Capítulo 2

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Seattle ~ Washington
2005

Seattle ~ Washington2005

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— Quero meus relatórios da reunião de amanhã na minha mesa daqui trinta minutos, Audrey. — A latina passa rapidamente pela recepção adentrando o grande elevador coberto por carpetes de cores robustas e fortes, o que já era uma marca da empresa.

— Bom dia para a senhora também. — A mulher retoma em um tom baixo, quase inaudível aos ouvidos de Callie. Sabia que não iria obter resposta alguma, tanto quanto todos os funcionários presentes naquele espaço.

Calliope Torres, a autoridade mais áspera, grosseira e rude que já existiu neste planeta, segundo sua equipe de expediente. Esses e outros adjetivos ruins eram falados no cotidiano dos mesmos para se referir a tal Srta. Torres. Na cabeça deles, ela não tinha coração algum e poderiam comprovar isso em várias situações que já ocorreram no trabalho, destrutivas emocionalmente a qualquer um, e a mulher permanecia intacta, sem lágrima alguma ou até uma pequena dor no coração. Também nunca havia colocado um único sorriso em seu rosto.

Boatos contavam que seus avós e seu pai haviam morrido não tão recentemente, mas que quem comparecera no funeral dos parentes, viu Callie parada com uma feição natural. Nada. Nadinha mesmo. Ela os assustava.

Mas uma coisa que podiam ter certeza, era que aquela mulher parecia uma escultura de tão venusta e deslumbrante que aparentava.

Seu rosto era marcado perfeitamente em linhas finas e delicadas, fazendo com que fosse proporcional ao seu corpo. E falando no próprio, céus, o que era aquilo?
Suas curvas não passavam despercebidas por nenhuma ser humano em que ela trocava idéias e para ajudar, suas roupas acentuavam suas esbeltas e lindas pernas bronzeadas naturalmente. Era impossível não ficar "desconfortável" com um monumento daquele em sua frente.

— Nunca irá aprender mesmo, não é, Srta. Callie? — Joey encosta a porta grande de madeira escura que separava o escritório de Torres com a recepção do décimo sétimo andar.

— Aprender o que, exatamente? — Diz retirando os óculos estreitos e lançando um olhar misterioso para Tribbiani. Digamos que ele era a segunda pessoa que tinha mais intimidade com a latina, vindo depois de Lana, sua melhor amiga desde a faculdade de administração.

— Ora, você sabe bem. Não dá nem sequer um bom dia para ninguém na empresa, Callie. Primeiro que isso é uma falta total de educação, e segundo, sabe que pode perder acionistas e outros funcionários com essa educação toda vinda da senhora. — Retruca num tom de ironia. E bom, consistia em uma total verdade. O homem com cabelos negros se senta na cadeira encapada com couro na frente da mesa de Torres.

— Ah, por favor, ambos nós sabemos que não tem nada de "bom" em um dia que acordamos sete horas da manhã para vir justamente trabalhar. Não preciso reforçar isso. — Joey revira os olhos. — Aliás falando em funcionários, tenho uma entrevista para avaliar segunda-feira. Torça para que seja uma pessoa funcional, não aguento mais ter que lidar com demissões...

— É tão assustadora que as pessoas caem fora na mesma hora que entram. — Solta um riso baixo. — Ah! Quase ia me esquecendo. Sábado será o aniversário de Chandler e faço questão que compareça.

— Sabe bem que eu não vou em festas.

— Ah! Por favorzinho, Callie. O cara está tão feliz por pelo menos ter uma festa esse ano, você tem que ir! E leve Lana também, vai ser uma boa oportunidade para conhecer pessoas diferentes... — Se levanta andando até a porta e girando a maçaneta.

— Diga "feliz aniversário" por mim e que não pude comparecer por que peguei corona vírus, é contagioso. Depois me viro com o presente. —Volta a ler uma obra um livro de Sergio Cortella com a capa amarela e uns detalhes em preto. —Resumindo, não vou, mas agradeço o convite.

— É uma grande pena que não aceito "não" como resposta. E quanto a sua doença, não se esqueça de passar álcool em gel. — Dá uma piscadela e sai da enorme sala com uma decoração moderna.

A morena respira e encosta profundamente na cadeira deixando seu livro de lado. No fundo, se incomodava e muito com as pessoas dizendo que era "mal educada" ou "fria", quando na verdade não era.
Ok, até poderia parecer que sim, mas ninguém sabia totalmente de sua vida para a julgar daquele jeito.

Depois de um dia cansativo de trabalho com papeladas e mais papeladas, Callie se deixa cair em seu sofá branco e fecha os olhos por um curto espaço de tempo.
Lana não havia chego ainda, o que era bom, um momento a sós com ela mesma. O silêncio era aconchegante, sem contar com o tic-tac do relógio de ponteiro localizado no corredor grande onde se encontravam quadros sofisticados e minimalistas, todos eles escolhidos pelas duas mulheres que habitavam aquele lugar.
Sua companheira era uma ótima pessoa para se morar junto. Como dito antes, haviam se conhecido na faculdade de administração em Nova Iorque, cidade natal de Torres, mas depois de um tempo, elas escolheram mudar para Seattle, e foi onde tudo começou a acontecer em uma onda enorme e rápida.

Como filha única, Callie sempre foi o amor de seus pais e avós, sendo totalmente apegados a eles, já que também eram a única família em que a latina tinha contato. Eles vieram do México para os Estado Unidos, então parte grande da família Torres ficou concentrada nesse outro país.

Entrou em seu quarto e ligou as luzes quentes e pequenas que ficavam encima da cama, fazendo com que um ar agradável se instalasse no dormitório. Ao olhar para seu lado direito, avistou uma foto de sua família completa, a mesma foto que sempre esteve ali desde que optou em viver naquela casa. Seus olhos queimavam a medida em que lágrimas sutis se formavam, embaçando assim a visão da latina. O sentimento vazio de não poder mais ver os três parentes próximos a consumiu.
Balançou a cabeça tentando afastar tais memórias, o que era praticamente impossível, mas ela não queria pensar naquilo agora.
A água quente de sua enorme banheira se misturava com as essências de lavanda e mais alguns hidratantes que a latina havia jogado na mesma para relaxar.

— Callie? — Seus olhos se abriram lentamente. — Venha para cama, você adormeceu na banheira! — Lana pega em seu braço, a puxa para fora da grande "ducha" e a enrola em um roupão grosso. — Cheguei e ninguém me respondeu, achei que algo havia acontecido, por isso entrei.

— Tá tudo bem, obrigada, Lana. — Ela se deita na cama observando a mulher sair e fechar a porta de seu quarto. Estava acostumada a mostrar seu corpo a Lana, o que ela tinha que a outra não tinha também!? Nunca imaginou se envolvendo emocionalmente com sua amiga, até porque Lana não fazia o tipo dela.

Torres estava tão cansada, que pegou no sono depois de uns quinze minutos deitada e pensando na vida depois que a mulher saiu do quarto, aliás, amanhã tinha muito mais trabalho a se pensar.

(N/A: Esse cap foi só uma introdução de Callie mesmo, bem rápido só para vocês se situarem ;) Me desculpem os erros.)

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