Sub-Capítulo 3 - Como fugir de um Ensino Médio de Mortos (parte 3)

165 11 6
                                    

Num impulso, que misturava susto e medo, puxei com velocidade o braço de Verônica, que veio de uma vez pra cima de mim. No instante seguinte, as caixas enormes caíram com estrondo sobre a figura de boca e braços abertos à nossa frente, chamando a atenção de todos.

               As batidas na porta de metal atrás de nós intensificaram-se imediatamente, enquanto a forma vestida num avental branco erguia-se à nossa frente. Ficamos imóveis, pálidos e mudos.

               Droga! Ao focarmos nossos pensamentos (eu nem tanto) em sair daqui, nos esquecemos de verificar o ambiente.

               E eu conhecia aquela forma feminina.

               - Dona Mônica! Até você?! – Exclamou Vítor, surpreso e triste.

               Dona Mônica era a merendeira da escola. Uma mulher que costumava estar sempre de bom humor, alegre e sorridente. Era triste vê-la naquelas condições. Fora que... a comida dela era maravilhosa!

               - Era ela a melhor merendeira da escola... – Disse Matheus, também com um olhar triste.

               - Era! – Respondeu Vítor com uma faca de talhante na mão – Agora, infelizmente... ela é nossa inimiga! – respondeu com pesada determinação.

               - Nossa... Como pode falar assim? – Perguntou Matheus, num tom de reprovação e uma expressão chocada – Aliás... Aonde você conseguiu essa faca?

               - Na gaveta bem ao seu lado.

               Matheus abriu a gaveta mais próxima:

               - Tem trezentas dessas por aqui! – disse, arregalando os olhos – De todos os tamanhos!

               Dona Mônica olhava ameaçadoramente para nós e ia alternando cada vez que um falava alguma coisa. Depois correu na direção de Matheus, que era o mais próximo.

               - Saia daí! – Gritei.

               O menino evadiu, e Dona Mônica acertou a bancada, fechando a gaveta. Depois se virou para nós e começou a rosnar.

               - Ai, meu Deus! – Disse Matheus em pânico ao encarar aqueles olhos estrábicos olhando para si.

               Dona Mônica avançou mordendo o ar e grunhindo sons incompreensíveis. Antes que pudesse alcançar o menino, Vanessa apareceu em sua frente, empunhando duas facas (também enormes) e esfaqueando diversas vezes a merendeira dos mortos.

               - Isso! Acaba com essa Dona Morta Mônica! – Disse Vítor cheio de entusiasmo.

               Emi apressou-se e tirou Matheus da zona de perigo enquanto Vanessa distraía dona Mônica.

               - Vanessa, cuidado com o sangue! Não deixe que atinja seu rosto e cuidado com machucados que ainda não cicatrizaram! – advertiu Matheus.

               Olhei ao redor. Com minhas habilidades, não havia anda que eu pudesse fazer para ajudar. A não ser...

               Peguei Verônica e a ajudei a subir na bancada enquanto  falava para os outros:

               - Nathália, Vítor, Matheus, subam nas bancadas!

               Eles apenas olharam para mim, mas quando Vanessa chutou Dona Mônica para perto de Nathália e Matheus (que fora levado por Emi até ali já que, segundos antes era um "local seguro") eles subiram rapidinho.

ApocalipZe [Primeira versão]Onde histórias criam vida. Descubra agora