41º Capítulo

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Um novo dia chegou e com ele, os raios de sol de uma primavera cada vez mais quente e mais agradável. Cármen mexeu-se, mudando de posição e procurando com a sua mão alcançar Filipe e depressa notou que ele já se tinha levantado.

- ¿Cariño, que te pasa? – Perguntou ao ver o rapaz, sentado no chão da varanda.

- O meu elemento está estranho. - Disse, passando a mão no seu pescoço. – Sinto-me sufocado…

- Sufocado? – Perguntou Cármen preocupada e levantou-se rapidamente indo ao encontro de Filipe. – Usaste algum tipo de magia que não devias?

- Não. – Respondeu. – Aliás, lembra-te que estive na ilha, no altar. Não estive consciente, apenas a alimentar a minha magia e portanto, isto não se justifica. É estranho, nunca senti algo assim. Nunca senti nada assim em toda… - Parou para pensar um pouco.

- O que foi? – Perguntou no mesmo tom preocupado. - ¿Te acuerdas de algo?

Vó, o que é isso? Está a fazer-me com que me sinta estranho…

Filipe levantou-se rapidamente e pela varanda procurou por um rosto conhecido nas pessoas que passavam tranquilamente pela rua. Observou-as em silêncio. Contudo, nenhuma lhe era familiar. Diante do silêncio e agitação aparente do feiticeiro do fogo, Cármen tentava entender o que estava a acontecer para deixá-lo assim.

- Tive a impressão de que… a minha avó estaria pelas redondezas. – Falou após um demorado silêncio.

- ¿Tu abuela? Mas o que tem ela a ver com o estares a sentir-te mal?

- Não sei. Estou um pouco baralhado. – Disse, continuando a sentir-se cada vez mais sufocado. – Preciso de ir a casa. Preciso de falar com o Ricardo e o Tiago.

- Sim, é melhor. Depois falamos.

- Sim, não te preocupes. Eu volto. – Disse, beijando-a.

Em casa dos feiticeiros, Ana estava sentada nos degraus da entrada. Observava o bosque e ao levantar o rosto para o céu azul e sem nuvens, pensou:

“Este pressentimento mancha este céu azul em tons de sangue”.

- Ana madrugaste?

Ela sorriu para Tiago que também observou o céu.

- Um dia de primavera tão bonito e ao mesmo tempo com outra coisa qualquer que não sei dizer o que é… - Disse pensativo, não reparando no ar preocupado de Ana que decidiu entrar em casa e começar a preparar o pequeno-almoço.

Algum tempo depois, Dalila acordou e sorriu ao ver que Ricardo ainda dormia com um ar muito relaxado. Normalmente, acordava sempre cedo e já com uma expressão séria que muitas vezes não o largava, às vezes até quando dormia. Porém, desta vez, estava calmo.

Quando se começou a mexer, Dalila deu-lhe os bons dias.

- Bom dia. – Disse Ricardo também com um sorriso. – Que horas são?

- Quase nove e meia. – Respondeu a rapariga, olhando para o relógio na mesinha de cabeceira. – Não te acordei antes porque eu própria estava a dormir muito bem.

- Não faz mal. Hoje vou ter um dia longo por isso, dormir um pouco mais foi bom. – Disse, sentando-se na cama.

- Já vais ficar assim tão pensativo pela manhã? – Perguntou, apoiando-se nos ombros do rapaz.

- Não devia, eu sei, mas acordei com um pressentimento estranho. – Disse, virando-se um pouco para beijá-la e de seguida, levantou-se. Depois da higiene pessoal e de tomarem o pequeno-almoço, Dalila ficou a arrumar a cozinha juntamente com Ana e Jéssica que não conseguiu resistir à curiosidade de perguntar qual o motivo da boa disposição de Dalila.

Viver com ElesWhere stories live. Discover now