Capítulo IV

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Fevereiro chegou e com ele o gelado inverno de Bethton começou a perder sua força. As pessoas ainda permaneciam em casa a maior parte do tempo, com exceção de algumas visitas que faziam para os amigos que moravam mais próximos. O frio ainda era perceptível, mas uma caminhada curta pelas ruas já era possível sem que alguém congelasse.

Thomas e Katherine aproveitaram esse inicio de melhora no tempo para darem uma volta pelo jardim, ainda congelado, da propriedade e conversarem sobre as ultimas decisões. Depois da conversa que haviam tido na carruagem no mês anterior Katherine só precisou de uma semana para orar, pensar e entender que sua decisão estava tomada. Ela assumiria o cargo de Governanta.

Uma vez tomada a decisão, ela expulsou de seu coração todo o espaço para o medo e o desânimo e sentiu a expectativa por essa nova etapa crescer. Thomas procurou pessoalmente uma família adequada entre os contatos que eles tinham. A noticia de que os Ellis estavam falidos começou a se espalhar tanto na parte rural quanto na área mais central de Eithtwon. Seria ingênuo dizer que tudo permaneceu igual, que todos foram compreensíveis e que o circulo social de Katherine e Thomas permaneceu inalterado. As pessoas se afastaram, comentários duros circulavam. Várias damas, que felizmente Katherine nunca havia considerado de fato amigas, lançaram olhares de pena e sutil desprezo quando souberam que a antiga herdeira dos Ellis agora era a mais nova aspirante a governanta de Eithtwon.

Katherine estava certa ao dizer para Thomas que as pessoas daquele país em geral tinham muito respeito por profissões como a que iria assumir, mas estava errada ao supor que muitas dessas pessoas teriam o mesmo respeito por uma grande herdeira completamente falida. As pessoas podiam ser cruéis até mesmo na pequena e escondida nação de Bethton.

No entanto, os dois irmãos buscavam se concentrar nos amigos reais e verdadeiros que permaneceram e agora eram uma fonte de apoio preciosa. Eles não estavam tristes ou desesperados, aliás uma característica que os dois compartilhavam e que era mais valiosa do que qualquer semelhança física era a capacidade de encontrar rapidamente o contentamento e, ao invés de ficarem se lamentando, concentrarem os esforços no que a situação pedia naquele momento. Era isso o que faziam enquanto caminhavam naquela manhã de fevereiro.

-Então é isso, Katie. A compra da casa está quase finalizada.

-E quando nos mudamos?

- A nossa nova casa está passando por algumas reformas, mas creio que poderei me mudar para lá logo no início de março;

Katerine não deu atenção para o fato de o irmão haver usado o singular, isso porque seus pensamentos estavam em outra coisa.

-E quanto aos empregados? A Srta Ward irá também?

-Não vamos precisar de todos que ainda nos servem e nem teríamos como pagar por isso. Mas notei que desde de a ultima viagem que fiz a Eithtwon você está mais próxima da srt. Ward, não é? Creio que poderemos mantê-la, mas não sei se ela gostaria de ir conosco. A família dela mora na região, ir mais para o centro de Eithtwon e ficar distante deles talvez não lhe pareça algo bom.

Katherine lembrou que com tudo o que acontecera ela não havia mencionado ao irmão a conversa que tivera com a cozinheira da família. Naquele momento contou para Thomas há quanto tempo ela trabalhava para família, como havia chegado ali e perguntou ao irmão o que ele achava sobre A Srta. Ward se dizer tão realizada em uma vida que não era em nada a que sonhara. Thomas respondeu com um sorriso, enquanto conduzia a irmã para dentro da residência já que ambos não estavam mais sentindo os dedos por conta do frio do Jardim.

-Eu lembro quando ela começou a trabalhar aqui. Eu era muito pequeno e você era um bebê rosado e cheio de cabelo. Ela realmente sempre nos serviu muito bem. Quanto a ela se sentir realizada o que penso é o seguinte: todos nós temos sonhos e desejos e isso é necessário. No entanto, algumas vezes, as coisas simplesmente fogem do nosso controle, os sonhos não encaixam por mais que a gente queira, a vida toma outra rota, creio que isso foi o que aconteceu com a Srt. Ward, quando os planos delas tiveram que ser deixado de lado ela poderia ter escolhido se tornar amargurada ou acreditar que a providência conduzia a sua história e assim ficar satisfeita. Acho que que agora sabemos que escolha ela fez.

As crônicas de Bethton: Katherine EllisWhere stories live. Discover now