- Mais força nesse braço, Bordok! - dizia Orakh, enquanto assistia seu pequeno filho levantando uma picareta quase do seu próprio tamanho e batendo-a contra uma rocha.
- Desse jeito você só vai terminar de minerar essa pedra quando tiver a minha idade! - continuou Orakh, mas seus olhos contrariavam suas palavras.
Ele era na verdade um pai muito orgulhoso e protetor, assistir Bordok crescer e completar seus primeiros anos de idade foi a maior felicidade de sua vida, quando não estava com sua família ou trabalhando na mina de ferro local ele certamente poderia ser encontrado na taverna, bebendo e se gabando sobre a força do seu único filho.
Mas logo uma orc feminina apareceu ao lado de Orakh e interrompeu o treinamento - Já chega, Bordok trabalhou demais e precisa comer alguma coisa - disse a mãe do garoto, Borkak, enquanto lançava um olhar descontente para Orakh.
Quando viu que sua mãe havia o chamado, Bordok largou sua picareta e foi correndo em sua direção - Mamãe! Você viu o quanto eu consegui destruir daquela rocha? Logo eu vou poder trabalhar igual o papai! - disse o menino enquanto mostrava e flexionava o pequeno músculo do seu braço.
Assistindo seu filho tão animado e com um sorriso que mostrava todos os seus pequenos dentes, Borkak não podia evitar responder - Claro que eu vi, minha pepita de ouro, igual o seu pai? Humph, você vai ser no mínimo duas vezes mais forte!
Orakh deu um sorriso desconsertado e disse - Mas pra isso você vai ter que treinar duro todos os dias!
Bordok estava com olhos que pareciam brilhar mais que o próprio sol e logo aproximou seus pais com um único abraço - Eu vou! Todos os dias!
Depois do trio caminhar por alguns minutos por uma estrada de terra, eles logo avistaram uma pequena aldeia com algumas poucas casas feitas de madeira.
Aquela era a aldeia orc que Bordok e seus pais moravam, haviam outras 15 famílias que também moravam ali.
A principal fonte de renda do lugar era a mina de ferro que ficava a 500 metros dali, onde a maioria dos homens acima dos 14 anos trabalhavam. O minério era coletado e entregue nas mãos do único ferreiro da aldeia, o orc Gordt.
Gordt era o responsável por transformar aquele material em espadas e outros tipos de armas que mais tarde seriam vendidas para comerciantes que eventualmente passaria por ali e outros lugares vizinhos.
Suas habilidades como ferreiro estavam longe de serem boas, mas para as pessoas que viviam nessas regiões tão afastadas e de pouca informação, eram aceitáveis. Todo o dinheiro recebido seria mais tarde divido entre os moradores igualmente e usado na manutenção da aldeia.
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Enquanto Bordok e seus pais caminhavam, vários rostos familiares apareciam em seu caminho e os cumprimentavam.
- Kyahkyah. pequeno Bordok, como foi o treino hoje? Já ta pronto pra trabalhar na mina? - disse o velho orc Gordt.
- Foi muito bom, tio Gordt, logo eu vou estar preparado para pisar na mina. Kyahkyah!
- Bordok! Você cresceu tanto nesses últimos tempos! Aposto que você e minha filha formariam um belo casal - insinuou uma amiga de sua mãe enquanto apertava as bochechas do jovem orc.
- T...tia! U..um orc deve primeiro se concentrar no trabalho, e só depois pensar nesse tipo de coisa! - disse Bordok enquanto suas bochechas, originalmente verdes, aos poucos ficavam vermelhas.
Depois de finalmente chegarem em casa, Borkak se dirigiu para a cozinha e logo começou a desossar alguns pequenos animais que ela havia caçado algumas horas atrás, Orakh foi guardar a picareta usada no treino de hoje e Bordok sentou-se a mesa esperando a comida ficar pronta
Mas antes mesmo do fogo ser aceso, gritos de horror e um correria tomaram o lugar da paz e tranquilidade que existia naquela aldeia orc.
