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POV Guilherme

Não aguentava mais a minha casa, meu pai vivia bêbado, minha irmã sempre chegava chapada, e eu era o único que ainda tinha algum traço de sanidade lá dentro. Só queria me sentir amado de novo, e pensava que me sentiria assim com a Fernanda, que com ela eu poderia resgatar a felicidade que existia dentro de casa antes da mamãe morrer. Mas vi que não era assim que funcionava, Fernanda não estava feliz comigo, então a deixei ir.

Quando estava na praia eu acabei encontrado ela com uns amigos, entre eles estava um tal de Igor. Senti uma coisa diferente quando o vi, meu estômago embrulhou, coração acelerou. Ele era tão lindo, com seus cabelos ruivos e sua boca avermelhada. Meu Deus, o que está acontecendo? Por que estou assim?

Ele não saia da minha cabeça, eu precisava ver ele de novo. Achei a oportunidade perfeita quando a Fernanda me convidou pra festa da Luiza. Me arrumei e fui. Quando cheguei a Fê e o Gabriel ainda não tinham chego, então me sentei no sofá e esperei eles. Em menos de 10 minutos o Igor apareceu pra me fazer companhia, fiquei sem reação, não esperava ver ele assim de cara. Ele estava com o cabelo meio bagunçado, uma camisa de anjos, uma calça branca e um vans preto. Conversamos e descobrimos que somos muito parecidos. Ele é uma pessoa incrível, engraçada e muito alto astral. Olhando para ele tudo que eu queria fazer era beija-lo, depois de um tempo, criei coragem e o beijei.

Quando a festa acabou e voltei para casa, o pesadelo voltou. Só queria fugir, mas não tinha pra onde ir. Não queria contar pra Fernanda, afinal não temos nada, e não quero contar pro Igor pois acabamos de nos conhecer e não posso assustar ele assim de cara.

-Onde você estava? - Meu pai pergunta cheirando a álcool.

-Em uma festa na casa de uma amiga.

-Estou com fome e não tem nada pra comer, vá fazer algo pra mim.

-Claro. - Falo saindo pra cozinha, faço um sanduíche de ovo pra ele, vou pra sala e o entrego.

-Vá dormir e o seu celular fica comigo. - Ele fala e eu entrego o celular.

Vou para o meu quarto, tomo um banho e deito na minha cama. Tento dormir, mas sem sucesso, só conseguia pensar no beijo com o Igor, o quão incrível tinha sido. Uma meia hora depois meu pai aparece arrombando a porta do meu quarto.

-O QUE É ISSO GUILHERME?! - Ele fala me mostrando o meu celular com uma mensagem do Igor.

"Amei te conhecer, espero repetir aquele beijo"

-Calma pai, eu posso explicar – Falo com lágrimas nos olhos.

-Então quer dizer que agora você é um boiolinha? Anda beijando meninos por aí. Você vai ficar trancado nesse quarto por uma semana, sem celular, pra aprender a ser homem – Ele fala e sai trancando a minha porta.

Começo a chorar. Quando eu penso que minha vida não pode piorar, meu pai vem e me mostra que pode sim. Minha irmã sempre foi o orgulho do meu pai, já que ele tá bêbado demais pra perceber o quanto ela ta chapada. Eu sempre fui o melhor da sala em questão de comportamento e notas, sempre ajudei em casa, cuidei da mamãe enquanto ela estava doente, mas parece que pra ele isso não importa.

A semana passou muito devagar. Comidas só na hora que meu pai trazia e era de vez em quando, tinha dias que ele esquecia pois estava muito bêbado, mas finalmente esse pesadelo acabou.

-Espero que tenha acabado com essa palhaçada de beijar homens – Ele fala abrindo a porta.

-Pai eu não posso evitar, eu sou assim, me perdoe, mas não posso parar de ser quem eu sou. - Eu falo e recebo um soco.

-Ou você para com essa palhaçada, ou nesse teto você não mora mais.

-Então parece que eu tô saindo de casa, e me devolve o meu celular porquê fui eu que paguei e você não tem o direito de ficar com ele. - Falo arrancando o celular da mão dele.

-Você tem até hoje á noite pra ir embora. - Ele fala e saí.

Vou para o espelho e vejo que meu olho está roxo e inchado. Pego a minha mala e coloco tudo dentro, ainda não sabia pra onde ir, mas aqui eu não fico mais. Arrumo tudo, pego o essencial e penso em alguma pessoa, a única que eu consegui imaginar era a Fernanda, liguei para ela.

-Oi Fernanda, tudo bem? - Falo assim que ela atende.

-Oi Gui, aqui tá tudo bem e aí? Por que você sumiu? Ta todo mundo preocupado com você.

-Eu vou te explicar, posso ir para a sua casa?

-Claro.

Pego minhas malas e vou pra sala, meu pai estava lá, mas nem olhou na minha cara, então saí de casa. Chamo um Uber e vou pra casa da Fernanda. 

O irmão da minha madrastaWhere stories live. Discover now