SEOUL08 | jikook

SERENDIPITY

 "Nós florescemos até nós sofrermos, talvez seja uma providência do universo. Tinha que ser assim, você sabe, eu sei. Você sou eu, e eu sou você." Serendipity, BTS

#seoul08

Finalmente conseguiu levantar da cama do hotel. As luzes do nascer da manhã iluminam sua cama, onde dormiu sem nem sequer dar o trabalho de tirar a coberta. Da mesma forma que Jimin chegou, ele dormiu. Agora, observava sobre o reque, a comida que pediu.

Pouca coisa, nãos sente fome. Está frio, resolveu pegar o carro e sair de Gangnam rapidamente, chegando em Dobong—gu, outro distrito se Seul, do outro lado do rio. Longe, em um bairro mais isolado, onde um hotel bonito e antigo o acolheu no meio da madrugada.

Pobre porteiro, se assustou ao ver um cliente bater na porta tão tarde. Abriu os potes, sentiu o cheiro do tempero e da massa de peixe. Começou a comer devagar, pensativo, com o cotovelo apoiado na bancada.

Não quer voltar tão cedo, não pode. Não consegue sequer atender o telefone. Pediu afastamento do setor, suas férias que foram adiadas por dois anos, dois meses.

As férias que planejou ter com Jungkook. Ah, só de lembrar do moreno sua vontade de chorar volta. Ainda mastigando o ramen, sentiu a saliva acumular na boca, a comida perder o gosto e as lágrimas voltarem a escorrer pelo seu rosto e cair no seu colo.

Pensou em ir até Chan-mi para tirar satisfação, mas a mulher está em Busan, e doente, a visão de fazê-la passar mal passou por sua cabeça.

Terminou de comer o máximo que deu, caminhou até o banheiro e tirou suas roupas para tomar um banho frio. Não sabe ao certo quanto tempo ficou ali debaixo, mas só saiu quando não conseguia aguentar os pés enrugados no piso.

Abriu sua mala, tirando da mesma um conjunto moletom para se aquecer do inverno, vendo que seu celular estava ligado dentro da mesma. Ao segurar para desligar, viu ali, por trás da tela trincada, dezenas de ligações perdidas de Seokjin e Jungkook.

Desligou o aparelho e enfiou no fundo, atrás das roupas. Vestiu o moletom e abriu a janela do quarto, se sentando em um banco a frente da mesma, observando o quintal do hotel. Composto por um jardim grande, com bancos e cadeiras de madeira, se não fosse pelo inverno, estaria bem colorido e bonito.

— O inverno... sempre tão cruel — deixou escapar e desejou um café quente.

Café quente, sem açúcar, e forte. O mesmo que ele sempre toma quando está ao lado de Jungkook, que feito uma criança que adora doce, sempre toma o seu com muito açúcar e leite.

Doce como o rapaz sempre foi com ele.

"Eu fui obrigado a mentir" se lembrou de Jungkook dizendo aos prantos. Mas ele é um adulto, porque alguém obrigaria algo, e como? Porque ele aceitaria isso?

Jimin resolveu então, descer ao lobby e buscar o que queria. Café. E depois de tanto tempo, tomar sozinho.

🚨

Em Gangnam, sentado no terraço da delegacia, Jungkook tomava o seu café com leite, fungando baixinho um choro que vire e mexe volta. Quando finalmente se declarou, quando achou que teria uma vida normal, amando o homem que sempre desejou, a bomba explodiu. Como o balão de sangue na sala, estragando tudo, sujando cada momento com impureza.