A Guarda-Costas - Alren g!p

O lago - Parte 2

- Aquele homem que a gente viu hoje. Eu não o conheço pessoalmente, mas é alguém do meu passado. Ele é o irmão de um cara que costumava ser um dos meus melhores amigos.

Costumava ser?

- O Zayn e nós dois éramos como unha e carne. As nossas mães costumavam nos chamar de problema em triplo. O Zayn sempre foi o mente suja, mas a gente sempre seguia as ideias malucas dele. Até os nossos professores perceberam e começaram a tentar nos separar pra não atrapalhar a aula.__Rimos juntas.

- Eu realmente não consigo imaginar você se metendo em confusão.

- Ah, pode acreditar. O Zayn sempre teve umas ideias bem criativas pra pegadinhas, eu e o Justin sempre ficávamos ansiosos pra ver como elas se saíam.

- Então, vocês eram basicamente os brincalhões da turma?

- Tipo isso.__Ela sorri.__Foi só depois de completar dezoito anos que a gente percebeu que precisava fazer algo de útil nas nossas vidas. Nenhum de nós tinha as melhores notas e nem pretendia ir pra faculdade.

- Foi quando você decidiu servir nas forças armadas__Lauren concorda, e sua expressão fica triste.

- No início, a ideia foi minha de entrar pra Marinha, então a gente se alistou e logo nos mandaram pro Afeganistão, nós três. Se eu soubesse como as coisas iam terminar, nunca teria pedido que fossem comigo.__Ela fica quieto por uns minutos, então espero pacientemente que ela continue.__Teve uma granada.__Lauren coloca a cabeça entre as mãos.__Eu não a vi, e acho que nenhum de nós viu.__O semblante torturado nos olhos de Lauren faz meu coração de dor. Vou até onde ela está e passo meus braços em volta de sua cintura. Ela hesita por um momento, mas então sinto dois braços fortes me puxando para mais perto. Sua voz sai quase como um sussurro quando ela finalmente volta a falar.__A granada explodiu em metade dos nossos homens, e os tiros que deram depois terminaram o serviço. Foi como uma cena de filme de terror.

- Ah, Lauren... Você também foi atingida?

- Em algum momento, uma bala atravessou o meu ombro, mas eu nem senti isso acontecer. A adrenalina me deixou incapaz de ouvir ou sentir qualquer coisa. Eu me lembro de cambalear até recuperar o meu equilíbrio, e depois tentei encontrar o Zayn e o Justin.

- E encontrou?__Ela acena com a cabeça.

- Levou um tempo, por que todo mundo estava abaixado pra se proteger. Eles não paravam de atirar em nós. A gente teve que esperar quase um dia inteiro para os reforços chegarem. Foi um dos dias mais longos da minha vida.

- Vocês tiveram que ficar lá enquanto atiravam em vocês durante um dia inteiro?

- Não tinha pra onde correr. Era uma planície aberta, além das colinas e pedras perto dos nossos caminhões.

- Isso parece tão assustador.

- A gente já tinha se acostumado. Felizmente, eu consegui achar o Zayn bem rápido. Foi nesse dia que ele perdeu a perna.__A encaro surpresa.__Ele estava caído embaixo de um dos caminhões, mas xingando como um marinheiro.

- Por algum motivo, isso não me surpreende.

- Sim, ele tem uma boca e tanto. Eu tive que arrastá-lo pra fora de lá e carregá-lo nos meus ombros enquanto gritava e me xingava, enquanto ele dizia para eu o deixar lá morrendo. Eu não conseguia parar, não até encontrar o Justin. Não me importava se fosse atingido, tudo o que importava era tirar os meus melhores amigos de lá.__Quando olho para o rosto do Lauren, fico surpresa ao ver lágrimas se formando em seus olhos.__Ele era um dos soldados no meio do tiroteio. Continuei chamando quando finalmente o vi, mas depois de um tempo ele parou de responder. Eu nunca tirei os meus olhos dele. Só quando os reforços chegaram que eu pude me aproximar dele. Tinham estilhaços presos no peito, e ele chiava enquanto lutava por ar. Mas ele conseguiu me ver. Ele me viu, e eu pude ver alivio nos olhos dele. Pensei que ele ia ficar feliz se eu fosse lá pra salvá-lo.__Ela solta um sorriso triste.__Mas assim que vi as feridas no peito dele, sabia que era o fim. Ele me implorou pra acabar com o sofrimento dele. Acho que ele ficou esperando a noite toda pra morrer.__Lauren fecha os olhos com força.__Essa é a lembrança que me assombra quando durmo. Olhando para trás, sempre me perguntarei se eu podia ter feito mais, mas ele sangrava muito. Ele me implorou pra dizer aos pais dele que os amava e que lutou o máximo que pôde até o fim. É claro que eu ia contar a eles, mas ele nem precisava pedir. Agarrei na mão dele e depois ele sussurrou um "por favor" uma última vez... Eu atirei na cabeça dele.__Meu coração se parte com o que vejo na minha frente.