Severe Damage - Imagine Johnny

X: say it

Severe damage [X - say it]

Meus saltos faziam um eco marcado e chato nos corredores do estúdio de televisão, Johnny caminhava pouco atrás de mim e assim chegamos nos assentos do programa. Era um talk show de decoração bem simples mas bonita, um fundo de cidade atrás da mesa da apresentadora, um sofá escuro e o piso de madeira envernizado, eu estava sentada em um dos acentos do centro da plateia bem de frente para ele.

Não preciso nem falar que foi Johnny que mandou eu ficar ali.

O programa começou sem muita demora, o auditório lotou e eu senti minha garganta seca. Eu só rezava para que as câmeras não focassem no meu rosto quando eu traduzisse o que Seo falasse, aparecer em rede nacional não estava nos meus planos ainda que eu tivesse me arrumado o suficiente para isso.

Depois das formalidades, começaram as perguntas, John não se mostrava tão sério porém não era o mais amistoso dos convidados. Tinha bom papo mas não parecia dar muita brecha para brincadeiras. Seo usava uma calça jeans simples de lavagem escura, uma camisa branca com o nome da Armani Exchange em letras simples e pretas, e sapatos sociais escuros, muito simples mas muito bonito.

– Você é um homem jovem e muito bonito, John-san. Provavelmente deve ter uma namorada, não? – Assim que a apresentadora disse, eu traduzi para o coreano e estranhei por ela ter falado exatamente o que eu acabara de pensar.

Sato Akane era uma mulher na faixa dos seus 40 anos, mas aparentava ser jovem, cabelos curtos e escuros, olhos grandes e sorriso aberto.

– Sou um homem ocupado, Akane-ssi, não me vejo em um relacionamento. – Eu me sentia um pouco incomodada sendo a ponte daquele assunto, aquela mulher estava sendo ousada demais em lhe perguntar algo pessoal quando o assunto a ser tratado girava em torno de bebidas e negócios.

– Como não? Deve haver dezenas de mulheres querendo um minuto de sua atenção. – Disse em um tom de surpresa que eu certamente não interpretei a ele.

Johnny riu fracamente, provavelmente notando tal fato e me encarando enquanto eu traduzia a fala de Akane no microfone. Quando mais nova eu tinha um complexo horrível com a minha voz em microfones, mas agora lidava bem com isso.

– Não acredito que alguma delas consiga prender minha atenção por muito tempo. Com toda essa rotina é quase impossível eu cair nos encantos de alguém. – Bebericou a caneca com água que lhe fora disponibilizada.

– Ora, pois se é quase impossível, ainda há uma chance. Então nos diga, John-san, o que é preciso para uma mulher te fazer olhá-la mais de uma vez.

Eu jurava que tinha uma conotação sexual ali, nesse "olhá-la", Johnny poderia não entender o idioma mas ele sabia bem ler as pessoas por gestos e postura.

Riu fracamente e estalou a língua quando eu terminei de falar.

– Acredito que não há uma fórmula exata para isso, eu gosto de coisas novas, situações que eu nunca tive que lidar antes, resumidamente desafios. Gostava de ficar na minha zona de conforto, mas por estar tanto tempo nela, passei a ver cada vez menos graça na atenção que me vinha facilmente. – Cafajeste. Johnny falará de forma tão sútil sobre sua relação com mulheres que nem parecia estar falando necessariamente de encontros casuais.

– Você é do tipo que tanto mais negado é, mais quer, então?

Eu ouvia alguns murmurinhos dos funcionários falando que a audiência estava subindo, aquilo era um talk show ou um programa de relacionamentos afetivos?!