Cinco

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Já era o quinto conjunto de roupas que eu experimentava, me olhei no espelho e percebi o quão patético eu estava sendo. Óbvio que eu estava me arrumando pra encontrar o Thara, e óbvio que eu queria me bater por isso.

Claro, eu ainda estava chateado com ele, e parando para pensar, o motivo da minha chateação nem é o beijo em si, e sim o fato de ele se lembrar e ainda fingir que nada aconteceu. Uma parte de mim dizia para eu não ir hoje, e outra parte implorava que eu fosse e escutasse o que quer que seja que ele tinha pra me falar. Eu tinha quase certeza que ele ia dizer que estava confuso naquele dia e que não queria que o beijo atrapalhasse nossa amizade, só que já tinha atrapalhado.

Me olhei mais uma vez no espelho, eu estava bonito, e quis me bater de novo porque se eu estava bonito, era por que eu me arrumei pra ele. O motivo era sempre ele.

Mesmo com um sentimento ruim no peito eu fui pra casa dele. Com a maior naturalidade do mundo cumprimentei seus pais e com um medo enorme fui em direção a escada que dava para o terraço.

Nesse pequeno intervalo de tempo eu praticamente vi a nossa história passar de ante dos meus olhos, igual aquelas comédias românticas clichês. Bem que eu queria estar em um desses romances, os protagonistas sempre ficam juntos.

Quando eu cheguei no terraço fiquei de boca aberta, o lugar estava simplesmente lindo.

O terraco da casa dele não era tão grande mas estava completamente enfeitado. Partindo da porta havia um caminho de velas no chão que davam a uma pequena cabana montada ali, envolta desta haviam pisca-piscas e dentro dela, na parede feita de lençol no fundo, eu consegui que várias fotos nossas penduradas, desde fotos muito antigas até as que batemos dois meses atrás, no chão tinha duas almofadas e uma pequena mesinha.

Estava realmente muito lindo, agora sim estou me sentindo em uma comédia romântica clichê.

— Vai ficar parado na porta a noite toda? – ouvi aquela voz me chamar risonha e só assim consegui olhar para a beira do terraço onde Thara estava encostado. E ele estava tão lindo, meu Deus.

Ele estava totalmente de branco, bermuda branca, blusa branca com os três primeiros botões abertos e estava descalço, por um momento achei que aquilo era um lual e ninguém me avisou.

— Você.... está muito bonito – foi a única coisa que consegui dizer, logo me sentindo envergonhar por isso.

— Você também – ele me elogiou olhando bem no fundo de meus olhos.

Acho que os dois estavam em uma situação desconfortável ali por que depois dos elogios, não falamos mais nada. Eu respirei fundo e criei coragem para chegar perto dele, me encostando no pequeno muro do terraço, e olhei para a cidade abaixo de nós, até porque não conseguia olhar em seus olhos.

— Então, como tem passado? – percebi a tentativa dele de puxar assunto.

— Bem, eu acho – eu realmente não sabia o quê falar – E você?

— Bem também, a faculdade está roubando todo o meu tempo – ele disse rindo de lado, eu gostava de ouvir sua risada.

— Entendo.

E novamente aquele silêncio incômodo. Eu tinha que perguntar, aquilo já estava me atormentando, então respirei fundo pronta para lhe dizer.

— Você ficou chateado com o beijo? – mas ele me interrompeu antes de eu sequer abrir a boca. Eu não sabia o que responder.

— Por que você fez aquilo? – percebi ele se virar e olhar na mesma direção que eu.

— Eu perguntei primeiro – ele disse agora olhando pra mim. Se eu disser que não, estaria mentindo, eu tinha que ser sincero.

FRIEND ZONE [🥀] FrongThara Where stories live. Discover now