Narrador - MEMÓRIAS.

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Eu não gosto do meu reflexo, eu não gosto do que eu vejo, eu estou assustado com a minha própria sombra. Você joga essa dúvida em mim, mas eu ainda sou o único? 

(Daniel Powter,  Am I still the one?)


Segunda metade de 2017, Agosto, sexta-feira 13.

Billy e Anne decidiram sair em seu primeiro encontro, a ruiva estava empolgada, tinha passado meses conversando e flertando com o menino lindo de cabelos loiros e olhos azuis oceânicos divertidos, ela chegava mais cedo na faculdade todos os dias apenas para poder tomar um milkshake de amêndoas e chocolate com ele. Billy a fazia rir, esse era um dos aspectos que mais atraia ela, além de é claro, seu charme badboy, o menino era inteligente e carismático, sempre atencioso com ela, trava-a como uma princesa. Anne sentia que fazia parte da realeza quando estava com ele.

Billy a levou para um lugarzinho chamado Poisson, ele era simples e ao mesmo tempo chique, servem frutos do mar, um dos pratos que a ruiva mais amava.

O homem havia planejado aquele encontro até os últimos detalhes, pediu uma mesa no canto mais escuro do restaurante para conseguir decorar do jeito que queria; colocou com pisca-piscas pela mesa e no ambiente, pois Billy sabia que a ruiva amava a forma vivida e sincronizada que aquelas luzinhas piscavam; exigiu um garçom para a sua mesa, garantiu que pagaria, no final do jantar um extra para o estabelecimento e para o funcionário. Foi uma noite mágica, chegaram a dançar "Love Story" da Taylor Swift no meio do restaurante, ela colocou sua cabeça no ombro do loiro e respirou seu perfume forte e marcante.

Eles se beijaram no final do encontro: o primeiro beijo de muitos deles. Foi incrível, Anne sentia que podia continuar naquele conto de fadas por anos.

Mas, infelizmente, contos de fadas acabam por uma razão específica: depois que o casal fica junto, a história passa a ser monótona, ninguém que lê ou assiste contos querem continuar acompanhando uma estória que vai apenas retratar duas pessoas bem resolvidas juntas, fazendo coisas do cotidiano. Não tem graça.

Sábado, 20 de Abril, 2018.

Anne se olhava no espelho do banheiro depois de ter tomando um banho de pelo menos uma hora. Ela encarava seu reflexo naquele pedaço de vidro com melancolia, seu rosto branco cheio de sardas irreconhecível e desprezível; as palavras eram feias, mas era assim que ela se sentia, não havia outra maneira de descrever.

Era aniversário de Billy, ou pelo menos, era até alguns bons minutos atrás, os dois estavam juntos a quase um ano ou talvez até mais um pouco que isso - Anne, ao contrário da opinião alheia, não era apegada a datas como a maioria das mulheres -, eles tinham combinado de ficarem juntos e novamente Billy fez brincadeiras de cunho erótico com ela, deixando-a sem graça.

Tinha falado com Ruby sobre isso e a loira falou que Billy estava sendo um babaca em pressionar ela para ter sexo com piadinhas sem graça e humilhantes, indiretas no twitter e encochadas embaraçosas, ele tinha de respeitar o tempo dela. Anne concordava com isso, mas uma parte de sua cabeça, aquela parte que começou a aparecer e tomou força depois de começar a se relacionar com Billy Williams, falou para ela que a ruiva estava sendo uma maricas insegura, essa mesma voz, de forma paranoica, disse para ela que quanto mais ela insistisse em negar o que seu namorado queria, mais distante ele ficaria com o tempo.

Ela não acreditava nessa voz, pesquisou na internet e achou alguns relatos dizendo que sim, os homens que não recebem sexo tendem a procurar em outro lugar.

Com medo de perder Billy, ela decidiu que daria "isso" para ele além de algo material, falou com Prissy sobre a ideia e a amiga aconselhou a ruiva a fazer apenas o que ela se sentisse confortável: "faça aquilo que você está pronta para fazer, peça para ele ser gentil, explique a situação. No início vai ser um pouco doloroso, mas passa, no entanto, se a dor ficar excessiva, mande ele parar na hora".

Meu professorWhere stories live. Discover now