Tuesday

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Mark chegou na cafeteria com um sorriso enorme, estava muito feliz por ter conhecido sua escritora favorita de perto. Por mais que tenha trocado palavras simples e olhares ele ainda sim estava muito feliz.

Johnny também estava feliz, feliz por ter seu amigo sorridente de volta. Assistiu Mark colocar o avental enquanto cantarolava alguma música, ele estava muito melhor que ontem, sem dúvida.

O mais novo caminhou até o balcão e acenou para a amiga que logo retribuiu com uma sobrancelha arqueada. O canadense suspirou enquanto direcionava seu olhar para a mesa vazia encostada na parede, queria muito que a mulher voltasse.

Ficou um pouco decepcionado consigo mesmo, queria ter pedido um autógrafo ou uma foto, mas o rapaz apenas conseguiu entrar em choque e passar vergonha na frente da escritora.

Mark saiu dos seus pensamentos ao ver que a mesa que antes olhava já estava ocupada. O garoto ficou em choque mais uma vez, seria possível isso? Lá estava ela, tão bela quanto no dia anterior. A mais velha sorriu e acenou para o rapaz que logo saiu de onde estava indo em direção a mulher.

— B-bom dia. — Mark deu seu melhor sorriso enquanto observava a outra ligar seu notebook.

— Bom dia. — Maxine observou bem o rosto do garoto, bonito e bem cuidado. — Vou querer...

— Café. — O canadense ditou sem ao menos perceber. — Sem leite. — Quando se deu conta, ao ver a feição da outra, repreendeu a si mesmo fechando os olhos com força. — Desculpe. — O garoto mordeu o lábio inferior.

— Sem problema. — Maxine riu negando com a cabeça. — Qual é o seu nome? — Max não podia negar, estava muito curiosa, passou a noite em claro pensando no garoto. Queria muito conhecer o rapaz, saber o que ele gosta de fazer, se ele pratica esportes, se faz faculdade e principalmente se já leu alguma obra sua. 

— Mark. Mark Lee. — O maior sorriu tímido. Sua inspiração, sua ídolo, seu porto seguro estava ali perguntando seu nome! — Eu... — Mark hesitou mas queria muito elogiar a mais velha, dizer que é seu fã. — Eu não quero assustar a senhora mas eu tenho que dizer que sou seu fã, tipo número um. — Mark riu baixo mas logo voltou sua atenção a outra que apenas sorria.

— Senhora? Mark Lee não me chame de senhora. — Max sentiu vontade de gargalhar mas não o faria, não queria constranger mais o rapaz. — Devemos ter a mesma idade.

— Sou dois anos mais novo. — Mark sentia suas bochechas queimarem, era a primeira vez que se sentia tímido.

— Então você é fã dos meus livros? — Max deu-se liberdade para focar em Mark, de qualquer forma não conseguiria escrever agora.

— E seu fã também. — A mais velha sorriu concordando com a cabeça. Maxine não aceitava quando as pessoas diziam ser seus fãs, eles gostam das suas obras, da sua escrita e não de si. — Gosto muito da sua pessoa. — Mark concluiu já que a outra não falará nada.

Ele não estava mentindo, não lia apenas os livros da mulher mas também tudo o que se referia a ela. E também a acompanhava em suas redes sociais, das fotos até às pequenas frases no fim do dia. Maxine é incrível, na visão de Mark.

Max apenas sorria para o garoto, de alguma forma ficou tocada com a frase. Gosta da minha pessoa, aquilo foi anotado em uma parte de sua memória. Analisou Mark mais uma vez antes de prosseguir o diálogo, ele estava nervoso, mexia as mãos e não mantinha contato visual. Analisou também seu rosto, os olhinhos redondos, os lábios rosados e se perguntou o que o garoto fazia para os deixar tão chamativos. Passou os olhos discretamente pelo corpo do rapaz, alto e forte, um belo par de pernas. Tudo ela analisava, dos dentinhos até as unhas bem feitas.

— Qual é o seu favorito? — Max finalmente disse algo, o garoto já estava entrando em colapso.

— Hellfire. — Mark sorriu. Ela devia ter adivinhado, todos amam esse livro.

Maxine recordava do dia em que começou a escrever a obra. Sua primeira obra. Havia botado sua alma ali, todo o seu ser. Era um livro forte e cheio de detalhes, muitos amavam e ela também amava.

O livro fala sobre sua casa antiga, na época em que morava na França em Annecy. Era uma casa boa, alguns diriam mansão apenas pelo fato de ser enorme. Ela era feliz com sua família, seu pai fazia poemas e era muito conhecido naquela região. Sua mãe era florista, uma mulher belíssima e doce. E havia Maxine e Lucas, os dois arteiros.

Mas não nascemos para agradar ninguém e em todos os lugares há pessoas ruins. Maxine apenas se lembra do fogo, dos seus pais gritando de dor e seu irmão a puxando para fora da casa. Também sentiu dor, dor no estômago quando foi acertada por um tiro.

Já voltou no lugar várias vezes, observou sua antiga casa em ruínas. O cheiro, o barulho, o jeito como as pessoas falam sobre o ocorrido. Era doloroso demais, sentia falta dos seus progenitores, não foi justo com eles.

— É um bom livro. — Maxine suspirou direcionando seu olhar para a tela brilhante do computador. — E o que você gosta de fazer Mark Lee? — Voltou seu olhar para Mark que apenas a olhava com carinho.

E ali, naquela manhã, descobriu tudo sobre o rapaz. Descobriu que Mark nasceu no Canadá, gostava de jogar basquete mas não praticava, só jogava por diversão. Ama cantar e dançar, estuda música para ser um famoso compositor.

Descobriu também que Mark é um rapaz sonhador e que tem dois gatinhos. Um chamado Senhor Meia Noite, o nome foi tirado de um dos seus livros, Fran Bow, e o Presidente Momo e segundo o canadense o gatinho de pelo alaranjado é o chefe da casa. A mulher se perguntou se Mark era assim por sua causa e a resposta era óbvia, Mark adorava ler pelo simples fato de poder se colocar ali. Poderia ser um matador de dragões, um príncipe, o popular do colégio, poderia ser qualquer coisa.

— A premiação vai ser nesse final de semana. — Mark comentou enquanto deixava o café em cima da mesa. — Queria muito poder ir, ver você ganhar o prêmio. — O canadense sorriu para a mulher.

— Você acha que eu vou ganhar? — Max terminou de escrever a última frase e olhou para o rapaz.

— Tenho certeza! — O mais novo ditou animado. Maxine era ótima, todos amavam seus livros e a premiação não faria sentido se a Device não ganhasse, na visão de Mark.

Maxine sorriu mais uma vez ainda observando o outro ali. Sentiu algo diferente, aquela sensação gostosinha de se sentir amada. Ela estava inspirada, escreveu bastante no período em que ficou na cafeteria. Talvez Mark a deixasse assim, desde que pode ter conhecimento sobre o rapaz ela se sentiu no direito de escrever o que queria, por mais que seja novo para ela.

Ficou mais um tempo ali até receber uma ligação de seu irmão, precisava ir. Viu Mark depositar um biquinho lindo nos lábios mas depois garantiu ao outro que voltaria no dia seguinte no mesmo horário. Saiu da cafeteria com um sorriso de orelha a orelha deixando um Mark para trás não muito diferente.

mon amour, Device /// Mark Lee Onde histórias criam vida. Descubra agora