Tom Degradê

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Os amantes amavam-se, carinhos tênues.
Mas esses amores que vendem livros
São acariciados por venenos e punhais
O tal do tom degradê
Manchando o vermelho músculo pulsante de um tom tinto rubro

Depois de uma noite inteira de amor
O amor ainda lhe era asas.
Cantavam as cotovias na luz fina da manhã
Prenunciando a despedida
O sol nasceu.

- Já vais partir? Não confundas o canto do rouxinol com o da cotovia.
- Esse canto de agouro não vem de rouxinol algum, parto por já ser dia.

Partir não queria, via-se ainda preso nos olhos de Julieta, na preguiça que eles lhe causavam
O envolver de seus braços de marfim polido
E via-se preso na vontade de conter o porvir

- Romeu, Não vê que nasceu o sol, é dia, foge!Depressa meu amor, a noite se abrevia.
- Esta aurora? Clara luz apavorante... Não duvides; todas estas dores serão em breve, longínqua fantasia.

Não sabiam que aquele desejo condensado de ficarem por ali, um nos braços do outro
Era a pronúncia farpada da palavra "fim"
O que seriam dos atmantes se compreendessem tal sentimento?
Romeu romperá as cortinas da janela,
Despediu-se de Julieta, prometendo à sua amada a serenidade do amor eterno
Que Deus, generosamente tratou de cumprir

Thalles Nathan

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