XVII

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Sara

Joan bem que poderia parar de ser menos babaca comigo. Eu passo a noite preocupada com esse filho da puta, e aí quando ele vê o papaizinho que surgiu dos infernos ele vem descontar a raiva em mim? Ah, faça me o favor.

Joan cismou que o tal Gary envenenou a comida e me arrastou do restaurante. Sem contar que eu nem tomei café, agora estou sem almoço, é duro ser eu e ainda por cima trabalhar pra esse embuste.

Agora eu vou ficar não sei quanto tempo dentro de uma sala- sem necessidade porque não sou eu quem apresento as reuniões- e sem comida. Como é que pode isso? Só rezo para não desmaiar de fome, isso seria o maior absurdo e é até capaz de Joan me demitir por conta disso.

Alguns cliente e investidores começaram a chegar e eu fui distribuir as pastas para cada serzinho insignificante para minha vida nesse momento, porque em tudo o que penso agora é em comida e não que boa parte do meu salário provem desses caras chatos. Ao fim de toda a distribuição eu fui me sentar no canto afastada de tudo e todos como manda Joan, foi quando meu estômago começou a roncar e daqui a pouco vai começar a doer. Tenho plena certeza disso. Retirei meu telefone do bolso da calça e mandei mensagem para meu chefe.

(Sara): TÔ COM FOME!!!

(Joan): Vai ter que esperar.

(Sara): Babaca!

Joan virou o rosto com irritação para meu lada e sem que ninguém percebesse mostrei meu dedo do meio. Sei que é uma atitude infantil mas eu estou morrendo de fome. Esse cara não tem piedade das pessoas não? Claro que não tem Sara, deixa de ser tonta. Ele é um mafioso e mata pessoas. Do jeito que me odeia tenho certeza de que me deixará morrer de fome.

Meu telefone apitou e pela barra de notificações vi que a mensagem era de Joan. O ignorei e voltei ao que eu estava fazendo, nada. Apitou mais cinco vezes e dessa vez resolvi visualizar a mensagem. Talvez custe meu emprego.

(Joan): Quem vai comandar a reunião dessa vez é você

(Sara): Nem fudendo. Essa tarefa é sua!

(Joan): É uma ordem.

Nesse exato momento eu queria estar com uma das armas dele e estourar os seus miolos. Joan quer me ver humilhada, só pode. O que de tão mau eu fiz a ele que agora ele quer que eu faça uma coisa que eu nem me preparei para apresentar? Será que ele descobriu que eu já cuspi no café dele ou então troquei o almoço dele de propósito? Qual o problema dele comigo? Por que ele sempre quer me ferrar?

(Sara): Por favor Joan. Eu não me preparei.

Que vergonha meu pai amado. Nunca na minha vida eu supliquei por alguma coisa à esse homem. Algum deus aí, faz tudo a minha volta se evaporar, eu agradeceria bastante.

(Joan): Você vive se gabando de que é uma excelente secretária e que eu seria um fracasso sem você. Então prove suas palavras e faça uma ótima apresentação. Caso contrário, rua.

Ao terminar de ler a mensagem senti o desespero tomar conta do meu ser. Assim que tudo isso acabar eu vou matar Joan, anotem o que eu digo.

Em três anos trabalhando como secretária, eu nunca apresentei uma reunião sequer, eu mal elaboro os tópicos de uma, Joan sempre me deixa fora disso. É uma vez ou outra que ele me pede tamanhas coisas, mas por que de uma hora para a outra ele quer que eu apresente? E justamente quando não me preparei? Mas fui eu quem preparou as pautas não foi? Então eu vou tirar isso de letra e me manter nesse emprego.

Joan ficou em frente a facilitação gráfica e me olhava com um sorriso presunçoso. Eu vou mostrar a ele que sou eu SIM que levo isso daqui a diante.

Babaca!

- Bom senhoras e senhores. Hoje quem irá dirigir a reunião será minha secretária.- ele apontou para mim e todos se viraram para me olhar- Sara, por favor, se dirija até aqui.

Me levantei e fui até onde meu chefe estava. Meu coração batendo a mil e minhas mãos suando mais do que qualquer coisa, o nervosismo era eminente em mim e até um cego notaria isso. Joan me deu espaço e eu comecei a bendita reunião.

☪️☀️☯️

- Parabéns Joan, você tem uma secretária de sucesso.- Um homem mais alto que eu e mais velho também, se pronunciou e me analisou de cima à baixo.- Querida, assim que você enjoar desse pirralho, me procure.- Sua atenção se voltou para mim e ele me entregou um cartão e fiquei impressionada só com o design dele, imagina com a empresa.

- Pode deixar.

Nós três rumos e ele mais outras 5 pessoas sairam da sala. Mas uma coisa que ele me disse chamou minha atenção, ele chamou Joan de pirralho, ou esse senhor só pode ser muito íntimo ou ele é mais poderoso do que Joan. Parece que meu amado chefe seu meus pensamentos, pois a resposta que ele me deu fez com que todas minhas dúvidas sumissem.

- Ele foi meu reitor na Universidade, devo muita coisa à ele.- ele me encarou, da maneira julgatória como sempre- Hoje você deu pro gasto, mas não chega aos meus pés.

Então por que você não apresentou?

Abri a boca chocada e dei um soco em seu ombro esquerdo. Sua expressão ficou mais severa e só então lembrei que foi ali que fiz o curativo. Minimamente abri um sorriso e toquei com cuidado, estou tensa.

- Mil perdões Joa...chefe. - me corrigi a contra gosto quando ele arqueou a sobrancelha- Eu esqueci que estava machucado. Você foi no médico dar ponto nisso?- Concordou, o olhei desconfiada- Joan?

- Tô falando sério.- Sua voz era grossa e isso me fez arrepiar. Ele desabotoou a camisa e eu fiquei desconcertada ao ver seu abdômen trincado- Sara?

Em seus lábios habitava um sorriso malicioso e eu empinei o nariz esnobando sua reação. Ele tornou a abotoar a camisa e acabou que eu nem vi se ele tinha dado ponto no machucado.

Mas parece que me dei bem nessa reunião e que continuo no meu emprego.

1x0 para Sara.

Secretária Do DiaboDove le storie prendono vita. Scoprilo ora