11 - Demônios à Oeste

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Quem luta com monstros deve velar por que, ao fazê-lo, não se transforme também em monstro

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Quem luta com monstros deve velar por que, ao fazê-lo, não se transforme também em monstro. E se tu olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti.

- Nietzsche

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Lynn

Tinha alguma coisa diferente, algo havia sido alterado no equilíbrio da magia de Keevard, dava para sentir. Só não sabia se aquilo seria bom ou não.

  Deixei Tisan no castelo e ganhei a noite novamente com as minhas asas. Não iria conseguir deitar e dormir, então era melhor gastar o resto da  minha energia fazendo uma patrulha sob os céus.

  Lembrei de quando voei com Kian pela primeira vez, fomos para as colinas uivantes onde ele me apresentou Tristan, o lobo de pele avermelhada que havia sido de Griffin em outra vida. Lembrar das feras controladas por Kira me descontrolava, imaginar Safira matando inocentes fazia meu estômago retorcer.

  Eu precisava fazer alguma coisa para ajudar Kian, trazê-lo de volta era minha prioridade, assim como destituir Kira de qualquer poder que ela tenha conseguido através de Eidolom. Eles tinham que cair, pelo bem daquele mundo.

  Enquanto sobrevoava a floresta pude notar um vulto correndo entre as trilhas de árvores. Uma criatura grotesca e inumana que parecia ter pressa.

  Aquelas bestas ainda estavam na floresta, elas haviam nos atacado assim que chegamos em Ghalan, dias atrás. Uma delas perfurou Kian e quase o tirou desse mundo. O que foi estranho, pois ele não havia sentido ela se aproximar, e nenhuma criatura viva podia machucar Kian tão facilmente.

  Forcei minhas asas a parar no ar, o que machucou meus músculos, pois meu corpo ainda estava sensível da luta com Kira. Mergulhei para as árvores tão rápido que a criatura só percebeu minha presença quando eu estava em cima dela.

  O monstro gritou quando afundei seu rosto na terra e peguei-a pelas costas para acertá-la em uma árvore próxima. A criatura se retorceu pela dor e levantou segundos depois, rosnando para mim com ódio.

  Era uma besta horrível, tinha pés que pareciam humanos, e sua coluna era curvada, as mãos tinham garras negras afiadas. A criatura em si era opaca, não tinha pêlos em seu corpo, seus ossos sobressaiam pela sua costas. Ela não possuia olhos, seu nariz era um buraco quase imperceptível e sua boca tinha fileiras de dentes afiados que agora eram direcionados a mim.

- O que você é? - sussurrei para mim mesma.

  A besta saltou com uma precisão incrível para cima de mim e usei minhas asas para dar um impulso rápido para o lado, desviando de suas garras grotescas. Forcei meu corpo para frente e desferi um soco no maxilar na criatura, ou onde eu achava que era o maxilar. Ela caiu no chão novamente, por tempo suficiente para que eu colocasse meu joelho em seu peito e segurasse aqueles braços nojentos.

  Ela tentou se esquivar, tinha uma força sobrenatural. Se eu ainda fosse a Lynn de antes com certeza já estaria morta. Mas Kian me treinou o bastante para saber onde direcionar minha força, e Griffin ainda me auxiliava com seus sussurros em minha alma.

- Você consegue falar? - perguntei, tentando entender o que aquilo era.

  Mas apenas gritos saiam daquela boca, enquanto ela se debatia desesperadamente.

  Eu já havia controlado o suficiente da magia dos elementos e não queria ficar dependendo  dela, mas havia outra parte do poder de Darius que eu podia usar naquele momento, o poder da mente.

  Quieta criatura.

Falei, dentro da cabeça daquele monstro, o que o fez parar imediatamente. A floresta agora parecia silenciosa sem os seus gritos, dava para ouvir sua respiração ofegante e consegui sentir um pequeno coração batendo sob meus joelhos ainda em cima de seu peito.

Consegue falar?

Ouvi um rosnado em minha mente outra vez, ela estava furiosa, mas apenas sons estranhos saiam daquela cabeça, ela não tinha o poder da fala, parecia primitiva demais. Mas eu sabia que existiam muitos deles, o suficiente para matar dezenas, e se ela não podia falar, eu a forçaria a me mostrar.

  Entrar naquela cabeça foi fácil demais, nenhuma defesa era posta ali. Eu estava dentro das lembranças daquela criatura, vi uma caverna escura rodeada de símbolos infernais e uma quantidade imensa delas esperando. Vi Eidolom guiando-as para a superfície, depois a luz ofuscou a lembrança e aquelas criaturas estavam matando uma população inteira, enquanto a terra parecia podre. As árvores estavam mortas e tudo ali era envenenado. Eu estava em Ghalan no dia que Griffin morreu, na guerra guiada por Hazor sendo instruído por Eidolom através do livro negro. Dezenas de pessoas foram mortas pelas bestas que o Senhor das Trevas havia criado.

E elas viveram ali por centenas de anos, se alimentando do veneno da terra, até aquele momento. Forcei as lembranças da criatura de novo, que voltou a se debater embaixo de mim, forcei-a a mostrar seu ninho e revelar onde aqueles demônios estavam escondidos.

  Estavam em Ghalam, abaixo de um precipício à oeste da floresta, em número suficiente para desestabilizar um exército inteiro. Mas agora eu sabia onde estavam e queimaria todas elas vivas.

  Não se atreva

Ouvi quando Eidolom entrou na lembrança da criatura junto comigo. Ele estava ali e não estava ao mesmo tempo, não podia me machucar e muito menos salvar sua criatura. Ele estava em outro plano, um que eu sabia que não podia me alcançar.

  Tente me impedir.

Desafiei Eidolom novamente, estava cansada dele, da sua existência imunda.

Se tocar em minhas criaturas, eu vou matá-lo.

  Eu sabia que ele estava falando de Kian, que estava sob seu poder.

Vou entrar tão fundo na mente do garoto que ele vai enlouquecer, e farei ele mesmo cortar o próprio corpo e sentir a dor de cada golpe, até fazê-lo abrir a própria garganta enquanto assistirei o sangue escorrendo no chão.

  O ódio que senti foi tão intenso que esmaguei a cabeça daquela criatura com minhas próprias mãos. Os membros e o sangue verde praticamente derreteram no solo, enquanto o corpo inerme desfalecia.

  Não podia deixar aquele antro de bestas vivendo sob minhas terras, eu precisava fazer alguma coisa para acabar com aquele exército de monstros. Eidolom estava forte demais e eu não podia deixar que tomasse toda Keevard para si. Ele afundaria novamente aquele solo no Caos.

  Levantei-me do chão enquanto limpava aquela coisa verde na minha roupa, era nojento demais.

  Caminhei até o castelo, pois precisava cansar ainda mais meu corpo e minha mente, eu tinha que dormir de alguma forma para que pudesse me recuperar e lutar de novo e de novo. Quantas vezes fosse necessário.

  Quando enfim cheguei na porta do castelo, os primeiros raios da manhã despontavam no horizonte, aquecendo minha pele gelada me fazendo lembrar de que ainda estava.

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Canção da Guerra

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