GUARDIÃ

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O amor brinca de insuspeito pássaro azul

nas penumbras da primavera

salpica seu mavioso chilrear de ave néscia

na tez pálida e raquítica dos órgãos hibernais

e suscita uma tenra chama aventureira

em terras perfumadas pela desesperança.


A falta de fé é um orifício nas pupilas

nos semblantes há pele e peleja selvagem

de quem imolou sua vida no fio cego de uma faca

na ruptura dos amanhãs clandestinos que o destino forjou

a crença subalterna de que a liberdade existe

em tons derradeiros, a utopia dilatada.


Quem proclamou a razão como mediadora

teve sua face esfacelada, seu espelho trincado

viu em seus supersticiosos sete anos de azar

a eternidade meditando sobre seus ossos

o horizonte dissipando perante seus olhos

e debruçados sobre o chão uma profusão de sensações

onde a inocência com seus pudores

guardava um caminho sutil à nave subterrânea.


Quem inventou a inocência moldou a felicidade

quisera eu reinventá-la em jardins de cerâmica

remoldá-la em trajes de banho

mas sou desengonçado com pétalas e amo as geladeiras.

ByfurcadoOnde histórias criam vida. Descubra agora