Opostos

CAPÍTULO 17: Conversas

Ao chegar no prédio de Bianca, o porteiro interfonou pedindo permissão que a empresária logo deu, correndo para porta para aguardar a outra mulher.

Quando a porta do elevador abriu e Rafaella pôde ver a carioca já a esperando, ambas travaram e ficaram por alguns segundos se encarando, cada uma com suas próprias enxurradas de pensamentos. Bianca se questionava como Rafaella reagiria a proposta de um namoro escondido, até da própria família. Já a mineira temia que aquele fosse realmente o fim do que estavam vivendo.

Bianca foi a primeira a quebrar o transe em que entraram.

_ Vem, entra. – ela diz dando passagem para que Rafaella entrasse no apartamento. Obviamente Rafaella nunca esteve ali, então não pode evitar analisar o lugar que a carioca vivia. Era diferente e colorido. Um tanto quanto espalhafatoso, mas ela adorou, achou a cara da mais baixa. _ Você quer tomar alguma coisa? Já jantou? – Bianca questionou interrompendo a análise que Rafaella fazia do local.

_ Ainda não jantei... cheguei e fui logo lendo sua mensagem, não tive tempo de comer nada.

_ Ótimo, porque eu também não. A gente pode pedir alguma coisa pra comer. O que você acha?

Essa fala, mesmo que Bianca não soubesse, acalmou um pouco do nervosismo da mais alta. Se Bianca ainda tinha planos de jantar com ela, a conversa que teriam não deveria correr para um rumo tão negativo.

_ Acho uma ótima ideia. O que você quer comer?

_ Tava pensando em pizza. – ela sugeri, levantando as sobrancelhas, fazendo um biquinho em questionamento. Rafaella sorri com a imagem e balança a cabeça concordando. _ Que sabor você quer?

_ O que você preferir, pra mim tá bom.

_ Ok, vou fazer o pedido... pode sentar, fica à vontade. – Bianca disse indicando a sala com a mão enquanto pegava o celular pra realizar o pedido.

Rafaella foi em direção aonde Bianca indicou, se sentando no sofá maior aguardando a morena para poderem conversar. Logo Bianca chegou sentando-se ao lado da mais alta no sofá com o corpo virado para ela. Bianca percebeu que a mineira estava nervosa, pois mordia o lábio inferior e ficava mexendo nos anéis da mão direita sem parar. Ela não entendia porque a mulher teria motivos para estar nervosa. Se alguém deveria estar assim, era ela.

_ Tá tudo bem? – ela perguntou franzindo um pouco a testa olhando Rafaella com atenção.

_ Sim... um pouco nervosa, admito, sobre o que você quer falar.

_ Porque?

_ Não sei. Devo me preocupar?

_ Não sei. – Bianca disse sorrindo. _ Eu quem deveria estar nervosa, posso estar a minutos de levar um fora.

_ Levar um fora? Bianca, pelo amor de Deus fala logo.

Rafaella não conseguia mais aguentar aquela enrolação. Levar um fora? Será que Bianca iria dizer pra ela que só aceitaria continuar com aquilo se Rafaella batesse de frente com os pais e assumisse para todos o que sente por Bianca? Ela não estava pronta pra isso. Disso ela tinha certeza. E essa ideia a assustou, pois, por mais que ela tenha inicialmente resolvido terminar tudo com a mulher, nesses últimos dois dias com as pequenas grandes coisas que Bianca fez por elas, ela percebeu que não queria ficar longe da empresária. Pensar em não ganhar mais seus toques, não mais poder sentir seus beijos, seu cheiro... ela estava apavorada. Por sorte Bianca cortou seus pensamentos começando a falar.

_ Estive pensando em nós, eu na verdade faço muito isso. – disse sorrindo levemente. _ Que já dormimos juntas duas vezes, fui inclusive te "visitar" – ela fez aspas com os dedos e continuou _ No trabalho, e agora você tá aqui, e tenho certeza que além de um ou dois amigos nossos, ninguém se quer imagina que isso aconteceu. Muito menos seus pais. – ela olhou para Rafaella que a olhava como se fosse sair correndo a qualquer momento. _ Ou seja, a gente parece conseguir bem fazer essas coisas às escondidas, e se a gente pode ficar juntas sem ninguém saber e sem te prejudicar, porque não fazer, né?