My blue eyes (Hosie)

Capítulo 8

Acordei no dia seguinte ouvindo os pássaros cantando em minha janela. Assim que abri os olhos, uma sensação estranha se formou em meu estômago. Franzi o cenho, estranhando tal reação logo pela manhã. Era nervosismo?

Levantei-me e calcei o chinelo que permanecia aos pés da cama, como de costume.

- Hope, já acordou? – pergunta minha mãe batendo de leve na porta.

- Uhum – resmunguei, ouvindo a porta se abrir.

Caminhei até meu guarda-roupa, abrindo a segunda porta da esquerda para a direita, procurando por uma calça e depois abri a porta ao lado, pegando uma camiseta.

- Aonde vai com essa roupa? – A voz de minha mãe estava calma e ela estava bem próxima.

- Tomar banho – respondi ainda estranhando o nervosismo que sentia. Qual era o motivo?

- Achei seus óculos no jardim dos fundos.

Josie! Minha cabeça gritou alarmada. Meu estomago pareceu se remexer. Iríamos sair hoje. Eu e ela. Às 15 horas.

- Fico feliz por você ter feito uma amiga. Josie é muito simpática – começou minha mãe. Eu fingia que não a ouvia, mas eu sabia que ela iria contar quais eram as características dela e isso me deixava, mesmo eu não querendo, curiosa. – Ela é mais alta que você , cabelos castanhos... Os olhos são cor de amêndoa e risonhos... hmmm... Tem um belo sorriso. Josie é muito bonita...

- Pare mãe! – pedi, andando em direção ao banheiro. Engoli em seco. Já não bastava eu me sentir nervosa com a expectativa de sair com a garota? Eu não precisava saber como ela era. Não precisava saber se seu sorriso era bonito e seus olhos eram amendoados. Não seriamos amigas. Não nos veremos mais depois dessa tarde! – Não quero saber como ela é.

- Mas...

- Eu vou tomar banho.

***

- A CAMPAINHA ESTÁ TOCANDO! – gritou meu pai do jardim dos fundos, onde regava algumas flores.

- Que horas são? – perguntei para minha mãe, pela milésima vez, quando passava ela correndo pela sala para abrir a porta.

- 15 horas em ponto – a campainha tocou novamente antes de a porta ser aberta – Boa tarde, Josie. Entre, Hope está na sala.

Eu havia trocado de roupa logo após o almoço. Vestia jeans e camiseta, nada fora do padrão.
Quando ouvi os passos se aproximarem, passei as mãos pelos cabelos soltos, ouvindo e sentindo o coração mais rápido. Comprimi os lábios, irritada comigo mesma e me levantei do sofá, impaciente.

- Boa tarde – cumprimentou Josie pegando em minha mão, a qual eu logo puxei para fugir do contato, deixando-a cair ao longo do corpo.
- Vamos – andei em direção ao hall – 6 passos. – Subi os degraus a minha frente – 5 passos a frente até a porta.

-Hei! Calma aí! – Josie correu em minha direção e segurou meu braço no momento em que eu coloquei a mão no trinco – Não vai se despedir de sua mãe?

- Tchau mãe – Eu não sabia dizer se ela ouviu meu sussurro. Josie estava muito perto.

- Tchau querida, tenham uma boa tarde e se divirtam! – logo veio a resposta animada.

- Obrigada Sra. Mikaelson . Até mais tarde. – Josie me afastou da porta e a abriu. Tudo isso, sem soltar meu braço.

- Certo. Para onde vamos? – perguntei assim que senti o vento no rosto.

- Vamos ao parque e depois... Não sei... Depois é depois... – ela respondeu. Sei que sorria e conseguia imaginar seus olhos amêndoa risonhos.

Os barulhos se confundiam. Eram vozes, música, passos, risos. Tudo isso perturbava.

Josie, que permanecia ao meu lado, apertava meu ombro delicadamente, me descrevendo o parque que eu conhecia muito bem há um ano. Pela descrição, tudo continuava igual. Várias árvores, pessoas passeando, os bancos de madeira pintados de branco, os postes de luz... Eu conseguia imaginar tudo com precisão.

Havíamos chego ao parque de carro. O carro tinha cheiro de cereja com menta. Josie conversou o caminho inteiro e não desanimava com minhas respostas monossilábicas. Descrevia-me pessoas, as ruas e, as vezes ria. Sozinha.

- Sei que você deve conhecer o parque melhor do que eu – ela disse pressionando as mãos contra meu ombro. Ergui uma sobrancelha. – Acho que tudo está como era antes.

- Esses tipos de lugares nunca mudam. – respondi sentindo o sol contra a pele. O dia parecia estar bonito e azul.

- É como um museu.

- Parecido – dei de ombros, sem muito que dizer. Josie riu.

- Deve ser difícil estar com alguém com quem você não queira estar.

Fiquei quieta por ter sido pega de surpresa. Eu não iria responder a isso. Eu não sabia como responder a isso.

Mordi os lábios.

- E então, onde você morava antes de se mudar para cá? – perguntei mudando o rumo da conversa.

- Tentando ser sociável? – ela debochou rindo. Isso me irritou – Eu morava fora do país.

- Em que país exatamente?

- Canadá. Motreal.

- Sempre tive vontade de ir para o Canadá.

- Talvez um dia eu te leve para passear lá – Eu sabia que ela brincava, mas tal promessa me fez ficar... emocionada.

- Me descreva uma cena que esta acontecendo agora aqui no parque, Josie – pedi um tanto encabulada.

Ela ficou em silencio um instante. Eu não sei se procurava por algo para descrever ou se estava surpresa com o pedido.

- Hm... – ela respirou fundo – Logo a nossa frente tem uma senhora. Ela está sentada num desses bancos brancos. Seus cabelos estão cobertos por um lenço colorido e ela sorri, olhando para os pombos comendo as migalhas de pão que ela joga para eles. Seu sorriso é terno e seu olhar é doce. Ela parece ser sozinha e parece passar muito tempo aqui no parque... Não... Eu errei. Ela não é sozinha. Tem uma criança se aproximando dela, que está esticando a mão para passar na cabeça do menino. Eles estão rindo.

Eu ouvi as risadas e sorri. A cena era bonita e com essa descrição, descobri o quão sensível Josie era.

Senti sua mão escorregar de meus ombros para segurar meus braços e suspirei.
- Do que você gosta Hope? O que faz quando não tem nada para fazer? Qual musica canta quando toma banho?

Involuntariamente eu ri.

- Eu gosto de chocolate branco e de ouvir a voz da minha mãe. Leio quando não tenho nada para fazer ou passeio com Skoop. Eu não canto bem.

- Isso não responde a pergunta.

- Claro que responde.

- Vai, Hope, o que você canta debaixo do chuveiro?

Eu ri novamente.

- Eu não ouço muita música.

- Como não? – Ela parecia surpresa e indignada ao mesmo tempo. Eu dei de ombros.

- Eu ouço música de vez em quando. Não gosto de bandas especificas.

- Você deve ser louca.