Capítulo 4

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Tyler Hills
P.O.V

A visita de Natan tinha me feito muito bem, era ótimo ter um amigo ao meu lado. Passo a noite no hospital e Mad não aparece como prometido, sentia cada vez mais que nosso relacionamento estava indo para o fim e eu não podia fazer simplesmente nada para impedir isso. Acordo com a voz suave de minha mãe, me ajeito na cama do hospital e vejo o médico com uma papelada na mão, pela expressão facial dele dava pra ver que coisa boa não era... Logo ele começa a falar com uma voz bem séria:

-Bem Tyler, quando você caiu no campo desmaiou pela falta de nutrientes do seu sangue. Também analisamos o sangramento no nariz que teve, o mal estar no sábado antes do jogo, e mandamos um exame para o laboratório. Bem, você está com um quadro avançado de anemia que pode evoluir a qualquer momento. Então...

Ele seguiu falando mais quinhentas coisas que eu sequer me importei, estava aliviado de não ser nada muito sério. Isso bastava pra mim. Após minha mãe assinar toda a papelada, mando uma mensagem para Mad:

"Ei, acabei de receber alta. Por que não veio ontem?"

Guardo o celular no bolso e ainda passo em vários lugares antes de chegar em casa. Assim que minha mãe para o carro na garagem, olho para o lado e vejo Natan levando o lixo para fora de casa. Ele me vê e acena. Vou até ele com a mochila nas costas e digo:

-E finalmente levei alta!

Ele ri sem graça e me pergunta, enquanto joga o lixo na lixeira:

-Teve algo mais sério?

Passo a mão pelo cabelo e respondo fazendo um certo desdém:

-Só uma anemia besta, vou tomar uns remédios e jaja to bem de novo!

Ele coça o olho, que vai se avermelhando com o tempo, e sugere:

-Ai que bom, então... Ah, o Mr. Owell passou um trabalho enorme para entregar amanhã. Tá valendo metade da nota do semestre, aí pensei em fazermos juntos, se você quiser, é claro...

Dava pra notar a timidez que ele exalava ao me chamar para o trabalho, mas sem pensar muito, logo aceito:

-Claro cara, já quer fazer de uma vez?

Ele movimenta positivamente com a cabeça e questiona:

-Na sua casa?

Com as mãos dentro do casaco faço uma cara meio que de desconforto com a proposta e desabafo:

-Olha pode até ser, mas lá em casa tá uma baderna, minha irmã com certeza vai nos atrapalhar. Não seria melhor na sua casa?

Ele concorda com a cabeça novamente e finaliza:

-Pode sim, eu só vou arrumar umas coisas lá.

Já começo a ajeitar a mochila no ombro e me despeço:

-Beleza, vou tomar um banho e em meia hora apareço lá!

Nos despedimos e sigo até a minha casa para me arrumar.

Natan Scott
P.O.V

Dei sorte que meu pai não estava por lá hoje, é uma péssima imagem para fazer amigos ter um pai alcoólatra que não sai do sofá pra nada. Junto rapidamente as inúmeras garrafas de bebida que se acumulavam no chão da sala e as jogo no lixo. Em pouco tempo já estava tudo bem mais apresentável. Coloco uma camisa preta e uma bermuda de moletom qualquer. Me jogo na cama e antes do que esperava escuto as batidas na porta. Ando até lá e abro a porta para Tyler, ele estava com uma roupa bem largada também. O convido para entrar e vamos até o meu quarto onde começo a preparar as coisas do trabalho. Chegando no meu quarto, ele pega um porta retrato na estante e me pergunta:

-É a sua mãe?

Vejo o que ele estava na mão e me sento na cama:

-Sim, ela morreu há uns anos...

Digo mas logo já me levanto para mostrar que tinha superado, porém enquanto ia pegar os livros de química para o trabalho ele me puxa pelo ombro e me dá um abraço:

-Sinto muito por isso, se quiser se abrir com alguém depois, pode falar comigo!

Fico um pouco assustado com o abraço, mas ele não dura muito e o agradeço com um sorriso.

Tyler Hills
P.O.V

Já estávamos há umas horas fazendo o trabalho, estava bastante divertido e sentia que tinha de fato feito um amigo. Faltavam apenas alguns detalhes no final e eu estava faminto, então sugiro:

-Vamos terminar isso na Starbucks? Pode ser?

Ele para de escrever e me olha concordando:

-Claro!

Natan já vai pegando os cadernos, o ajudo organizando algumas coisas e andamos juntos até o meu carro. Despejamos tudo no banco de trás e vamos direto para a cafeteria. Passar o tempo com ele estava tão bom, quem nem me lembrei de checar se Mad tinha respondido o sms. Então já em uma mesa e com o pedido feito, saco o celular do bolso e visualizo sua mensagem:

-Ei Ty, desculpa amor mas meu pai não estava passando muito bem, ai fiquei em casa.

Nem respondo a mensagem, ultimamente ela tinha desculpinha para tudo que eu falasse ou contestasse, incrível. Natan percebe que fico meio tenso e me pergunta:

-Ta tudo bem?

Guardo o celular no bolso da jaqueta e conto para ele:

-Ta sim, só umas questões com a Madison...

Percebo que ele fica meio estranho com o assunto e o pergunto:

-Você namora, Natan?

Sinto uma expressão de deboche na sua cara que me responde:

-Cara, nenhuma garota no nosso colégio sequer sabe meu nome!

Rimos juntos então o contesto:

-Vou te apresentar umas amigas da Madison então, e te desejo boa sorte se for passar mais de duas horas com alguma delas...

Rimos juntos e os cafés chegam, porém o de Natan vem completamente errado e ele deixa isso de mão:

-Pede pra trocar isso daí!

Incentivo, interrompendo o meu estudo para a apresentação do trabalho. Noto que ele iria se contentar com aquilo e passo o meu pra ele:

-Toma ai, vamos dividir.

Ele hesita de começo, mas vê que eu iria insistir então toma de uma vez:

-Capuccino?

Faço que sim com a cabeça, enquanto marcava os pontos mais importantes do trabalho com o marcador de texto. Discutimos por mais uma hora sobre o trabalho e deixamos tudo definido.

The Silence of our HeartsWhere stories live. Discover now