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Fátima, 39 anos.

Vim pra cdd quando eu tinha apenas 11 anos, eu e meus pais não tínhamos pra onde ir e quem nos acolheu foi o meu sogro, que futuramente iria ser meu sogro

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Vim pra cdd quando eu tinha apenas 11 anos, eu e meus pais não tínhamos pra onde ir e quem nos acolheu foi o meu sogro, que futuramente iria ser meu sogro.

Meus pais eram muito amigo dele e da família, conheci o pai do Duarte e de início não tinha esse negócio de amor mas sempre convivendo com ele a gente acabou se relacionando.

Os nossos pais aceitaram que a gente ficasse e depois de um tempo eu descobri que tava grávida, foi uma bomba pra geral principalmente pra mim.

Eu tinha apenas 15 anos e não estava preparada pra criar um filho, eu nem me cuidava e ia cuidar de uma criança?

Mas tive que arcar com as minhas responsabilidades, os meus pais foram totalmente contra mas com um tempo se acostumaram assim como os meus sogros.

O pai do Duarte sempre me ajudou e sempre foi um pai presente na nossa vida mas infelizmente ele morreu de bala perdida.

Deixou a gente, os meus sogros, eu e os meus pais fomos viajar pra fora do Morro quando o Duarte tinha 3 anos e eu já era de maior.

O jatinho que estávamos caiu e se não fosse Deus eu e o meu filho estaríamos mortos agora.

Foi muito difícil perder as pessoas que eu mais amava, as únicas pessoas que sempre estiveram comigo.

Voltei pro morro e comecei a batalhar pra cuidar de mim e do Duarte, quando o garoto cresceu ele se apaixonou por armas, se apaixonou por a vida bandida e entrou.

Eu não ia abandonar meu filho nunca, sofri muito com isso, ele apanhou muito, mas não adiantou de nada e ele entrou pra vida do crime de vez.

Eu nunca apoiei nada disso que ele faz mas eu amo muito o meu filho e não sou capaz de o abandonar mesmo sabendo de tudo.

Meu filho engravidou a minha norinha que hoje é um anjinho, os dois tinha apenas 16 anos.

Eu sempre acompanhei a gravidez, sempre dei conselhos sobre a vida pois a minha vida nunca foi fácil.

Quando ela faleceu foi uma dor muito grande que senti, acredito que meu filho sofreu muito mais.

Foi muito tempo pra ele se acostumar viver sem ela, foi difícil aquela época. Ele ficou muito maluco por perder o amor da vida dele e andou bebendo e fumando, quase perdeu a vida.

Ele pensava várias vezes em abandonar a Luísa mas eu aconselhei, eu o amei, eu dei carinho e ele mudou de idéia e hoje em dia ama a filha mais do que tudo no mundo.

Passei por muitas coisas nessa vida, vi tantas coisas ruins mas hoje em dia eu estou aqui. Mesmo depois de tudo, estou aqui.

Se não fosse o meu filho eu teria desistido de primeira, foi por ele que eu não desisti.

Assim que ele perdeu a Yula eu não o julguei quando ele falou que não iria conseguir ser pai, pois tudo o que ele passou eu passei também.

Hoje eu estou em paz, hoje eu me sinto bem comigo mesma.

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