IV

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• olá! eis o quarto capítulo da fanfic!

• gostaria de chamar atenção para o fato de que a maioria dos capítulos ocorrem com praticamente um mês de diferença (por exemplo: o anterior ocorreu em novembro, enquanto esse já está em dezembro) e eu continuarei citando os flertes discretos acontecidos nesse meio tempo, mas não entrarei tanto em detalhes. espero que compreendam esse modo de narração. 

• espero que goste e, se esse for o caso, não se esqueça de comentar. 

Os hematomas arroxeados na pele leitosa do cacheado já haviam sumido por completo quando chegaram à dezembro e seu joelho cicatrizara bem com a ajuda das pomadas costumeiras que ele aplicara na solidão de seu quarto, como já estava habituado a fazer, assim como fizera um conserto praticamente perfeito no rasgo em sua calça sem dizer uma palavra sequer sobre aqueles garotos malvados que o atacaram para ninguém, nem para sua família, mesmo que se lembrasse dos bons tempos em que costumava conversar sobre absolutamente tudo com a irmã e ser entendido, mas afastaram-se quando ela cansou das 'besteiras do Harold'. Ele também sabia que seria inútil tentar trazer o assunto sobre bullying com os pais, então tentava evitar mais problemas quando já haviam tantas reclamações absurdas sobre ele, mas não foi possível esconder de todos.

Perrie descobriu os machucados escondidos por baixo de mangas compridas pelo clima e pela maquiagem que pegou escondido da mãe. A garota acariciou os cachos do primo enquanto esse desabafava sobre as agressões físicas e psicológicas sofridas durante sua vida e chorou junto dele enquanto se escondiam no almoxarifado no tempo do intervalo.

Ela contou sobre aqueles absurdos para suas amigas, que juraram guardar segredo e passaram a proteger o cacheado como se ele fosse um membro do grupo, sendo a primeira vez que ele foi realmente abrigado. Harry não tivera aquela sensação de carinho nem dentro da própria casa, que deveria ser um lugar seguro para ele, então sentia-se extremamente contente em encontrar tal sensação no meio daquelas quatro meninas maravilhosas.

Sua família jamais compreenderia que ele apanhava por ser feminino demais.

Mas ali ele sentia-se completamente compreendido, mesmo que ainda não tivesse coragem de compartilhar tudo com as amigas, estando receoso demais de admitir que era homossexual e ser rejeitado pelas únicas pessoas que verdadeiramente tinha, pois os jornais continuavam trazendo as tristes notícias de violência contra gays e até prisões por depravação sexual. Ele não queria que pensassem nele daquela forma tão vulgar e maldosa, mas eram ideias disseminadas livremente e tornavam-se verdades para muitas pessoas.

A pequena e necessária pausa natalina já começara, mas o cacheado continuava encontrando dificuldades em matemática – principalmente por conta do maldito do professor, que continuava implicando com qualquer simples questão feita pelo cacheado e acabara com sua pouca vontade de aprender aquela matéria – e em biologia, então fora aconselhado a fazer algumas aulas de reforço ofertadas pela escola durante as pequenas férias, desta forma ele continuava enfrentando o frio em alguns dias daquela semana geralmente amistosa entre o natal e o ano novo para estudar, ficando sozinho numa mesa durante o almoço, pois nenhuma das suas amigas precisara daquelas aulas em específico para que seus horários combinassem. Quando estava no almoço, sozinho no refeitório e bebericando chá de pêssego legitimamente britânico, a sua grande distração e válvula de escape do mundo real continuavam sendo a leitura, enfiando o rosto nas páginas cheirosas enquanto ignora o resto dos colegas com suas conversas altas e fúteis.

Em fato, ele estava tão distraído enquanto lia sobre a incrível terra de Oz, que apenas saiu dos devaneios quando teve seus olhos cobertos por pequenas mãos, num toque suave e envolvente:

ʜᴀɪʀꜱᴘʀᴀʏ ᴀɴᴅ ɢʀᴇᴀꜱᴇ • ʟᴀʀʀʏOnde histórias criam vida. Descubra agora