Part 1

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A claridade incomodava os olhos e ela odiava aquilo. Quando morava em sua própria casa poderia ficar com as cortinas fechadas o dia todo, contanto que quisesse. Franziu o cenho com o incômodo e, com um "argh" frustrado, subiu as cobertas para cobrir toda a cabeça.

Ficou assim por alguns segundos, até perceber que não conseguiria mais dormir. Um suspiro longo e profundo escapou de seus lábios. Ele já havia levantado e a deixado sozinha na cama, como fazia todos os dias. Mais um estava começando.

Após muito lutar contra a luz solar, seus olhos finalmente se acostumaram a ficar abertos. Se levantou, ainda meio anestesiada pelo sono, e foi se arrastando até o banheiro da suíte. Lá dentro, jogou muita água gelada no rosto, na esperança de que aquilo a faria acordar do sono e, no melhor dos casos, acordar daquele pesadelo chamado vida. Se olhou no espelho. As leves olheiras e o cabelo loiro desarrumado a deixaram deprimida. Não funcionou.

Desceu para o café com uma roupa casual. Apenas duas peças me moletom, ela não gostava de usar roupas estravagantes dentro de casa. Entretanto, suas roupas casuais "não estravagantes" deveriam ter o preço de um carro. Na mesa, o café já posto. Provavelmente pela mesma empregada que abriu as cortinas do quarto. Ou outra, ela não saberia dizer. Raramente via as empregadas. Nenhum sinal de Jaewon, felizmente.

Ela se sentou tranquilamente e comeu sem pressa. Qual era seu cronograma para o dia de hoje? Nada. Alguns diriam que ela tem a vida dos sonhos. Casada com um homem tão rico ao ponto de não precisar trabalhar para se sustentar. Ter uma empregada que a acorde e prepare o café. Morar em uma mansão desnecessariamente grande e luxuosa localizada no bairro nobre da capital. A vida dos sonhos de alguns. Mas para ela, vivendo naquela situação, estava mais para pesadelo.

- Ah! Bom dia, Dona Yongsun! - uma das incontáveis empregadas daquela casa entrou na sala, se assustando com a presença de sua patroa.
- Bom dia... - ela respondia sem muito entusiasmo e empregada provavelmente a agradeceria por não puxar muita conversa. Essa relação com os trabalhadores da casa não era muito confortável - Por favor, não me chame de dona... Eu odeio me sentir velha.

Ela bebia um gole de seu café forte, com nítido desânimo. A moça arregalou os olhos, encarando Yongsun com surpresa. Então assentiu, sem graça.

- C-certo, D-don... - ela mesma se impediu de falar a palavra proibida - Yongsun.. Unnie?
- Bem melhor. - terminou seu café da manhã e se levantou imediatamente da mesa - Sabe onde Jaewon foi?
- Provavelmente trabalhar? Ele saiu faz muito tempo, parecia apressado.

Yongsun riu e olhou para o próprio celular. 10:24.

- Quando ele não está, não é... Hee... Ji?
- Hyejin. Ahn Hyejin.
- Foi o que eu disse. - ela sorriu para a moça, que retribuiu timidamente.

Voltou ao quarto e se sentou na borda da cama. Suspirou fundo mais uma vez.

- O que vou fazer hoje...?

Todos os seus dias eram iguais, mas de jeitos diferentes. Ela estava oficialmente casada há 1 mês e 12 dias e não conseguia se acostumar com a nova rotina de jeito nenhum. Desde que se mudou para a mansão, todos os dias se basearam em ficar por conta própria e encontrar alguma atividade que a entretesse. Seu casamento não era nada natural, eles sequer se beijavam ou passavam qualquer tempo juntos. Trocavam apenas algumas palavras pouco antes de dormir, Jaewon ficava fora o dia todo. Provavelmente trabalhando, se divertindo e a traindo. Ela não se importava muito pois, em troca, ganhava liberdade para fazer o que quisesse também. Esse era o acordo.

Jaewon era o atual CEO da empresa do pai e muito, muito rico. Yongsun era filha do melhor amigo de seu sogro. Sua família não era milionária como a do marido, mas sempre viveu muito bem. Os pais estavam certos de que o melhor a se fazer seria manter a amizade firme, casando os dois filhos. E tomaram essa decisão sem se importar com a opinião noivos, é claro. Yongsun aceitou para não decepcionar o pai, mesmo deixando claro que desaprovava ideia. Jaewon parecia não ligar. Os pais garantiam que, com o tempo, os dois se apaixonariam perdidamente. Tão ingênuos...

Don't Call Me *****! | wheesunWhere stories live. Discover now