Quarto Capítulo

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Dias atuais.

-Marquei com o medico sua consulta para amanha.

- Mãe, já te falei que não quero falar com medico nenhum!

Explicar para minha mãe o trauma adquirido na ala de quimioterapia não adiantava nada, ela não entendia de jeito nenhum o porque que eu não queria passar por todo aquele processo desgastante de me tratar sendo que possivelmente em pouco tempo o câncer voltaria e eu iria reiniciar tudo novamente.

- Pra mim você pode falar o quanto quiser esta marcada, você vai nem que seja amarrada! É o melhor medico oncologista da cidade. Seus tratamentos são muito pouco evasivos e logo você estará curada!

Esse era o ponto, o grande porem. Eu não queria cura, eu queria morrer o mais rápido possível.

- E tem mais...

Esse mais e de matar qualquer um. Significava que ela tinha feito algo grande pelas minhas costas e estava só esperando pra soltar a bomba.

- O que a senhora fez?


Deus queira que nada de mais.

- Falei com o advogado! Ele disse que se você entrar com o pedido de divorcio em cima da traição.

O DIVORCIO mesmo com raiva e indignação eu ainda esperava que Roger aparecesse na minha porta me pedindo perdão, e assumisse seus erros. Mas já fazia três meses e ele não me procurou nem uma vez. Nem pra buscar suas coisas. Mas continuava a ir trabalhar todos os dias na empresa. Saber que ele continuava sua vida enquanto eu estava nem pra ir a esquina me deixava com ainda mais raiva.

- Advogado mãe, pra que?

- Pra que? Aquele idiota esta com aquela loira de farmácia como se nada tivesse acontecido levando ela pra cima e pra baixo, bancando a família feliz, e você aqui chorando as pitangas, vamos hoje depois do salão!

Ela parou pra tomar folego e isso era mal, muito mal.

-Bem agora vá se trocar, temos hora marcada no salão.

Depois de alguns minutos de discussão ela me venceu e eu fui me trocar. Já dentro do quarto a aflição me atingiu depois de dias me negando a isso e dormindo na sala eu fui obrigada a me olhar no espelho, mal me reconheci. A mulher a minha frente. Estava magra e o cabelo desbotado agora era amarelo e as olheiras chamavam atenção mais que meus olhos azuis, eu estava mal. Apoiei minha cabeça no espelho, como fui tão cega? Como deixei as coisas chegarem a esse ponto? O obvio que sabia que Roger não era nenhum santo, mas como não percebi o que estava na minha cara. Fui tola e fiz papel de trouxa.
Nem percebi quando comecei a chorar, so reparei quando os braços da minha mãe me envolveram.

- Tudo isso vai passar, você vai ver, tudo isso vai passar...




***

-Ruiva!

Falei para o cabelereiro logo atrás da minha cadeira. Segurando meus cabelos.

-Olha querida, sou cabelereiro não santo milagreiro! Vou fazer o que posso.

Se eu ficasse careca durante o procedimento seria o de menos, se eu iniciasse o tratamento iria perder os cabelos de qualquer forma.


Ficamos cerca de quatro horas no salão entre hidratação e unha só não fiz depilação, afinal fiz isso nos últimos quatro anos sem uso nenhum.




-E então quando sai o papel do divorcio?

O advogado a minha frente estava serio e parecia preocupado.

A ultima esperança      (Em Breve)Where stories live. Discover now