The Adults Are Talking

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The Adults Are Talking - The Strokes

Don't go there 'cause you'll never return

I know you think of me when you think of her

But then it don't make sense when you're tryin' hard

To do the right thing but without recompense

And then you did something wrong and you said it was great

And now you don't know how you could ever complain

Because you're all confused 'cause you want me to

But then you want me to do it the same as you

You were waitin' for the elevator

You were sayin' all the words I'm dreaming

No more askin' questions or excuses

Information is here

Here and everywhere

O único aspecto injusto da verdade é que ela já existe no mundo antes de sair das nossas bocas.

Juliana não podia dizer que estava surpresa com a revelação de Valentina em si. Soube disso no instante em que ouviu a frase "Eu acho que me apaixonei por você". No fundo, era como se aquelas palavras, ordenadas exatamente daquela maneira, estivessem sempre à espreita em cada esquina. Toda rua em que a declaração não vinha era apenas uma insignificante procrastinação do inevitável.

Por trás do silêncio velado sobre o que sentiam, ambas sabiam — e sempre souberam — que cada risada leve e promessa de diversão descompromissada só existiu como um passo tímido em direção àquele momento. Nunca houve outra alternativa que não fosse o destino.

Não havia choque nos olhos castanhos, que piscavam com uma tranquilidade aterradora. O restante do corpo de Juliana, contudo, estava paralisado pela passividade da incerteza. Se passou quatro longos meses fugindo da obviedade que pairava no ar, era porque se conhecia o suficiente para saber que não seria capaz de lidar com aquilo.

Sua relutância em se atirar de cabeça naquele mar revolto de águas escurecidas tinha, é claro, um pouco a ver com o temperamento de Valentina — que, assim como as correntes marítimas dos oceanos, se transformava de acordo com a influência das fases da lua — mas, sobretudo, muito a ver consigo mesma.

À despeito das promessas otimistas de boa parte das músicas que adorava, o amor romântico nunca foi gentil com ela. Sabia que a paixão não tinha o hábito de pedir licença a ninguém, mas, para ela, a experiência sempre era particularmente destrutiva. Relacionamentos não são fáceis — já que o romance, como todos os encantos do mundo, é selvagem por natureza — mas não entendia como os dela conseguiam ser tão difíceis.

Sua situação com Valentina parecia uma mera repetição de padrões. Quantas vezes abraçou o improvável, na expectativa de que, daquela vez, e apenas daquela vez, o final de uma história já escrita pudesse ser diferente? Em quantos naufrágios tocou violino, na expectativa de que a iminente água congelante não lhe obstruísse os pulmões? Amava o amor, adorava Valentina e ansiava a viagem, mas estava cansada do inevitável momento em que não conseguiria mais respirar. Talvez alguns a chamassem de pessimista, mas a grande verdade era que andava apenas exausta de ter fé.

Valentina, aquela onda imprevisível que invadia sua praia ora como destruição tempestuosa, ora como uma saudação simpática de uma tarde de verão, era mais do que poderia aguentar naquele momento. Por mais que quisesse o mergulho, seus braços não tinham mais força para nadar.

Time to Pretend [Juliantina AU]Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