sayonara

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5:47 da manhã. Já havia passado mais de três horas em que eu estava sentado naquela cadeira de bar. Sob a companhia do silêncio e do barman, não tive coragem de olhar para outro ponto que não fosse o copo de whisky com gelo que estava à minha frente, ao lado da taça de vinho tinto. Nenhuma lágrima escorrera durante todo aquele tempo, não me sentia no direito de o fazer outra vez.

As últimas noites não foram fáceis. Não contatei ninguém desde aquele dia, alguns provavelmente me deram como morto.

Que assim seja.

[...]

"Eu sinceramente não queria ter de trabalhar com você outra vez, sabe..." Disse Chuuya.

"Não é como se eu estivesse à vontade também, chapeleiro." Dazai suspirou.

É claro que ambos estavam mentindo.

A cidade estava um caos outra vez. Todos pensaram que haviam enfim acabado com os esquemas de Fyodor, no entanto, o jogo de xadrez mostrou outra reviravolta quando o russo, em um piscar de olhos, acabou com todo o sistema de segurança máxima de uma vez e fez um Xeque. A dupla Soukoku já havia encontrado alguns cadáveres deixados como trilha, além de pessoas completamente descontroladas, como se tivessem sob efeito de alguma droga – mesmo que ao fazerem exames com a Dra. Yosano, o teste para toxinas desse negativo.

Dazai debatera algumas vezes com seu parceiro sobre a situação que, até para o maior detetive de Yokohama parecia complicada. A busca pelo inimigo já estava alcançando uma semana, mas as coisas se tornaram preocupantes quando o garoto de capa preta foi dado como desaparecido nesta mesma manhã. Pela primeira vez, Ryuunosuke Akutagawa não respondeu aos comandos, não cumpriu seu turno e não atendeu às ligações de Dazai.

Mesmo que as circunstâncias fossem delicadas, o moreno e o ruivo mantinham boas expectativas, ambos lidaram com diversos casos juntos e não tivesse nada que pudesse supera-los como dupla.

"Você sabe que Fyodor provavelmente está com ele, não sabe?" Perguntou o moreno.

"... Sim." Respondeu o ruivo, após uma breve pausa preenchida com um suspiro pesado. "Eu torço para que ele tenha ido contra nós e esteja lutando. Não consigo pensar nele como refém."

"Eu sei, tenho isso em mente também."

Ambos mantiveram suas cabeças baixas por alguns segundos, até que ouviram algo chegando de uma maneira abrupta. Quando se viraram, se surpreenderam ao darem de encontro com um homem de aparência de um e noventa de altura e os seus cem quilos partindo sobre a dupla, em um ataque mal planejado com um facão.

"Dazai!" Chuuya gritou, aproveitando da atenção voltada ao outro para desferir um chute na cabeça do homem, que pouco o abalara, mesmo que tivesse colocado um tanto de pressão gravitacional no ataque.

O homem voltou-se com tudo em direção ao mais baixo, tentando desferir, sem sucesso, um golpe com a arma, o mesmo sendo devolvido com mais uma das agressões que Nakahara já estava cansado de fazer. Quando os rostos estavam próximos o suficiente, ele levou o olhar até o do outro, notando o que já havia reparado antes em outros: pupilas pequenas, expressão vazia e sede de morte. Não fazia sentido para si algo como aquilo não ser efeitos de drogas, mas não devia esperar menos de mais um dos ataques planejados de Fyodor, este que cuidadosamente aproveitava de tudo o que voltava contra si para que virassem ao seu favor.

Com apenas mais alguns golpes, o homem que dava o dobro de Chuuya estava caído no chão desacordado, provavelmente morto. O ruivo analisou o corpo com um tanto de curiosidade por alguns momentos, então virou sua atenção para o moreno, que estava parado com os braços cruzados e o corpo encostado em um tronco de árvore – a expressão era de tédio, já que conhecia os ataques do parceiro com a palma da mão, além de ter visto cenas parecidas com aquela a semana toda.

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