Eu encontrei um pai

5.7K 525 466
                                    

Alexandria, Abril, 2016.

JANE POV

— Daryl? — Eu chamo assim que bato na porta de sua casa em Alexandria.

Espero alguns minutos e nem sinal do Dixon. Provavelmente está caçando ou fazendo alguma outra coisa com o resto do pessoal.

Decido ir até o departamento de alimentos, já que fiquei cerca de três dias com Negan e não cumpri nenhuma de minhas tarefas aqui. Meu tio não sabe que vim e provavelmente virá  atrás de mim caso eu não volte para lá — o que é exatamente o que pretendo fazer—. Dou de cara com Shane quando me viro para andar até o departamento e ele me olha com o cenho franzido.

— Oi? — Eu arqueio uma sobrancelha.

Ele pisca um pouco, ajeita sua postura e seu rosto fica um pouco mais sereno. — O que faz aqui?

Eu desço os degraus da frente da casa do Dixon e fico mais perto dele. —Eu moro aqui.

Shane passa a mão no rosto e volta a me olhar. — Pensei que não voltaria mais.

— É bom ter meu tio vivo e vou visita-lo várias vezes, com certeza, mas tenho família aqui.

Meu pai tosse um pouco desconfortável. —Obrigado, eu acho.

Eu rio e mordo o interior da boca. — Me refiro à outras pessoas. —Decido não prolongar o assunto e volto a caminhar, o ignorando.

—Como assim outras pessoas? — Ele fala fazendo parar e voltar a olha-lo. —Eu... eu sou seu pai. — Ele quase faz uma careta quando fala isso e eu cruzo os braços o encarando com ironia.

— Como é? — Eu rio um pouco.

— Você sabe disso. Só tem fingido que não.

Respiro fundo pensando um pouco e ele cruza os braços, assim como eu. — Eu procurei por um pai a vida toda. Eu não tinha muita ideia de como ele seria e minhas memórias sempre foram como um borrão, tendo apenas alguns flashes. — Eu descruzo os braços e passo a mão no cabelo um pouco nervosa. — Eu sabia que você era um policial. Foi por isso que fiz um pequeno curso quando era mais nova e me aprimorei com pessoas que conheci depois que o apocalipse começou. Eu pensava que fazer as coisas que você fazia iriam me aproximar de você ou coisa do tipo. — Desvio o olhar quando começo a ficar intimidada com a expressão dele e encaro o chão.

— Eu pensava que te encontraria e que atiraríamos juntos, — Sinto meus olhos começarem a queimar com lágrimas se formando e rio sem humor. — que brincaríamos juntos, riríamos juntos, que você me protegeria e — Eu o encaro de novo e enxugo as lágrimas que caem. — que ao menos você fosse gostar de mim.

Shane engole a seco e eu enxugo o resto das lágrimas com raiva, me forçando a parar de chorar.

— Em vez disso, — Eu rio o encarando sarcástica. — Você fala comigo quando é obrigado, me odeia e me deixou pra morrer comida por walkers. — Respiro fundo. — E eu acho que o mais perto de atirar com você que eu chegaria seria se você me desse um tiro na cara. — Sorrio irônica tentando não voltar a chorar.

— Eu não sou muito carinhoso. Não lido muito bem com esse tipo de coisa.

— Eu vejo o quão "não-carinhoso" você é com Judith. — Comprimo os lábios. — Até mesmo com Carl.

— Eu só-

— Você só não gosta de mim e não quer estar por perto, Shane, não precisa negar. Eu já aceitei isso, não se preocupe.

Ele abaixa a cabeça. — De qualquer forma, obrigado por ser me ajudado naquela noite. Negan me mataria sem pensar.

Eu apenas aceno com a cabeça.

𝙋𝘼𝙉𝘿𝙀𝙈𝙄𝘾 // 𝘾𝙖𝙧𝙡 𝙂𝙧𝙞𝙢𝙚𝙨Onde as histórias ganham vida. Descobre agora