O nome dela não era Jennifer, mas a conheci no Tinder. Darei a ela o nome de "Ivone". Olhos castanhos, boca pequena, conversa mansa e cheia de meiguices. Até que eu tava curtindo aquela doçura.
Depois de alguns dias conversando, decidimos marcar nosso encontro, bem clichê: Shopping, McDonalds, Cinema. Nos encontramos no metrô, ela visivelmente travada de timidez, mas aquilo até que ficava bonito nela. Fisicamente era mais interessante do que as fotos mostravam. Enfim, nem lembro qual filme assistimos, quando acabou, ela me disse com um ar de sentença:
"Você sabe que não vai ter nada a mais hoje, né?" - Me olhando firme, com um sorriso arrancado do quadro da Monalisa.
"Seu desejo é uma ordem." - Falei fazendo gesto de continência pra arrancar uma risada dela e disfarçar minha sensação de que não a agradei.
Saímos de lá e como ela disse que não haveria nada a mais, mas não falou o que seria esse "a mais", antes de chegar na avenida principal, peguei a mão dela e fiquei frente a frente. Foi automático! Beijos, amassos, mãos que percorriam onde a vontade alcançava. "Vamos parar" ela disse ofegante me empurrando. Mas meio segundo depois ela me agarrou de novo.
"Quer saber? Foda-se, quero dar pra você, onde tem um motel aqui?"
Surpreso e provavelmente com uma cara mais idiota que de costume, fiz o guia turístico dela e 20 minutos depois, estávamos dentro de uma suíte.
Não entrarei em detalhes a lá Sylvia Day, mas de repente aquela menina meiga mudou. Eu tava de pé perto da cabeceira, ela de 4 na cama, começou:"Miaauuuuuu, miauuuuuuuu, vem pegar sua gatinha, vem"
Mano, ela miava e arranhava o lençol, o que tá acontecendo? Ela me puxou, veio com aquelas 10 facas em forma de unha e me atacou sem dó. Eu fiquei naquelas de: "Se eu falar alguma coisa e estragar o clima? Porque sei lá... Eu tô sangrando!!!"
Pra resumir o papo. Na manhã seguinte, acordou plena, com aquela mesma timidez e voz mansa de antes, eu estraçalhado como alguém que sobreviveu a uma briga com o Volverine, Freddie Krugger ou Jiraiya, olhando pra ela se arrumando, cantarolando uma música que eu não consegui identificar.
Ainda não consigo esquecer a cara da minha mãe quando me viu sem camisa andando em casa, dizendo que esse povo do Tinder é tudo pervertido.
Da próxima vez eu levo Whiskas, quem sabe ela fica mais mansa...
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A mulher gato
Short StoryUm encontro animal com uma garota que eu conheci no Tinder...