Ártemis tinha razão

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Corro até eles, sentindo aquela euforia e poder se extinguindo lentamente.

_Como vocês...? O que...? Vocês tão bem? _as perguntas eram tantas que eu não conseguia me decidir

Bufo de raiva e ergo Reyna com os dois braços, a segurando pela cintura. Passo a mão dela por cima do meu ombro e faço ela se apoiar em mim.

Foi aí que eu percebi: Melinoe tinha pegado leve comigo.

A sala estava tão fria, que eu não duvidava que estivesse abaixo de zero. As algemas estavam muito apertadas em Reyna, os pulsos dela sangravam depois de tanto se mexer e tentar escapar. Ela estava sem a pochete e todas as armas dela. A garota tremia da cabeca aos pés, seus olhos estavam entreabertos e sua pele estava pálida, juntamente com seus lábios, que estavam roxos.

_Calma, Reyna. Vai ficar tudo bem._ergo a mão e uma chama aparece nela, a chama vai dançando até Reyna, que se encolhe diante dela_Calma, Reyna, não tenha medo do fogo.

Ela se acalma e me abraça, se sentando no chão e se aconchegando perto da chama.

Uma lágrima solitária cai pelo meu rosto.

Aquela não era a Reyna que eu conhecia. Não era a pretora romana super forte e poderosa que eu conhecia. Era outra parte dela, uma parte sensível e com medo.

Enxugo a lágrima e olho pro Nico. Ele estava desmaiado, com uma atadura em uma parte da cabeça, aparentemente tinha sido nocauteado naquela parte, e aparentemente tinha sido fundo, pois estava sujo de sangue.

Olho com raiva pra cima.

_A culpa é sua! Se você não tivesse me arrastado para esse mundo, eu não estaria passando por isso. Eles não estariam passando por isso! A culpa é sua, Poseidon! Sua!

Caio de joelhos no chão e começo a chorar incessantemente, nem se dando ao trabalho de enxugar as lágrimas que escorriam sem parar pelo meu rosto.

E pela primeira vez na vida, não me importei em parecer forte ou esconder a dor. Eu simplesmente desabei. Uma coisa que eu devia ter feito a bastante tempo.

"Me desculpe, eu sei que errei. Acho que não posso levar o título de melhor pai do mundo."

Ouço com bastante atenção a voz, a que eu tanto odiava e tanto mentia sobre odiar.

Me levanto firme.

Eu não podia ficar chorando e me lamentando quando os meus amigos estavam prestes a morrer!

_Melinoe! _grito olhando para o céu_Você prometeu! Você jurou pelo Rio Estige!

Uma trovoada é ouvida a distância, como uma concordância.

As algemas que prendiam Nico e Reyna se soltaram, a temperatura esquentou e o garoto acordou.

_Ãh...o que...?

_Calma, tá tudo bem._seguro o braço dele e o ajudo a se sentar

_O que aconteceu? _Reyna abre a pochete, que tinha aparecido do nada

_Bem...

Conto a eles tudo que tinha acontecido: a luta contra Melinoe, e o que eu tinha feito até pouco tempo.

_Você não falou isso pro seu pai! _Reyna olha reprovadora pra mim

_Falei! E não me arrependo!

Nico dá um sorriso de canto de boca, provavelmente já tinha feito aquilo com seu pai.

_Vamos embora. _me levanto

Reyna sorri e se levanta também.

_Tem certeza que é grega? Daria uma ótima pretora.

_Obrigada. Mas eu acho que sou grega, sim. O deus fajuto deixou isso bem claro._suspiro

É um pouco difícil falar da minha relação com o meu pai. Eu falava que odiava ele e que não era meu pai, mas no fundo eu sabia que era mentira. Eu gostava dele, do meu jeito, mas gostava.

Eu sei que ele não tinha culpa de eu ser uma semideusa, mas era um pouco difícil falar que ele era meu pai e que eu amava ele se ele nunca compareceu, nem na minha cerimônia de Guardiã ele apareceu, então é difícil.

No fundo, eu sabia que Ártemis tinha razão, eu só queria que ele se orgulhasse de mim.

Mayara Focus- A Filha do MarOnde histórias criam vida. Descubra agora