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Os minutos praticamente se arrastam e eu checo meu relógio no pulso a cada, no mínimo, dois minutos.  De relance, pelos cantos dos olhos, procuro o homem e tento ver se ainda está lá e, sim, está. Meu Deus, Adriana, sério isso? Um dia ainda vou me arrepender amargamente de sair com minha amiga, já que, sempre que encontra um "boy magia" vai atrás e esquece de minha existência. Ela é meio irresponsável, mas eu a amo com todo coração. Dri me ajudou em momentos importantes de minha vida, esteve comigo quando sorri, mas também quando chorei, foi a única, aliás, é a única que acredita em mim quando digo estar vendo coisas nada naturais. Estive em psicólogos, mas todos diziam sempre a mesma coisa: "O trauma da sua infância fez com que você colocasse na cabeça estar ligada ao paranormal" e eu acreditava nisso, até que um dia um psicólogo sugeriu para minha mãe prestar mais atenção na minha rotina, pois, segundo ele, eu provavelmente estava me drogando. Para mim, isso foi a gota d'água... quando eu, finalmente, disse chega. Eu tinha treze anos na época e acabei mudando de escola porque além do dito cujo trabalhar lá, acho que acabou vazando de alguma forma, visto que alguns colegas começaram a tirar sarro de mim. Sem dúvidas foi uma das melhores decisões que minha mãe tomou. Nessa nova escola conheci minha amiga e, atualmente, quer dizer, até cinco meses atrás, dividíamos apartamento por causa da faculdade. 

Percebo que estava com um sorriso na face e, envergonhada, retiro, colocando, um pouco sem graça, uma mecha do cabelo atrás da orelha. Com esse movimento, acabo virando um pouco de lado e vejo que o ponto preto ainda está lá e suas sobrancelhas estão em "v", sua testa franzida, provavelmente por causa do meu sorriso para o nada sem motivos aparentes. Deve ser outro que acha que estou sob efeitos alucinógenos.

Ótimo... logo, logo começa a contagem regressiva e cá estou eu, prestes a virar o ano sem ninguém conhecido perto e, com um ignoto rapaz que está me dando medo por me encarar tão descaradamente. Ele por acaso acha que eu não o estou vendo?

- CONTAGEM REGRESSIVAAAA.- grita um homem, levantando bem alto a mão que segura uma cerveja. Esse vai ter uma ressaca das boas como presente de início de ano. Uma multidão grita empolgada.

Finalmente vejo o barman com uma bandeja passar, pago e pego uma das várias long necks. Ele esquece de abrir, já que as pessoas começam a contar bem alto, então, apenas coloco na boca e puxo a tampinha metálica com os dentes. O homem de preto está tão próximo de mim que o ouço dar uma risada abafada. Bebo um gole.

5...4...

- Espero que seja um bom ano!- digo para ninguém em especial, apenas, talvez, para o destino.

- Meus instintos dizem o contrário.- ouço uma voz meio grave e um tanto rouca falar.

2

Me viro para ele e o olho na face.

1

- Ah, é?

- FELIZ ANO NOVOOOOOOO!- estronda o hall e o som de fogos artificiais é ouvido. Um monte de gente começa a se abraçar, outros olham maravilhados para o céu e outros pulam de alegria (ou talvez seja o álcool fazendo efeito)

- Bem, seja como for, feliz ano novo e espero que seus instintos estejam errados.- digo e repuxo os lábios em um sorriso de educação.

- Espera, você tá falando comigo?- sua feição é puro espanto, surpresa, terror e outras sensações...tudo junto e misturado.

- É claro que estou.- respondo.- Não deveria?- minhas sobrancelhas sobem levemente.

- Não poderia.- seu queixo cai levemente.- Quem é você?

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Eu peço desculpas pelo sumiço, pessoal! Tá corrido demais e estou tentando arranjar tempo para escrever... Não posso prometer dias específicos, então, só peço paciência e os livros serão atualizados.

XoXo! 💋

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⏰ Last updated: Apr 09, 2022 ⏰

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