Capítulo 5 - Adrian manda lembranças

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O bordel estava lotado. As mesas estavam repletas de garrafas vazias que eram repostas a todo instante. Garçonetes e prostitutas caminhavam apenas com as roupas de baixo. Trabalhadores, jovens, ricos e até vampiros partilhavam daquele local.

Não existia nenhum tipo de confusão. Todos estavam embebidos em luxúria. Preocupavam-se apenas em divertir-se e apalpar as moças que passavam ao alcance de suas mãos. Era um território neutro, onde as diferenças eram esquecidas. Os problemas, caso surgissem, deveriam ser resolvidos fora dali. Os guardas eram em sua maioria vampiros e estavam fortemente armados, eles garantiam que a paz fosse mantida.

Esta noite um dos mais importantes vampiros da cidade estava lá. Sua presença gerava terror e admiração. Era conhecido por sua arrogância e pela sede de poder. Como a maioria dos vampiros ele caminhava sozinho, sem nenhum tipo de proteção. A cidade era comandada pelos vampiros, não havia qualquer tipo de ameaça aos seres da noite. Seus olhos negros apreciavam as curvas humanas com grande deleite. Trajava uma camisa longa da mais pura seda, de cor branca. Uma capa azulada cobria-lhe os ombros e era presa por um broxe de ouro a altura do pescoço. A calça preta descia até os joelhos, onde encontrava-se com meias longas e brancas.O sapato era preto e brilhava as luzes das lamparinas. O cabelo castanho descia pelas costas em uma trança de tamanho médio.

Ao seu lado sentavam dois comerciantes. Já estavam na casa dos cinqüenta anos de idade e carregavam a experiência em suas feições. Ambos estavam acima do peso e possuíam finos bigodes grisalhos, que estavam devidamente penteados e aparados.

– Senhor Hunan, já ouviu os rumores sobre Alexandria? – perguntou o comerciante que usava uma elegante cartola.

– Não me preocupo com tais boatos meu caro amigo... Para mim não passa de um absurdo, qualquer homem que espalhasse tal calúnia deveria ter a língua cortada – respondeu com sua rispidez clássica.

            Os comerciantes entreolharam-se e deram mais um gole de vinho. Desta vez o outro comerciante levantou o dedo indicador, pedindo a palavra.

            – Fale – concedeu o vampiro.

            – Nossas fontes são confiáveis senhor, tivemos que pagar uma boa quantia para recebermos as informações... Dizem que o exército dos caçadores ressurgiu e cresce a cada dia.

            – Bobagem! O poder dos vampiros prevalecerá sobre qualquer coisa, mesmo que isto fosse verdade, de nada adiantaria... Seriam esmagados e teriam até a última gota de sangue bebida por nós – os olhos de Hunan emitiam um brilho sinistro, o que fez com que os comerciantes desistissem da discussão.

            As pernas dos homens tremiam nervosamente. As notícias eram verdadeiras, ao menos eles acreditavam que fossem. Hunan os mostrara o quanto um vampiro poderia ser terrível, nunca teriam coragem de enfrentar tal criatura. O exército de caçadores iria sucumbir mais uma vez.

            Resolveram apenas comer e beber enquanto apreciavam as mulheres. Conversas esparsas sobre motivos quaisquer surgiam esporadicamente.

            Nas proximidades daquela mesa estava um homem de sobretudo de viagem. Suas vestes eram em sua maioria negras e amarronzadas. Sua pele era tão escura quanto as sombras que ali estavam. Os olhos eram de um branco amarelado e exibiam sagacidade. Por baixo dos tecidos estava um corpo magro e repleto de cicatrizes. O cabelo preto era curto. A barba volumosa cobria parcialmente os lábios.

            O sujeito estava sozinho. Fumava seu cigarro tranquilamente enquanto petiscava pedaços de carne com queijo. Bebeu um grande gole de vinho e deixou que as gotas escorressem pela barba.

O Caçador - O Covil das BruxasWhere stories live. Discover now