Capítulo 8

20 2 12
                                    



Carol Narrando

Estava no quarto com a Dulce e ela tentava me distrair dos meus pensamentos a qualquer custo.
Eu não parava de pensar na minha mãe, na minha vida, na escola, no meu corpo, etc.
Ver a Alexia e a Monica me fez lembrar do acontecimento de algumas horas, eu já estava com lágrimas nos olhos, mas eu não queria chorar novamente, eu não quero ser fraca.

- Carol!- Dulce me chamou pela quinta vez. - o que você tem?

- Nada Dulce. - eu disse e as lágrimas começaram a cair cada vez mais depressa.

A Dulce me abraçou no mesmo instante e eu chorava baixinho no seu ombro, molhando o mesmo.

- Vai ficar tudo bem. - ela disse enquanto acariciava o meu cabelo.- eu prometo.

Depois de me acalmar um pouco, contei tudo a Dulce, desde o que aconteceu na escola, em casa com a minha mãe e no meu quarto com a faca, ela não acreditou quando eu disse que me queria suicidar, me fez prometer que nunca mais faria isso, mas essa promessa seria difícil de cumprir.

Agora estamos as duas deitadas na sua cama conversando.

- Eu posso dormir aqui? Não estou com cabeça para aturar a minha mãe.

- Claro que pode. Você já é de casa.
- E nós vamos a uma festa com os meninos, só não sei quando ainda. -  ela disse toda feliz.

- Eu não gosto de festa.

- Mas nessa você vai. Vai ser divertido e você precisa socializar mais, nada melhor do que uma festa para fazer isso.

- Tá bom eu vou.

Já estava de noite e eu e a Dulce ainda estávamos no quarto, ouvi o meu telemóvel tocar e fui atender.

IDL

- Oi pai.

- olá meu amor. Vai ficar por aí?

- Vou sim pai, avisa a Vanessa por mim, para ela não ficar preocupada.

- Está bem filha, eu aviso.

- Obrigada pai.

- Você está bem? Já comeu?

- Já sim pai, não se preocupe. Estou bem.

- Está bem. Feliz noite princesa.

- Noite feliz pai. Beijos.

FDL

Assim que terminei de falar com o meu  pai eu e a Dulce fomos jantar.
Eu só comi um pouco, não tinha muita fome, mesmo não comendo muito durante o dia.
Jantamos em silêncio e voltamos para o quarto, eu e a Dulce deitamos uma ao lado da outra e dormimos tranquilamente, como se esse dia não tivesse acontecido.

                      ********************

Como sempre acordei de madrugada e decidi beber um copo com água.
Fui em direção a cozinha ainda sonolenta e a coçar os olhos.
Cheguei, abri a geleira e tirei a água e um copo no armário, servi a água e devolvi a mesma.
Me sentei no balcão.
Fiquei um tempo por lá, até  o Alessandro aparecer.

- De novo aqui Ca. - ele disse se sentando ao meu lado.

- Eu não estou bem hoje, só não me irrita. Quer saber, nem fala comigo.

- Calma. Eu sei que você não está bem. Você esteve a chorar que eu sei.

- Isso não te diz respeito.

- Você pode me contar se quiser. Eu me preocupo contigo. - ele disse me encarando.

- Desde quando você se preocupa comigo?

- Desde sempre. Carol você é como uma irmã pra mim, eu posso ser meio ogro com você, mas eu me preocupo de verdade. Me conta o que aconteceu?

Eu não consegui falar mais nada, apenas comecei a chorar novamente, Alessandro rapidamente se levantou e me abraçou forte.

- Eu não queria ser fraca. - eu disse ainda chorando.

- Você não é fraca, pelo contrário, você é a mulher mais forte que eu conheço. Ninguém é fraco por chorar, chorar faz bem, se você não chorar tudo vai ficar acumulado aí dentro e isso faz muito mal, então chore sempre que puder.

Me acalmei e o Alessandro me deu mais um copo com água.

- Já pode me contar o que aconteceu? - ele perguntou ainda curioso.

- Você pode só me abraçar e não fazer nenhuma pergunta?

Eu não obtive nenhuma resposta, ele apenas levantou -se E abraçou-me, aquele era o melhor abraço do mundo, em seus braços eu me sentia segura, não sei porquê, mas eu gostava tanto daquele abraço, não queria sair daqui nunca.
Depois de longos minutos abraçados, ele me levou para o quarto de Dulce, despediu-se de mim com um beijo na testa e foi em direção ao seu quarto.
Eu não conhecia esse lado fofo, carinhoso e atencioso do Alessandro, tantos anos convivendo com ele e ele ainda consegue me surpreender. Confesso que amei esse lado dele, eu queria falar tudo pra ele, mas daí pensei, é o Alessandro, ele não entenderia, então deixei quieto.

Dormi pensando nele, naquele abraço, naquele corpo colado ao meu e naquele cheiro e aí que cheiro.

                    *******************

Acordei no dia seguinte muito bem disposta, por incrível que pareça, me levantei e fui tomar um banho.
Assim que terminei acordei a Dulce e a mesma foi para o banho.
Vesti um dos meus uniformes que tinha aqui e saí do quarto para tomar o café.

Cheguei na cozinha e só encontrei o Alessandro sentado à mesa.

- Bom dia. - disse pra ele.

- Bom dia porco. Dormiu bem?

Voltou a ser um estupido e idiota, infelizmente.

- Obrigada por ontem. - eu disse ignorando completamente a sua pergunta.

- De nada porco. - ele disse com comida na boca. Fiz cara de nojo e a sua mãe apareceu no cômodo.

- Bom dia meninos,  como estão? - cumprimentou a tia Miranda.

Logo atrás dela estavam a Dulce e o Leonardo. O pai deles já tinha saído.

- Bom dia tia Miranda. Eu estou bem, obrigada. - eu disse sorridente.

- Bom dia mãe. - falou o Alessandro.

- Acordou feliz hein. Que milagre. Disse a Dulce se dirigindo a mim.

- É parece que a sua casa me faz bem. - eu disse rindo e o Alessandro olhou pra mim com um sorriso convencido no rosto, desviei o olhar e continuei a comer.

Comemos todos enquanto conversávamos, deu a hora da escola e o Escobar nos levou, ele era o motorista da Dulce e do Alessandro.

Hoje era dia de prova lá na escola, e nessas provas todos temos de ter positivas, porque a entrega dos boletins será na semana que vem, e isso decide a ida ao parque aquático.

Uma Garota fora dos padrões Onde histórias criam vida. Descubra agora