Capítulo 6

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Camila


Dirijo pelas ruas da cidade em direção à nova escola de inglês, já sentindo minhas mãos suarem no volante. Encerrei meu atendimento mais cedo hoje para conseguir ir para a escola no horário marcado pela Vera, onde o professor indicado por ela teria um horário vago para me atender. Confesso que estou bem nervosa e espero que o Pedro se adapte ao novo lugar, pois sei o quanto as aulas são importantes para ele.

Desligo o carro no estacionamento privativo e confiro a minha aparência pelo espelho retrovisor. Fecho os olhos e respiro fundo antes de abrir a porta e saltar do automóvel, indo de encontro à recepção.

— Boa tarde! — A recepcionista me saúda assim que passo pela porta de vidro.

— Boa tarde! Tudo bem? Eu tenho um horário marcado com a Vera agora.

— Ah, sim! Qual seu nome?

— Camila.

— Só um instante que vou avisá-la.

— Obrigada! — aceno e sento-me na cadeira para aguardá-la, já olhando tudo ao meu redor.

Minutos depois, Vera surge na pequena recepção com um enorme sorriso no rosto.

— Dra. Camila! É um prazer recebê-la aqui.

— Oi, Vera. — levanto-me para cumprimentá-la, que me recebe com um abraço. — Nada de Dra. hoje, pode me chamar apenas de Camila.

— Está certo. Vamos lá? — Ela me conduz até sua sala, e durante o curto trajeto, vai me dando notícias de sua cadelinha idosa que é atendida por mim lá na clínica.

— Pode ficar a vontade, Camila. O Rafael está terminando a aula e logo poderemos conversar com ele. — Vera sinaliza para a cadeira a frente de sua mesa, onde nos sentamos.

— Tudo bem, obrigada. — acomodo-me e cruzo os braços em cima do colo, visivelmente nervosa.

— Não precisa se preocupar, Camila. Eu te garanto que seu filho estará em ótimas mãos. Meu sobrinho fez um curso voltado para essa área e é um dos nossos melhores professores. A criançada é apaixonada por ele, tem uma paciência inigualável.

— Isso é ótimo, Vera. — respiro aliviada, correndo os dedos pelo meus cabelos. — Como eu disse, o Pedro se sentiu desconfortável na escola anterior e teve uma crise em sala de aula e a professora acabou perdendo a paciência com ele e eu não posso permitir que isso aconteça novamente.

— Mas é claro que não. Você está coberta de razão. E faremos o possível para que ele se sinta bem por aqui.

— Agradeço muito a preocupação. O Pedro é um doce de criança, só precisa ser compreendido e ter seu espaço respeitado.

Conversamos por mais alguns minutos quando ouço o som de uma batida à porta e uma voz masculina desperta minha atenção.

— Vera? Está precisando de mim?

— Sim, Rafa! Preciso te apresentar a mãe do aluno autista que conversamos. Camila, esse é o professor Rafael.

Viro-me na direção da voz e sinto meu queixo cair.

Rafael... Por que não pensei nisso antes?

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Rafael


Meus olhos seguem o movimento de seu corpo e quando ela olha para mim, sinto algo dentro de mim se contrair.

Acredite em mim - DEGUSTAÇÃOWhere stories live. Discover now