Capítulo 4

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        Ela disse sim. E nem mesmo sabia ao certo o porquê. Talvez porque ela achou que concordar era o jeito mais fácil de fazer James calar a boca. Ou porque ao continuar rebatendo os argumentos de James ela se deu conta de que aquela discussão não era diferente das que eles tiveram durante toda a vida e que James podia ter razão ao dizer que a relação de primos deles não iria mudar. Ou simplesmente porque durante algum momento do discurso de James a boca dele chamou a sua atenção e ela teve vontade de beijá-lo de novo. O que importa é que no final da história ela disse sim e os dois selaram um acordo.

        Eles continuariam sendo primos acima de tudo e por isso não teriam nenhum tipo de sentimento estranho sobre o outro; ninguém poderia saber sobre; eles não estavam em um relacionamento e poderiam sair com quem quisessem e quando um dos dois quisesse acabar o outro aceitaria sem reclamar. Se eles sentissem a necessidade de estipular qualquer regra nova eles poderiam falar a qualquer momento.

        A primeira vez que o acordo deles foi posto em prática, por assim dizer, foi durante uma festa chata do Ministério que eles tinham que ir devido a importância dos seus pais e de sua família para o mundo bruxo. Rose já não aguentava mais sorrir pra pessoas desconhecidas que lhe diziam o tempo todo o quando ela era bonita e parecida com a sua mãe. Seus pés doíam de dando ficar em pé com aquele salto e ela só queria que passasse logo a uma hora que faltava para o horário que ela, seu irmão e seus primos tinham combinado com seus pais que iriam embora. Ela estava finalmente sentada em uma mesa qualquer em um canto afastado do salão quando James se jogou ao seu lado parecendo ainda mais cansado do que ela. Para James aquelas festas eram ainda piores, não só por ser o primogênito dos Potter, mas também porque ele trabalhava como Auror no Ministério e ele realmente conhecia a maioria daquelas pessoas e precisava ser simpático com elas.

— Eu não aguento mais. — Murmurou para a prima.

— Falta uma hora para a nossa hora de ir embora. Ou você tem que ficar um pouco mais, senhor Auror? — Implicou Rose divertida.

— Não mesmo! — James exclamou alarmado — Daqui a uma hora eu me mando para casa com vocês. Ou melhor, você podia vir para minha casa comigo.

        Era agora. O último momento que Rose tinha para voltar atrás da sua decisão. Aceitar ir para o apartamento de James seria a resposta definitiva do acordo deles. Rose olhou para James e ele a encarava em expectativa. Quer saber, que se dane! Não adiantava fingir para si mesma, ela também queria aquilo.

— Por que não? — Rose ponderou e viu o primo abrir um largo sorriso.

        A partir daí os dois se tornaram exatamente aquilo que James falou, primos coloridos. Durante a maior parte do tempo eles agiam um com o outro da mesma forma que antes, mas quando estavam cansados, entediados, solitários ou tivessem qualquer outro motivo eles se encontravam no apartamento de James e ficavam juntos.

        Foi algo tão natural para eles essa mudança no relacionamento que o tempo foi passando sem que eles nem percebessem direito. As desculpas para se encontrarem começaram a deixar de serem usadas e eles perceberam que gostavam de passar o tempo juntos no seu mundo particular. Tinha vezes em que passavam todo o final de semana deitados na cama brincando e rindo de coisas bobas e depois se encontravam na Toca e agiam como os parentes que eram. Se algum familiar percebeu que eles pareciam mais íntimos do que o normal, nunca comentou. E assim os meses viraram anos, cinco anos para ser exato, e quando Rose se deu conta ela já estava envolvida além da conta nessa história. Ela já estava perdidamente apaixonada pelo primo.

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