A sorte não está ao meu favor...

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E lá estava eu, seguindo em direção ao Conservatório de Música de Paris.
Era cerca de 6:00 A.M. A hora marcada para estarmos lá era 7:00, mas como eu queria causar uma boa impressão decidi chegar alguns minutos antes.
Continuei minha caminhada até chegar no ponto de ônibus.
Com ele eu chegaria mais rápido do quê a pé.
Assim que entrei me sentei em uma cadeira e tentei ficar calma.
Coloquei meus fones de ouvido e meu violino em cima do colo.
Estava no entanto tranquila até perceber o ônibus mudando o percurso.

- Temos que mudar a rota... Está tendo um protesto na principal - falou um senhor sentado ao meu lado.
Eu comecei a suar e me desesperar, será que iria demorar? Era só o que me faltava.
Comecei a contar números na cabeça,assim como habia visto para tentar amenizar o nervosimo.
De 1 a 10, de 10 a 100, de 100 a...?
Não adiantava.
Olhei para o relógio e constava 6:30, essa era a hora para eu estar lá.
Cadê meus pensamentos positivos agora?
Pessoas começaram a descer nas paradas e o tempo cada vez mais só corria.
Completou 6:40 e o motorista parou para abastecer o ônibus.
Já era...
A essa altura eu comecei a chorar desesperadamente.

- O que houve? - perguntou uma jovem mulher que estava sentada atrás aparentemente preocupada.

- N-nada - enxuguei as lágrimas e tentei esquecer a cena que eu acabei de fazer.
Cheguei no local na hora de 7:00 em ponto.
Quando abri a porta, havia vários jovens com violinos lá primeiro que eu.
Todos tiveram a mesma ideia?
Um homem chegou e guiou a todos para uma sala.
Nela entrou uma mulher com a cara fechada e o semblante sério.

- Sejam bem-vindos, se estão aqui é por algum motivo que eu não faço questão de saber. Quero apenas os melhores e se acham que vou pegar leve é melhor desistirem agora.

Ela se sentou e parecia esperar algo ou alguém...
Tentei permanecer focada na mesma observando seus passos, mas perdi minha concentração, quando uma menina começou a me chamar.
Seus olhos eram verdes e tinha uma junção com os enormes cílios, seu cabelo era curto e tinha uma coloração azul, os seus lábios estavam entreabertos com um sorriso meigo.

- Oi! - ela repetiu as palavras novamente.

- Ah... Oi - tentei ser amigável.

- Não lhe conheço... Você não tava na minha lista de risco... - me olhou com um semblante curioso.

- Lista de risco?

- Eu pesquiso sobre todos os meus competidores e coloco os melhores na minha lista de risco... Qual seu nome? - seus olhos se abriram ainda mais.

- E- emma, Emma Laframboise.

- Huuum... Framboesa... Prazer me chamo Gisele.

- Olá Gisele - depositei meu melhor sorriso no rosto.

Ela sorriu e voltou a falar.

- Vou te explicar sobre os "queridinhos" - fez aspas com as mãos e revirou os olhos, seu braço envolveu meus ombros e ela começou a falar olhando para os mesmos - Aquela com o olhar metido se chama Clara, ela é riquinha e eu duvido que não entrou com ajudinha dos pais.

Começamos a rir baixinho.

- Aquele mauricinho ali se chama Gaspar, ele se acha melhor que os demais e fica esnobando seus milhares troféus - fiz um "O" quando ela me falou - e por último o grande queridinho, Davi, ele é um dos melhores, se não o melhor, além de bonito toca super bem - olhei para o rapaz mas ele estava de costas para mim.

- Emma? - a mulher ne chamou e eu me assustei - quem foi o criador do violino?

Aquela pergunta havia me pego de surpresa.
Como eu havia esquecido seu nome? Eu estava tremendo e suando frio.

- Gasparo de Salò - uma pessoa aleatória falou e a mulher anotou algo em um caderno e vi quando ela escreveu ao lado do meu nome menos um.

Assim que terminou a aula saí de lá correndo.
Parei no caminho e comecei a me desesperar.
Eu havia me dedicado tanto e tudo havia dado errado.
O ônibus atrasou, eu havia ficado calada com uma pergunta que eu tirava de letra, e minha concorrente não me considera uma oponemte forte... Tem como piorar?
Foi só eu ter falado isso que o meu ônibus passou por mim como um flash.
Tentei correr atrás sinalizando e gritando, mas o motorista não ouviu.
Minha vontade era de gritar.
Teria que andar diversos km a pé, e como a sorte não está ao meu favor o tempo mudou e começou a chover.
Meu encontrei molhada e tremendo de frio enquanto tentava chegar em casa.
Andei por um tempão até parar um segundo para descansar.
Ouvi um barulho vindo do beco ao meu lado e me aasustei.
Eu já ia começar a correr quando ouvi um som diferente.
Vi a lata de lixo se mecher e fui me aproximando em passos lentos e cautelosos.
Respeirei fundo várias e vezes e senti como se fosse uma luz no fim do túnel aquela cena.

O Som do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora