Capítulo 3: Uma Enorme Mudança

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— Filha, o que houve? — diz minha avó, olhando para a minha mala.

— Posso passar uns dias aqui? — pergunto com os olhos cheios de lágrimas.

— Aqui é sua casa, Florzinha. Claro que pode! Mas o que houve?

— Eu e Jonathan brigamos — digo, sem dar muitas explicações.

— Nunca achei que ele fosse homem para você. Seja lá qual for a dor, não tem nada que um bom chocolate quente não ajude a melhorar — diz sorrindo, tentando me animar — ponha suas coisas no antigo quarto de Rebecca, mais tarde providencio roupa de cama e banho.

— Preciso tomar um banho agora, vovó — digo, suplicando com o olhar.

— Então vá enquanto preparo os chocolates. Já levo uma toalha limpa.

Tomo banho chorando. Não acredito por tudo o que passei hoje. Jonathan parecia um animal.

Minha avó bate na porta e depois entra com um jogo de toalhas. Quando estico o braço para pegar a toalha de banho que ela me entrega, seus olhos pousam no meu pescoço e seus lábios se transformam em uma linha fina.

Agradeço por sua discrição.

Vovó sai do banheiro sem dizer nada.

Seco meu corpo dolorido e ponho uma roupa. Escuto uma falação na sala e saio para ver o que está havendo.

Tati me abraça com força, fazendo com que meu corpo doa mais.

Olho espantada para ela.

— Como? — pergunto sem entender.

— Bernardo, vamos com a vovó na cozinha fazer bolinha de sabão? — pergunta minha avó.

Minha avó adora o Bernardo, mas sei que ela está nos dando privacidade.

— Quélo vovó — diz o pequeno Be — Uebaaaaa.

Ambos saem e ficamos sozinhas.

Tati pega uma almofada e senta-se no sofá pondo-a no colo. Sento-me ao seu lado.

— Jonathan me mandou mensagem, perguntando se você estava na minha casa — explica Tati — Sabia que se algo acontecesse viria pra cá.

— Nós brigamos.

— Acho que um pouco mais que isso, né amiga? — diz ela, apontando para o meu pescoço.

Conto tudo e depois fico em silêncio.

— Não tenho o que dizer, apenas te pedir desculpas. Nunca imaginaria que os presentes que te dei poderiam causar tudo isso.

— Não foi sua culpa. Eu poderia ter recusado, mas nada justifica a reação dele — digo, com os olhos querendo encher novamente.

— Queria poder tirar um pouquinho da sua dor.

— Obrigado — digo sem emoção.

— Nunca imaginei que ele fosse capaz de uma coisa assim — diz, pensativa — O que você disse pra sua avó?

— Apenas que brigamos.

— É uma enorme mudança. O que você pensa em fazer? — pergunta, minha amiga.

— Preciso buscar minhas coisas. Pensei em pedir para o Rogério ir comigo.

— Convenhamos Flor, seu cunhado e nada é a mesma coisa, né?

Os Espinhos de Uma FlorWhere stories live. Discover now