... while I'm pushing you away

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Shouto segurou o celular com as mãos trêmulas, encarando a tela, que piscava vez ou outra. Nomes apareciam, mensagens brotavam, mas nada, absolutamente nada, da única pessoa que ele desejava que aparecesse. Sabia, no entanto, que a concretização desse desejo não era muito realista.

O bicolor também sabia que ligar seria uma péssima ideia, embora o tivesse feito na noite passada, depois de ter contrabandeado uma garrafa de vodka para seu quarto e acabado com ela. Ele disse várias coisas que nem conseguia se lembrar, estava entorpecido demais quando o fez para que pudesse recordar-se de qualquer coisa.

Tinha plena consciência de que suas palavras seriam desperdiçadas, como sempre eram, mas não lhe restava muita dignidade e amor próprio, então era tudo que podia fazer, rastejando de volta pateticamente, em todas as vezes. Ele bem que merecia.

Tinha escolhido esperar por algo que jamais aconteceria. Ele — Bakugou Katsuki — jamais iria ligar ou mandar uma mensagem.

E Shouto ansiava. Queria que o garoto desse por sua falta, que reconhecesse sua existência e viesse atrás dele, para lhe dizer que tudo ficaria bem e que o aceitaria de volta.

Não aconteceria dessa vez, não importava o quão forte desejasse, mentalizasse o que queria com os olhos apertados, a tal lei da atração era apenas uma besteira qualquer inventada pelas pessoas e nunca, jamais havia funcionado em seu favor.

Mesmo assim, os dedos inquietos pairavam sobre o contato em questão, quase pressionando-o. Irritado, Shouto jogou o celular na cama, desejando que ele quicasse até a borda e se espatifasse no chão, partindo a tela de modo irreparável, mas isso também não aconteceu.

Nenhum de seus desejos nunca se tornavam realidade.

Ele então se levantou abruptamente, esfregou o rosto com força e caminhou até o próprio armário com passos firmes. Esperava que a pessoa abaixo de seu dormitório ao menos tivesse o sono pesado o suficiente para não acordar com sua movimentação.

Enquanto revirava suas roupas, o bicolor grunhiu alto em frustração ao encontrar um moletom preto que pertencia ao dito cujo. Mesmo assim ele puxou a peça de roupa para perto de si, tomando um momento para abraçá-la como o completo idiota que ele era, ainda sentindo o perfume do loiro no tecido.

Ele pretendia ter devolvido aquela droga logo, mas o tempo foi passando e ele continuava esquecendo — além do que, jamais iria admitir que gostava de usá-lo para dormir, quase todas as noites. Seria humilhação demais dizer isso em voz alta.

Shouto sabia que só estava nessa situação por sua culpa, ele mesmo havia dito para Bakugou que queria terminar o que eles tinham, porque estava confuso e mais um monte de desculpas imbecis que agora lhe pareciam absurdas.

Ele odiava o fato de que, na maior parte do tempo, não conseguia controlar os impulsos destrutivos que tinha e sentia uma necessidade absurda de sabotar suas relações com as pessoas, quando tudo estava relativamente tranquilo — insuportável, algo dentro de si parecia dizer, cutucando-o insistentemente para que acabasse com tudo ao seu redor.

Ele não sabia por que motivo agia da forma como agia, mas sempre se via condenado a recolher sozinho os cacos de algo que ele próprio havia estilhaçado, depois de um desses surtos.

Frustrado consigo, ele jogou o moletom dentro de seu armário novamente, com raiva, e pegou um outro que lhe pertencia, vestindo-o, antes de bater com força a porta do roupeiro e sair, sem nem pegar seu celular.

Não sabia exatamente o que estava fazendo, sentia o sangue pulsando em suas veias, o coração batendo forte e ainda estava tremendo. Um pouco disso era o estado completamente desregulado de sua individualidade, odiava o fato de que isso acontecia com tanta frequência, principalmente quando suas emoções estavam espalhadas por todos os lugares.

I'll pull you closer into me - bnha | tdbkOnde histórias criam vida. Descubra agora