- Invasoores! Todos que puderem lutar, venham pra fora agora!
- Invasoooores!
Orakh rapidamente correu pela casa e tirou duas velhas espadas de ferro que ficavam escondidas em baixo da cama do casal, havia bastante feno e alguns pedaços de madeira por ali, o que tornava o lugar um bom esconderijo.
Logo ele alcançou a cozinha e jogou uma das espadas nas mãos de Borkak.
O orc então olhou pro seu pequeno filho e disse com alguma pressa - Bordok, se esconda em baixo de nossa cama e não saia até nós voltarmos! Entendeu?
Borkak pegou a espada no ar e também falou algumas palavras para confortar seu filho - Minha pepita de ouro, se esconda bem e só saia quando a gente voltar! A mamãe não vai demorar!
- S..s..sim, n..não se preocupem...
Foi só depois de ouvir a confirmação de Bordok que seus pais saíram de casa com mais tranquilidade.
Mas Bordok tinha outros planos, ele queria ver em primeira mão o poder de seus pais e assistir esses malditos invasores serem chutados pra fora dali.
Com muito cuidado, o jovem se aproximou de uma janela da sua casa, e com metade do rosto ele observava o que acontecia la fora.
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Logo ao sair de casa e dar alguns passos, Orakh e Borkak encontraram alguns humanos trocando golpes com seus vizinhos.
- Merda, esse lugar não ta sendo fácil, eu disse que a gente deveria ter upado mais perto da cidade antes de sair tão longe assim - disse um dos humanos, enquanto perfurava o corpo de um dos orcs com suas adagas.
- Ah, fica quieto, Bartolomeu. O XP que esses desgraçados dão é 10 vezes maior e a adrenalina também - respondeu o mago humano que os acompanhava.
- Eu mal posso esperar pra ver o loot que esses monstros vão dropar, pra encarar de perto uma coisa feia dessas a recompensa tem que ser boa! - disse outro guerreiro humano, logo após matar um orc.
A batalha que Bordok assistiu não foi a que ele esperava. Os humanos tinham 10 pessoas enquanto os orcs tinham aproximadamente 17, e mesmo em maior número, o lado orc ainda foi derrotado.
Orakh conseguiu matar um dos invasores antes que uma flecha o atingisse no abdômen e duas adagas cortassem seu pescoço.
Borkak foi cercada por 2 humanos e foi alvo uma explosão de fogo que a derrubou no chão e quase tirou a vida do seu corpo.
O resto dos orcs sofreram destinos similares, mesmo estando em maior número e carregando uma força física muito superior, simplesmente não foi o suficiente para enfrentar os humanos bem organizados e melhor armados.
Ao final da luta, dos 10 humanos sobraram apenas 4.
- Porra, eu disse! Olha quanta gente morreu, mas que merda! - gritou o humano que segurava duas adagas, visivelmente irritado.
O mago do lado humano chegou perto do corpo mãe de Bordok, apontou o dedo em direção a ela, e o respondeu - Pelo menos a gente sobreviveu Bartolomeu, vê se relaxa. Por que você não alivia essa tensão toda com essa orc daqui? Não é você que gosta de peitos? Essa daqui tem de sobra. hahahah
Outro humano sobrevivente continuou a provocação - A gente te espera, Bartolomeu. hahaha
- Ah, calem a boca, ainda não tô tão desesperado pra encarar essa dai. Vamos revistar as casas e parar de perder tempo por aqui - respondeu o humano chamado de Bartolomeu.
Borkak estava deitada no chão e muito queimada, o pouco de vida que ainda sobrava iria embora a qualquer momento.
Ela lentamente virou a cabeça até conseguir enxergar sua cabana e com algum esforço conseguiu ver um pequeno rosto verde encharcado de lágrimas.
- M..minha p..pepita de ouro..
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The Legendary Orc Chief
General FictionA história segue a vida de um simples garoto orc que descobre da pior forma possível que nesse mundo existem pessoas capazes de fazer tudo por coisas como "XP", "Loots" e "Níveis".