltou a falar com Sofia e encerrou a ligação.

Ari ficou tenta embaixo de mim assim que a palavra "obstetrícia" foi dita, e a essa altura, imaginei que ela já tivesse entendido do que se tratava a situação. Eu estava desconfortável, então me mexi, o que fez com que ela saísse do transe.

- Por que você não me contou? - Ela parecia chateada.

- Agora não, Ariana - disse Wendii com irritação.

Minha irmã ficou em silêncio, mas me apertou mais forte.

Chegamos ao hospital em tempo recorde. Dra. Lauren já me esperava na recepção com dois enfermeiros e Sofia, que veio correndo ao meu encontro e me tirou do carro nos braços, colocando-me numa cadeira de rodas. Entramos apressadas e percorremos alguns corredores. Quando viramos no que pensei ser o último deles, já que Sofia tinha desacelerado a corrida, demos de cara com Alondra, que estava com a cabeça abaixada lendo algo em uma ficha, e a levantou assim que ouviu a movimentação de algumas pessoas se aproximando.

The Girl With Red HairOnde histórias criam vida. Descubra agora