Chuva na Cidade

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Localizada em meu mais íntimo interior,
Se encontra uma cidade fantasma,
Onde apenas minha alma consegue vislumbrar.

Seus prédios são formados por lembranças,
Suas ruas e becos formados por escolhas.
Nuvens feitas de sonhos e esperanças,
Pontos turísticos retratam momentos marcantes,
E o céu parece mudar conforme a cidade está se sentido.

O local pulsa a cada segundo que passa,
Algumas vezes lentamente, outras vezes rapidamente.
Tem até vezes,
Que parece que tudo vai desmoronar.

Caminho em silêncio pelas ruas,
E consigo ouvir vozes nostálgicas saindo dos prédios,
Vozes que um dia se uniram para construí-los.

Segure minha mão,
Vamos escalar as montanhas,
Formadas por palavras que nunca foram ditas.

Olhe para o céu e me diga,
Com o quê essas nuvens se parecem.
Me diga se algum dia eu irei conseguir  alcançá-las,
Antes que se dissipem.

Sentimentos, em forma de flores,
Preenchem os campos e decoram a cidade.
Regadas pelas mais diversas palavras,elogios ou difamações.

Paquerando as estrelas ao luar,
Percebo fantasias e imaginações brilharem nesta cidade sentimental,
Enquanto me rasgo em frustração e desejo.

Me sinto tão sozinho aqui...
Ouço vozes em meus ouvidos,
Sinto espíritos e fantasmas me tocarem.

Ás vezes olho ao redor,
E sinto que tudo isso deveria acabar.
Como se as noites chuvosas durassem mais do que os dias ensolarados.

Uma cidade fantasma,
Atormentada por significados e sentimentos.
Monstros internos e memórias inapagáveis.

Às vezes...
Parece que tudo aqui vai desmoronar...

Como se fosse o fim de tudo,
A vida tenta fugir,
Tudo começa a virar poeira.

E a linda paisagem mórbida e retrô
Vai se transformando em cinzas,
O lindo roxo vai se dissipando ao vento.

Mas quando tudo parece morto e esquecido,
Um grande balão passa pelo céu.
Sua cor amarela é tão radiante e brilhoso,
Que aparenta levar vida por onde passa.

Eu não consigo parar de admirar sua beleza imensurável.
Um sentimento de amor cresce em mim
À cada segundo que olho,
E a saudade vem sempre que me sinto cada vez mais distante.

Toda a cidade já era pó.
E o balão seria sua última lembrança.

Porém,
De repente, enquanto o balão sumia no horizonte,
Vejo uma silhueta de uma pessoa dentro dele.

Alguém ao qual me apaixonei,
Uma pessoa que não me pertencia.
E pela primeira vez, depois de muito tempo,
Eu não me senti sozinho nesta cidade.
Mesmo que esta não existisse mais.

Corri desesperadamente em sua direção,
Eu não queria perdê-la.
Eu não queria ter que dizer "Adeus".

Foi quando ela me olhou,
E com um simples gesto,
Se despediu de mim para sempre...

Eu estava finalmente quebrado.
Destruído, abandonado e vazio.

Perdi tudo o que eu tinha
E só me restavam memórias.

De tanta dor que sentia em meu peito,
Uma única lágrima cai do meu rosto.

Ao tocar no pó, que um dia foi uma cidade,
Toda a poeira subiu para o céu.
Transformando-se em uma nuvem grande e cinza.

Era tão imensa que cobriu todo o céu,
E dela vejo uma chuva.
Uma chuva de dor e lágrimas,
Sofrimento e tristeza,
Momentos bons e ruins,
Prazer e felicidade.

Todas as gotas ao se chocarem com o chão,
Começaram a reconstruir a antiga cidade.

A minha cidade fantasma...

Parecia mágica,
As coisas voltaram aos seus lugares,
A esperança voltou aos ares.

Como uma fênix,
Meu coração das cinzas voltou.
Como o Salvador,
Minha mente ressuscitou.

Através da dor e tristeza,
Eu me levanto.
Nem que seja
Pra cair de novo.

Em meus sonhos inquietos,
Eu vejo aquela cidade.

E ao fundo,
Com seu lindo balão,
A pessoa que nunca me pertenceu.

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