Conhecendo Frederick - 01

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Mais uma noite de quarta-feira em que fico esparramado no sofá vendo mais um capítulo reprisado de Cold Case. Isso teoricamente. Na prática, eu continuava espiando a minha vizinha. E esse é apenas um dos disfarces que eu tinha para aquela prazerosa missão. Outro deles era forjar uma faxina em meu apartamento, esse era ótimo, me permitia bastante mobilidade e capacidade de locomoção. Que palhaçada. Na verdade, eu sou um homem bem  resolvido, morador de uma das cidades mais cobiçadas do mundo, consequentemente, não arrumo meu apartamento coisa nenhuma.
 Exceto  em situações como essa. Só mesmo por uma mulher como essa. Acredite em mim, essa mulher é uma sacanagem.  
 
Considero-me  um cara de sorte por ser vizinho dela. Mesmo não sendo tão vizinho dela assim, porque não moramos no mesmo edifício. Não posso ficar criando expectativas de que um belo dia ela irá bater na minha porta pedindo uma xícara de açúcar, porque isso não vai acontecer. Mas tenho a janela da sala de estar estrategicamente posicionada na frente do quarto dela.  E isso só pode ser considerado sorte. Deus abençoe Nova York e seus apartamentos justapostos. Contudo, o destino não foi tão generoso assim. E ainda não cruzou nossos caminhos. Eu tenho esperanças de que um dia, depois de tanto tempo de adoração, eu a encontre na rua,  de igual para igual. E não de deusa para bisbilhoteiro. Que era o caso agora.

Mas eu não sou um homem de lamentações, sabem? E fora isso, eu tenho muito que contar a vocês sobre ela. Bem, eu não sei como ela se chama, sei que tem algo a ver com Lu, já ouvi algumas pessoas chamá-la assim e ela  atender com extrema simpatia, outras vezes com não tanta simpatia assim. Não sei sua idade, não me perguntem, pois sou péssimo em estimativas. Mas sei que ela tem a idade ideal para mim, caso ela estiver  interessada. Tampouco sei  sua altura já que só a vejo da cintura pra cima. Salvo as raras vezes que ela sobe na cama – para procurar um sapato ou simplesmente pular – aí eu posso ter a magnífica visão de suas pernas bem torneadas.

Não tenho muitos dados técnicos sobre ela, se é isso que vocês querem saber. Minha especialidade é mais no lado físico. E  asseguro que é bem interessante. Muitas vezes já fui prestigiado com a visão dela nua bem ali na minha frente – com uns dois ou três metros de distância, é claro – mas ainda assim, bem ao alcance de meus olhos. É encantadora, devo dizer, que fico ansioso por conseguir vê-la saindo do banho  novamente. Não que eu seja um psicopata, nem nada do tipo. Só gosto de apreciar a beleza feminina, e, além do mais, são longos anos que minha janela da sala está de frente pro quarto dela. Porque é óbvio, eu não teria como mudar  a janela de lugar nem se eu quisesse. Mas mesmo que quisesse, meu apartamento é alugado.  

***

Tudo começou num belo dia... Não tão belo assim, afinal, isso não  é um conto de fadas. Sejamos francos,  o dia foi horrível e continuava horrível com uma chuva  infernal e uma recente falta de luz no  quarteirão. Estava um tédio. Quando uma voz me  chamou a atenção... Ela canta muito mal, sabem? E berrava “I'm not a girl not yet a woman”.  Talvez tenha sido por isso que me chamou a atenção, é provável que tenha me incomodado. Mas logo da primeira vez que me aproximei da janela e a vi, e me agradou.

Claro, ela continuava cantando como uma gralha e fazendo uma interpretação ridícula cheia de entusiasmo. Mas me encantou, ainda parecia ridícula, mas também espontânea.

A partir daí, comecei a vigiá-la e desde então a vi fazendo os mais variados tipos de atividades. Desde gargalhar satisfeita por ter  conseguido um namorado, até chorar infeliz por ter sido traída por outro. Ou pelo mesmo, na verdade não me importa. Passando por momentos mais amenos  como coreografias não muito bem sucedidas das Girls Aloud, poemas de Byron sendo declamados com fervor, conversas entusiasmadas no telefone com amigas de sua cidade natal. 

Sem deixar de mencionar as montanhas de comidas japonesas, centenas de chocolates After Eight para curar dores  do coração. Dores de cabeça, ou melhor, berros de: "Ai que dor de cabeça!" enquanto procurava a roupa perfeita. E os esperados pós-banhos, que eram destinados a  arrumação da roupa perfeita, e ao meu deleite, é claro.

Vocês podem ouvir certa animação, quase como coros de aleluia quando eu digo isso? Porque, sinceramente, eu posso.
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Pra quem não conhece o "Pela Janela Indiscreta" é um romance que foi publicado em Maio de 2014 pela editora Com-Arte. Deixei aqui o primeiro capítulo pros curiosos que ainda não conheciam e os que queriam conhecer um pouquinho. Espero que gostem! E também espero que se gostarem, me contem! 
O livro está nos últimos exemplares da tiragem, então, se alguém quiser corre pra comigo que eu reservo um. Ou por aqui ou pela página no Facebook ( https://www.facebook.com/pelajanelaindiscreta ). Ah! E quem puder/quiser adicionar o "Pela Janela Indiscreta" no SKOOB ( http://www.skoob.com.br/livro/383617-pela-janela-indicreta ) eu serei eternamente grata. Por fim, sendo redundante, espero que gostem <3 

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⏰ Laatst bijgewerkt: Jan 04, 2015 ⏰

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