V - But you're here in my heart

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P E P P E R

Eu vou ver o Tony. Esse é o primeiro pensamento que me vem em mente assim que desperto. Mal dormi durante essa noite, basicamente cochilei por poucas horas, e eu me sinto exausta.

Não sei onde estávamos com a cabeça quando 14 anos atrás fizemos esse acordo estúpido. Se está sendo tão difícil um reencontro agora, como conseguimos acreditar que 18 anos depois seria mais fácil? Uma coisa é certa, não estávamos pensando direito.

Olho para o lado e encontro a Vi ainda adormecida. Ela passou a noite comigo e da última vez que dormimos juntinhas assim ela tinha apenas 11 meses e estava com uma pequena infeção de ouvido. Eu sei que é real, mas tenho dificuldade em acreditar que ela está aqui. A minha pequena loirinha de bochechas rosadas e dobrinhas agora é uma linda adolescente cheia de atitude.

Afasto algumas mechas de cabelo que caem sobre seu rosto e o aliso carinhosamente por alguns instantes, tentando decorar cada tracinho, mesmo que se demonstre iguais ao da Ella. A Vi parece tão serena que parte meu coração lembrar que um dia ela acreditou que eu não à amasse. Logo, sinto um calafrio percorrer minha espinha e um embrulho se instalar em meu estômago, tento me livrar da ansiedade permanecendo deitada por mais alguns minutos, mas sei que evitar começar meu dia não é a solução então, respiro fundo e me levanto com cuidado para não acordar a Vienna.

Vou até o banheiro e lavo meu rosto com a água fria que cai da torneira, observo meu semblante no espelho e percebo que vou ter trabalho para esconder as olheiras. Retiro minhas roupas e entro no chuveiro em seguida. Até então, o roteiro que havia sido criado em minha mente sobre como seria minha conversa com o Tony parecia perfeito, mas agora começa a se demonstrar sem sentido.

Para piorar a situação, sem me dar conta, não estou mais pensando na confusão em que nos metemos quando nos separamos, mas em como revê-lo me afetará. Será que ele continua com aquele sorriso que me faz derreter? Será que continua tão galanteador e carismático? Será que ainda pensa em mim? Esse último pensamento me assusta e eu passo a me concentrar exclusivamente em terminar o banho antes que enlouqueça.

Acabo demorando um pouco mais que o de costume para ficar pronta. Quando saio do banheiro a Vi já não está mais na cama e se ela continua tão pontual quanto eu me recordo, sei que já deve estar se arrumando. Estou terminado de me vestir quando ela aparece no closet coberta por um roupão lilás segurando duas peças de roupa.

Automaticamente eu sorrio.

— O que foi? -Vi pergunta com as sobrancelhas arqueadas e o nariz levemente franzido.

— Apenas me recordando de uma cena sua de anos atrás.

— Constrangedora? Por que se for como as do papai, eu não quero ouvir.

Eu rio, já imaginando o quanto vou amar ouvir todas essas histórias. Das minhas duas garota, a Vi sempre foi a mais espoleta. — Não é constrangedora, é fofa. - Digo a ela. — Você tinha completado 1 ano havia poucos dias e eu estava trabalhando em um desenho quando você apareceu no quarto usando uma blusa minha nesse mesmo tom. Obviamente, ficou enorme e só consegui fazer você tirar depois de brincarmos por horas de modelo.

— Brincávamos de modelo?

— Você adorava vestir as minhas roupas e a do seu pai. Sempre dizíamos que você acabaria entrando paro o mundo da moda.

— Eu odeio não me lembrar disso, parece ter sido divertido.

— Para você sim, mas para nós nem tanto. Era terrível ter que arrumar toda a bagunça que você fazia nos closets. Sempre foi seu espaço favorito. -Faço uma careta ao me lembrar da cena. — E o trabalho que dava para conseguir tirar nossas roupa de você?

What if we rewrite the stars?Onde histórias criam vida. Descubra agora