Luz e Sombra e o Meio do Caminho

Suas próprias trevas

E se eu fechar os olhos para não ver e minha mente me trair, me fizer imaginar? Sim, ela pode ser bem cruel. Me iludindo, fazendo-me acreditar que posso me salvar daquela realidade cheia de sombras por todos os lados, onde as trevas consomem a luz, inexorável. 

Meus olhos não querem ver, mas eu preciso. Não posso deixar que meus pensamentos me consumam. Preciso deste elo com o que estou vivendo. Se eu desistir e me entregar à minha mente vou estar cedendo também à loucura. Viverei meus dias num mundo coberto de Névoa, pois minha realidade será somente a que minha mente projetará. E apesar de eu tentar ser otimista, o medo já terá me consumido, e, portanto, só incindirá escuridão à minha volta. Onde for, eu estarei carregando minhas próprias trevas, contaminando os poucos feixes de luz que aqueles mais fortes conseguiram manter.

    Não, tenho de manter os olhos abertos. A mente aberta. Preciso que ela esteja pronta para liberar este negrume, e consequentemente, abrir espaço para esta claridade entrar. Preciso alcançar o equilíbrio. Mas não sou única.

Apesar de tudo, vejo que muitos se encontram na mesma situação que eu, mas eles não conseguem reconhecer a situação. Se acomodaram no meio do caminho, e se satisfizeram com alguns tons de cinza. Eles não sabem pois nunca se questionaram. Mas eu sim. 

Eu acredito que haja mais que essa monocromia a que estamos acostumados. Eu não sei de onde veio, mas eu tenho uma certeza dentro do meu coração, gritando para meu cérebro ouvir, dizendo que essa luz é o total, que devo encontrar o que procuro por partes. 

Sim, agora entendo. Devo manter meus olhos abertos. Agora acostumados ao ambiente percebo: nem o mais profundo breu se dá em um só tom. Quanto mais observo mais me dou conta da dispersão cromática acontecendo. Ou talvez sempre estivesse lá, mas para mim este é o início. Para mim, é aqui, quando começo a imergir das profundezas dessa sombra, que nasce meu arco-íris.