Capítulo 8

440 14 0
                                    

SOMOS SEPARADOS NOVAMENTE,

e sou levado por 2 pacificadores ate um local que chamam de centro de transformação. O lugar nada mais é do que um grande salão com diversos espelhos suspensos nas paredes, luzes fluorecentes espalhadas por todo o contorno, uma banheira exageradamente grande e uma espécie de pedestal em uma das extremidades.

Três pessoas me recebem e se apresentam como minha equipe de preparação. Dois homens e uma mulher. O homem mais alto se aproxima estendendo a mão. Não consegui captar seu nome pois seu visual me deixou um tanto quanto abismado: cabelos roxos e lisos qua caíam pelos ombros até o meio das costas. Seus lábios eram inchados demais e em cada orelha pude contar pelo menos 6 anéis metálicos. Ele usava sapatos de mocassim num tom de areia e suas calças marrons combinavam perfeitamente com os olhos escuros. Um suéter branco e simples complementava o resto. A moça era jovem, não aparentava ter mais do que 20 anos. Ela se apresentou como Colbie e as roupas que usava causavam menos espanto que as dos rapazes, e ela usava um sapato com um salto tão fino que era quase invisível aos olhos. Seu vestido verde ondulava a cada passo dado. O outro rapaz era bem 'normal' - digamos assim. Tinha cabelos loiros assim como eu, mas os dele estavam bem penteados. Uma pulseira dourada no pulso esquerdo combinava com a corrente suspensa no pescoço. Sua blusa preta de mangas compridas estava impecavelmente limpa e ele usava calças jeans um pouco apertadas.

Eles falam sem parar e ao mesmo tempo, de modo que só consigo filtrar algumas partes da conversa confusa. Frases como "o que faremos com ele" ou "vejam esses músculos" ou ainda "isso meus amigos, é um caso 'quase' perdido hahaha" me deixam mais confuso do que já estou. Não sei em quem devo prestar atenção. Vou enlouquecer assim. De repente, uma mulher alta, extremamente magra e esguia abre caminho entre eles e fala olhando pra mim:

- Você deve ser o Peeta, não é?

- Isso. - é tudo o que consigo responder. Sua expressão é fria e inabalável.

- Bom, meu nome é Portia, sua estilista.

- É um prazer te conhecer, Portia - digo estendendo a mão. Sua expressão se abranda por um segundo e vejo um sorriso brotando nas pontas de seus lábios. Ela retribui o cumprimento e solta:

- Tudo bem, já chega de papo furado. Temos bastante trabalho a fazer. - concordo com a cabeça e ela me manda tirar as roupas e subir no pedestal que vi minutos antes da sessão de apresentações. Como Haymitch disse, não posso me opor, então vou até o pedestal, tiro todas as minhas roupas e fico de pé sobre ele.

Eu deveria me sentir constrangido em ficar nu na frente dessas pessoas, mas algo em minha cabeça diz que devo me preocupar com coisas mais relevantes. Portia e a equipe dão voltas ao meu redor medindo e anotando freneticamente. Depois de incontáveis banhos em soluções perfumadas, esfoliações, tratamentos em meus cabelos, mãos, pés e rosto, finalmente sou dispensado da sessão de transformação. Vou até minha estilista, que aguarda sentada à uma mesa que está num dos cantos do salão, onde um pequeno banquete acabou de ser posto. Ela me convida para o jantar e não dispenso. Começamos a comer até que ela se volta pra mim:

- Eu presumo que você saiba que hoje a noite haverá o desfile dos tributos, certo? - o desfile dos tributos é uma parte importante da cerimônia de abertura. Seremos colocados em carruagens puxadas por cavalos pelas ruas da Capital até o círculo da cidade e deveremos usar trajes que reflitam a atividade principal de nosso distrito. Que no caso do 12 é a mineração. Termino de engolir um pedaço do peixe que estou comendo e respondo:

- Sim, eu sei. Vocês vão nos obrigar a usar aquelas roupas horríveis de mineiros, certo? - vasculho em minha cabeça alguma memória dos jogos anteriores. Na maioria das vezes, nossos tributos eram vestidos de mineiros ou cobertos única e exclusivamente de fuligem. Um detalhe intrigante é que nenhuma peça de roupa sequer era usada no corpo. Exceto um par de botas. Espero que ela não ache o nudismo a última palavra em moda por aqui.

- Não exatamente. - diz ela. - Nós devemos expressar a atividade do distrito no traje, mas ao invés de focar na mineração ou mesmo nos trabalhadores das minas, esse ano vamos tentar explorar mais o carvão propriamente dito. - estou confuso. Isso deve estar evidente, pois ela faz uma pausa, respira fundo e continua:

- O que nós, as pessoas normais fazemos com o carvão? - penso por um segundo antes de as palavras escaparem pelos meus dentes:

- Elas o incendeiam?

- Exatamente! - ela dá um gritinho de entusiasmo - iremos fazer com seus trajes, a mesma coisa que fazemos com o carvão! - a perplexidade em mim vai se dissipando aos poucos enquanto começo a entender a idéia dela. Mas isso não pode ser possível. Ela vai atear fogo em mim?

The Hunger Games: Peeta MellarkOù les histoires vivent. Découvrez maintenant