Capítulo 2

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Já estava escurecendo quando estacionaram ao lado de um barzinho de esquina com aspecto agradável, um ambiente para amigos jogarem conversa fora e encherem a cara. Desceram da moto e Diego guiou Juliana para dentro do estabelecimento, com a mão sobre suas omoplatas, podia sentir a respiração dela ofegante. Por que estava tão nervosa?

Escolheram uma mesa próxima da janela que tinha vista para a rua, as luzes internas eram fluorescentes, cadeiras de madeira marrom escura se espalhavam ao redor, alguma ocupadas por jovens animados, dividindo porções e garrafas de bebida. Um garçom se aproximou e Diego sorriu ao reconhecê-lo.

-E aí Tiago, como você tá, mano? -Diego se levantou para dar um aperto na mão do rapaz de pele branca e o braço direito coberto por tatuagens.

-Quanto tempo que você não vem aqui, cara. -Tiago o abraçou com o mesmo ânimo, dando tapinhas nas costas de Diego.

-Tô na maior correria, trampando dia e noite.

-Você ainda tá lá no Bigode?

-Sim... -A resposta do motoboy não foi muito animada e o garçom fez uma careta.

-Aquele véio é um folgado, mó explorador. Você devia vim pra cá, o dono aumentou a comissão.

-É, vou ver isso aí. -Diego não queria tocar naquele assunto, não era como se tivesse muitas opções de emprego, pelo menos o bar do Bigode era perto da casa dele e podia economizar combustível indo a pé. -Ah, já ia esquecendo, essa é a Juliana, uma amiga.

-E aí, Ju, amiga do Diegão, -O garçom esboçou um sorriso de orelha a orelha para Diego e lhes ofereceu um cardápio. -se precisar de alguma coisa é só chamar. Eu tô indo lá, mano, bom te ver.

Diego voltou a se sentar e apoiou os cotovelos sobre a mesa, encarando Juliana com uma expressão animada, a jovem mordia o lábio inferior enquanto decidia o que ia querer beber.

-Vocês se conhecem há muito tempo? -Ela perguntou de repente.

-Estudamos juntos até a quinta série, -O peito de Diego chacoalhou com um riso contido, se lembrando dos velhos tempos. -o Tiago era uma peste, colava de todo mundo!

-Quantos anos você tem, Diego?

Ele a encarou com os olhos semicerrados e se ajeitou na cadeira, um sorriso brincalhão dançando em seu rosto.

-Eu sou velho já...

-Ah, fala sério, -Juliana empurrou o cardápio para o lado. -essa barba rala aí não engana ninguém.

-A minha o quê... -Diego soou ofendido, mas ainda sorria. -Eu te levo pra tomar uma cerveja de graça e você ainda ofende a minha barba?

-Cê não quer falar quantos anos tem. Eu só tô fazendo suposições.

-Vinte e cinco, tá bom. -Ele disparou irritado e chamou uma garçonete, pedindo um litrão gelado.

-Hm... Não é tão velho assim. -Ela ponderou, prendendo os cachos num coque novamente. -Achava que você tinha uns vinte, mas pensando bem, você foi maduro lá no portão de casa, então faz sentido ter um pouco mais.

-Sobre isso, -Ele aproximou a cadeira da mesa, tomando cuidado para que ninguém os escutasse, sabia que Juliana não queria que o assunto se espalhasse por aí. -você já tentou conversar com a sua mãe sobre o que está sofrendo?

-Mesmo se eu tentasse, não adiantaria. Ela não quer mais saber de mim, Diego. Agora eu estou por conta própria. Devo cuidar de mim mesma.

-Você não devia ter que aguentar toda essa barra sozinha. Não tem que passar por isso.

JulianaWhere stories live. Discover now