•Capítulo Dois•

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Antonella

Corri para mamãe no momento que o pai atendeu o celular. Me ajoelhei na frente dela e toquei seu rosto que começava a arroxear.

Ignorei a minha própria dor,ansiando ajudá-la.

- Mamãe, mamãe. - as lágrimas desciam abundantes pelo meu rosto,passando pelo meu lábio inferior cortado. Mas eu não podia me preocupar com a ardência agora.

- Estou bem. - disse se apoiando no chão para se levantar.

Assim que ela ficou de pé, ergueu o queixo e me olhou sorrindo.

- Estou bem meu anjo. - disse novamente tocando o meu braço.

Papai surtara de novo,e dessa vez ele descontou a raiva dele em mim e mamãe. Eu ainda estava me perguntando o que eu tinha feito de errado para ele me bater,não conseguia me lembrar de nada,nada realmente.

Eu estava na cozinha ajudando a cozinheira da família com a janta e ouvi barulhos na sala,quando cheguei o vi batendo em mamãe. Eu fiquei parada,realmente paralisada,e do nada ele bateu em mim.

A única coisa que eu consegui fazer foi proteger a cabeça e me encolher quando ele me jogou no chão e esmurrou o meu rosto. Minha bochecha latejava e meu lábio inferior estava cortado,vazando sangue. Pelo menos ele tinha parado de bater na mamãe,que a cada dia o enfrentava mais. Eu podia ver como ele perdia a paciência com ela, facilmente,assim como era comigo e Paolo.

- Oh meu amor,eu não queria que você passasse por isso. - diz com lágrimas nos olhos.

Ela toca meu lábio e suspira.

- Isso vai acabar. - diz com determinação.

- Mamãe..- começo,mas "ele" entra na sala,um sorriso em seu rosto.

Junto as mãos na frente do corpo e abaixo a cabeça com medo,afinal,ele mudava de humor muito rápido.

- Uma boa notícia,enfim! - grita animado andando até a poltrona. Ele se senta e pega a garrafa de uísque da mesinha ao lado. - Você irá se casar, Antonella!

Arregalo os olhos,mas não levanto meu rosto. Ele poderia tomar isso como algum tipo de desrespeito e me bater de novo.

- Simona,nosso subchefe se interessou em você.

Meu coração bateu rápido em meu peito quando ouvi suas palavras. Simona. Todos sempre o temeram,até mesmo papai que é o monstro que é. E agora eu me casaria com ele?
Pânico começou a borbulhar dentro de mim. E se ele me batesse? Ele me mataria! Ele é um homem mais jovem e forte-pelo que já ouvi,não um velho como papai.

Contive as lágrimas que ameaçavam sair dos meus olhos.

Papai voltou a falar: - Elena,quero que administre um jantar espetacular para amanhã,Simona se juntará a nós. E Antonella. - estremeci quando ele disse o meu nome. - Se vista melhor e tente se parecer com uma mulher,não com esse tanto de ossos que é. E por favor,passe aquelas merdas no rosto,para parecer que você tem alguma cor,você está muito pálida. - Ele anda até mim e segura meu queixo. Sua pele na minha me faz engolir em seco, é áspera e nojenta. - Quase posso ver através de você. Parece um fantasma.

Meneio a cabeça para ele, e finalmente ele me solta.

- Não quero ser envergonhado na frente do nosso subchefe. Agora vá. Vocês duas,não quero ver essas caras feias perto de mim. - diz acenando com a mão.

Mamãe coloca a mão nas minhas costas e me leva para a escada. Subimos juntas e em silêncio. Não tinha nada que eu pudesse fazer ,apenas rezar para que Simona não fosse igual ao papai e me tratasse melhor do que já fui em toda a minha vida.

Indecente | Série "Donos da máfia" | Livro 3Where stories live. Discover now