Capítulo 1

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O menor cômodo da casa da família Nogueira era o quarto do Ariel, isso se não levasse em consideração os banheiros. Ele não via isso como algo negativo, a cada trinta dias aproximadamente, sua mãe, uma mulher terrível em sua opinião, o obrigava a faxinar "sua caverna", e devido a sua incapacidade de manter as coisas em seu devido lugar, perderia mais que um dia inteiro se o espaço fosse maior.

Ariel dormia tranquilamente em sua cama Box em meio a um emaranhado de lenções, travesseiros e roupa suja. A cama havia sido estrategicamente posicionada no canto mais distante da única janela do cômodo, que mesmo com uma cortina grossa na cor azul-marinho deixava a luz de fora entrar iluminando as roupas, livros e embalagens do lanche noturno que se misturavam e acumulavam no chão. O guarda-roupa estava posicionado do lado da janela do quarto, as portas estavam há tanto tempo abertas que já haviam acostumado com a função que lhes foi atribuída, receber a toalha molhada e garantir que ela secasse. As paredes haviam recebido uma camada de tinta em um tom mais claro que o da cortina, e estavam cobertas de desenhos que ele fez usando somente grafite, para garantir que não iria perdê-los, os colava no único lugar que era impossível desorganizar.

Foi acordado por uma batida forte e insistente em sua porta, antes mesmo de abri-la sabia que era o Michael, ele era a única pessoa intima o suficiente para bater em sua porta, além de seus pais, que nunca perturbavam o seu sono em um final de semana, era uma regra que havia sido estabelecida no inconsciente coletivo da família Nogueira e todos respeitavam, o sono no final de semana era sagrado.

Ariel mesmo a contragosto abriu a porta e encarou o seu amigo, e sem verbalizar uma palavra passou a mensagem com os olhos, "como ousa me acordar em pleno sábado?" Mas o garoto pareceu não entender, passou por ele empurrando-o contra a parede e foi até o único lugar limpo do quarto, a sua mesa de desenhar, e então se sentou em sua cadeira de desenho, outra coisa que o deixava estressado, só ele e o seu gato tinham permissão de usar aquela cadeira.

Michael era um garoto alto, cerca de sete ou oito centímetros a mais que Ariel, tinha um rosto comum, porém bonito, que combinava com o seu cabelo loiro e liso, ele era um cara "bem afeiçoado". Mesmo que Ariel nunca cometesse o erro de pronunciar isso em voz alta, tinha que admitir, isso atrelado ao fato de ser jogador de futebol e ter um corpo trabalhado na academia fazia do seu amigo um sucesso entre as garotas, mas se elas soubessem o quanto ele poderia ser estúpido, talvez, só talvez, ele não fosse tão popular.

_O que você faz aqui antes do meio dia? – disse Ariel voltando para a sua cama.

_ Eu vim te ver "sereia" – disse o garoto exibindo um sorriso largo e extremamente branco.

Sim, ele acabou de usar o termo sereia para se referir ao Ariel, não é difícil saber o motivo. Quando se tratava de originalidade Michael não era o melhor exemplo.

_Sereia? Sério Mica que você vai continuar com isso? – disse o garoto com a voz abafada pelo travesseiro.

_ Ariel, você tem o mesmo nome que ela e a mesma cor de cabelo, vey, você é a princesa da Disney. – concluiu o garoto em tempo de segurar o travesseiro que foi arremessado contra ele.

_Vá embora, preciso dormir – choramingou Ariel puxando o lençol para cobrir seu rosto.

_Nada disso, se arrume e me encontre lá fora, precisamos escolher os pretendentes para seu próximo encontro, vou deixar você escolher algumas opções para que eu e Lis tomemos a decisão final.

Ariel revirou os olhos mesmo que o amigo não pudesse vê-lo, "escolher algumas opções?", não quero opção alguma, só quero dormir. O som da porta se fechando indicou que o Mica havia saído do quarto, tirando o cobertor do rosto ele bufou pelo nariz impaciente.

A DESVENTURA/AVENTURA AMOROSA DE UM ASSEXUALTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang