Capítulo 4: Agnes

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Dor!

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Dor!

      É a primeira coisa da qual eu tenho consciência, alguém parece cravar uma faca no alto da minha cabeça repetidas vezes, quero gritar para que parem com essa merda, mas não sai nada da minha boca. Tento abrir os olhos uma vez, mas a luz em volta é tão forte que os fecho imediatamente, e no mesmo instante começo a ouvir vozes, parecem ser um homem e uma mulher discutindo. Forço meus olhos de novo, arde tanto que tenho de piscar várias vezes até começar a lacrimejar.

     Consigo ver o teto, é branco demais, então viro a cabeça para o lado esquerdo, para ver quem está espetando minha cabeça, vejo apenas uma barriga saliente coberta por uma camisa lilás. Subo o olhar e vejo um homem velho, empapuçado, de cabelos grisalhos. Ele me olha de volta e abre um sorriso mostrando dentes amarelos demais, na mão dele tem uma agulha que mais parece um gancho sujo de sangue.

     O grito escapa sem que eu tenha o planejado, sinto meus lábios se rasgarem de tão ressecados. Viro a cabeça para o outro lado, evitando olhar outra vez para aquela agulha, quero pedir para que tirem a mão de mim, mas não consigo fazer com que minha boca obedeça. Meus olhos se focam na figura de um homem, ele me olha de volta com os olhos castanhos arregalados.

— O-oi! – Diz ele gaguejando.

    Não o conheço, tento buscá-lo em minha mente, mas não me vem rosto nenhum além do velho que estava enfiando a agulha em mim. Não o conheço... não conheço o velho e não sei que lugar é esse. Me encolho com medo, e a dor na minha cabeça não é nada comparada ao choque que percorre meu corpo partindo da minha perna esquerda, escuto assustada o meu próprio grito e tudo fica escuro de novo.

    Há várias palavras soltas na minha cabeça, cirurgia, perna, Salles, anestesia, Agnes, médico, elas parecem um monte de bolinhas saltando na minha mente, não há uma cena especifica para elas, e nem sei porque as decorei, mas me apego a elas, re...

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    Há várias palavras soltas na minha cabeça, cirurgia, perna, Salles, anestesia, Agnes, médico, elas parecem um monte de bolinhas saltando na minha mente, não há uma cena especifica para elas, e nem sei porque as decorei, mas me apego a elas, repetindo-as: cirurgia, perna, Salles, anestesia, Agnes e médico. E isso continua até que eu começo a ver uma rua, é como se eu estivesse a enxergando de cima, parada em um ponto mais alto, com medo da distância até o chão.

— Vai, Agnes. Pula!

    Escuto a voz infantil mas não consigo ver quem falou.

    Estou concentrada no chão abaixo de mim, então vou me aproximando rápido demais dele e a dor explode em cada milímetro do meu ser.

Ingênua [COMPLETO]Where stories live. Discover now