Dias Simétricos, Noites Conflitantes

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Com o fim do ensino médio tão próximo, a pressão que já era grande foi crescendo com o passar dos dias. As cobranças incansáveis dos professores, dos familiares e a mente que não sossega, sempre me lembrando de ter alguma tarefa para fazer ou um conteúdo para estudar. Sentia-me esgotada com tantos trabalhos e matérias para ver e rever, muitas vezes, sem muito compreender claramente. Decidi, então, preparar um horário com uma rotina de estudos, para organizar minha rotina em horários não muito cansativos e que me ficasse algum tempo para curtir e relaxar, facilitando assim, minha mais fácil compreensão e meu empenho nos estudos.

Nas horas em que passava estudando, com a luz amarela da luminária dando-me náuseas e uma dor nas costas intensa após me curvar por apenas alguns minutos sobre meus cadernos, sentia-me como se fechada em um fundo poço. Eu adorava ler, ler meus livros de fantasia e histórias incríveis; não conceitos de física...

A fim de evitar me distrair enquanto estudava, deixava o celular fora de meu alcance. Distante dele, distante dela. O tempo, como que inimigo meu, com seus ponteiros andando em um tão preguiçoso ritmo, parecendo que suas pilhas já haviam sido postas há tantos meses atrás. Vez ou outra pegava alguma balinha ou um chiclete em minha mochila, que comprava no mercadinho perto da escola, como consolo e, também, um incentivo para continuar ali por mais algumas horas.

Como tinha poucas horas disponíveis durante o dia, passava a madrugada falando com Hannah e atualizando minhas séries. Ouvindo sua voz e vendo seu rosto (e seu sorriso tão lindo, ah!) ao estar deitada em minha cama sob meus cobertores, sentia como se estivesse ali comigo, junto de mim, falando com seu sotaque português perto de meu ouvindo, com tantos risos durante nossas conversas. Queria tanto poder abraçá-la e poder falar olhando em seus olhos o quanto ocupava minha mente durante todos os meus entediantes dias rotineiros, que só se faziam bons ao anoitecer, com suas mensagens de voz a chegarem em meu celular.

Sempre discutíamos sobre ideias de nos encontrarmos algum dia, talvez, nas probabilidades e nas condições, o que nos deixava com um aperto forte no peito, pois havia muitas chances de nunca ocorrer. Eram esses pensamentos que me consumiam ao deitar para dormir, todas as noites, sem exceções. Bem, se Alice pensava em seis coisas impossíveis antes do café da manhã, por que eu não poderia pensar em uma coisa certamente, até agora, impossível, antes de dormir?

I Don't Wanna Be Your Friend, I Wanna Kiss Your LipsWhere stories live. Discover now