Vigésimo quinto capítulo

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Fui ao mercado assim que Lavínia chegou, não queria deixar Silvana só, temia ela passar mal e o escroto voltar. Felizmente nada disso aconteceu.

Quando cheguei em casa já fui logo guardar as milhares de frutas e verduras que havia comprado, havia pesquisado rapidamente na net , descobri um bocado que tinha ácido fólico que era essencial para o bebê, também comprei as vitaminas de Silvana. E confesso, encomendei alguns livros sobre gravidez, nem me digam, já sei amigas, estou fodidamente envolvida, pelo menos com a gravidez.

Lavínia vem até a cozinha e fica abismada com tanto verde, digo a ela que logo o almoço estaria pronto. Faz cara de nojo e pega um pacote de bolacha e sai correndo pela porta. Faria um espaguete ao pesto de manjericão e legumes, já planejava fazer uma planilha para todas as próximas refeições. Foi no meio do cozimento do macarrão que a teimosa se levantou.

Ela usava um pijaminha bem sexy que deixou meu sexo pulsando, grande novidade, mas mantive a postura e a fiz pelo menos se sentar à mesa e continuei cozinhado sob a supervisão dela. Foi quando quebrou o silêncio:

- Flower precisamos conversar.

Mexi a massa mais uma vez, que receita complicada, mas valeria a pena. E me sentei em frente a ela, a observei de perto, sua aparência estava melhor, já tinha uma corzinha, os cabelos estavam presos em um rabo de cavalo, mostrando bem aquele rosto que tanto amava. Foi inevitável meus olhos irem até a boca vermelha, cheguei a lamber os meus , que saudades da porra! Quando volto a olha-la percebo o desejo saltando dos seus olhos. Ai merda o negócio iria ser difícil, mas não cairia na tentação de fazer qualquer coisa, se não tivesse a certeza que poderíamos retomar nosso relacionamento. Então pergunto para quebrar o clima:

- o que você quer falar?

Silvana balança a cabeça como se quisesse espantar os pensamentos e fala séria:

- sobre você gastando dinheiro conosco, não está certo.

- nossa Sil - soltei seu apelido sem querer e pude notar a emoção nos olhos dela, mas continuei como se nada - pensei que era algo sério.

- mas é Flower, você está desempregada, não pode ficar gastando seu dinheiro assim. Olha amanhã mesmo vou ligar para empresa e pedir para alguém vir pegar meu atestado, pelo menos posso receber o auxílio doença, já que meu estado requer cuidados. E também tenho economias.

Me levantei e abaixei o fogo do massa, depois me sentei novamente mais próximo dela, segurei sua mão e falei séria:

- não estou desempregada.

Ela arregala os olhos e faz a pergunta silenciosa, hesito um instante mas tenho que contar:

- a Camila - ela imediatamente retira a mão da minha e desvia olhar , apenas suspirei e continuei - ela me arranjou uns trampos freelance e estou com um novo projeto que vai me pagar bem. Minha proposta e a seguinte...

Aguardo ela me encarar novamente, ela relutou mas fez, começo a brincar com seus dedos e digo:

- quero ficar aqui esse mês com você te ajudando, já que não pode fazer nenhume esforço, por enquanto posso trabalhar de casa e quero te ajudar financeiramente, tenho bastante para nós Sil.

Ela não fala nada, mas percebo que está considerando, meus dedos inquietos começam a subir pelo seu antebraço, nos arrepiando, continua seu caminho pelo braço, chega no ombro e logo abarco seu rosto. Ela inclina a cabeça procurando meu carinho, cheguei mais perto e digo baixinho:

- aceita por favor, sei que a situação está difícil e que você não quer nada daquele imbecil, o que estou totalmente de acordo. Por favor deixa eu te ajudar.

Minha outra mão acarinha sua barriga e logo a de Silvana entrelaça nossos dedos ali.

- tudo bem amor.

Não discuto o vocativo, dou um grande sorriso, beijo sua testa castamente e vou acabar de cozinhar.

Trabalhava no meu notebook e de vez quando observava Silvana ressonar no sofá e Lavínia jogando. E um daqueles típicos dias de domingo que se passa em família depois do almoço, isso me fazia sentir completa.  Então me celular toca, saio de perto para não acordar Silvana, no visor o nome dela. Sinceramente tinha me esquecido completamente de Camila e nosso beijo, atendo:

- oi.

- oi...será que podemos conversar?

Olho novamente para sala, Silvana havia aberto os olhos e me encarava carinhosa, Lavínia xingava baixinho alguma fase perdida. Tudo o que queria era continuar ali com minhas meninas, mas tinha que resolver aquela situação. Poderia ainda não estar pronta para retomar meu relacionamento com Silvana, mas não queria ficar cozinhado Camila, gostava demais dela. Então respondo:

- tudo bem, onde?

- me encontra no local que tomávamos café.

- te vejo em meia hora.

Peguei a chave da moto e o capacete, Silvana me olha questionadora, mas apenas digo:

- vou dar uma saidinha, qualquer coisa estou no cel.

Lavínia também me olha curiosa mas não diz nada, percebo pelo semblante entristecido de Silvana que ela sabe quem vou encontrar. Beijo Lavínia e me inclino para beijar Silvana , digo baixinho no seu ouvido:

- não se estressa por favor, quando voltar a gente conversa.

Ela aquiesce e saio para terminar algo que nem começara.

Já aguardava Camila na mesa, quando ela entra olhando ao redor me procurando, aceno e ela vem a meu encontro. Esta bonita, com um vestido verde água que combina com os olhos. Ela me cumprimenta com um beijinho no rosto e senta à minha frente. Nos encaramos por alguns instantes, até que ela diz:

- você voltou para ela.

Não foi uma pergunta, mas ainda assim respondo:

- não, estou apenas dando uma força a uma amiga.

Camila sorri sem humor e diz seca:

- não sei porque você mente para si mesma.

Antes que possa rebater, uma garçonete se aproxima e pergunta sobre nossos pedidos, peço um café preto e Camila uma cappuccino. Vejo que ela se desarma assim que a garçonete sai, estica a mão e segura a minha:

- desculpa, sei que acabei me metendo nessa história que claramente não acabou.

- Camila...

- deixa eu falar Flor - assinto e ela toma um folego - sei que nunca tive chance, você a ama e estou apaixonada por você.

Puta merda, sabia que ela tinha interesse em mim, mas não sabia a dimensão disso, vejo os olhos dela encherem-se de lágrimas, a puxo para sentar ao me lado e a abraço, digo só para ela ouvir:

- desculpa ter alimentado isso Ca, deveria ter deixado mais claro que não estava pronta, estou me sentindo mal por ter te magoado.

Seco suas lágrimas e beijo docemente sua bochecha:

- tudo bem Flor, ninguém manda no coração, a verdade e que desde que te vi apanhando daquele idiota, você me chamou atenção, depois te conheci foi inevitável me apaixonar por esse mistério que é Flower Maria.

Fomos interrompidas com a chegada dos cafés, me separei dela e Camila completa:

- mas quero sua felicidade Flor, e se ela for a Silvana , tenho que aceitar.

- não sei se voltaremos Camila, mas saiba que teria me apaixonada facilmente por esse sorriso meigo.

Ela funga mais um pouquinho e depois tomamos nossos cafés em silencio. Como disse seria muito mais razoavel me apaixonar por Camila, mas quem disse que o coração sabe lá o que e razão.

Abstrato, baby por Sam KingTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang